Inteligência artificial nas eleições: especialista alerta para riscos e desafios

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O uso da inteligência artificial (IA) nas eleições é um tema que vem ganhando cada vez mais atenção, à medida que a tecnologia se torna mais acessível e sofisticada.

Em entrevista ao programa Nossa Voz, o professor Wanderley Gondim, especialista em tecnologia, alertou para os riscos do uso indevido da IA na política, como a disseminação de desinformação e a manipulação de eleitores.”O uso da IA nas eleições é uma realidade, e vem ganhando cada vez mais importância”, disse Gondim.

Em relação aos candidatos que estão investindo em ferramentas de impulsionamento de conteúdo e criação de bots para gerar comentários automáticos, Wanderley contou que isso é ruim para as eleições.

“Já passou da hora da gente discutir sobre os danos causados, isso afeta as pessoas diretamente. Os candidatos, eles têm que ter direito a ter uma eleição limpa e dar oportunidade a todos de concorrerem livremente. Acho que já demorou muito a discussão. Tem uma proposta de regulamentação das redes sociais de regulamentar o uso da da Inteligência Artificial, que é o que vai ocorrer amanhã na audiência pública, mas eu acho que é um caminho longo que vai ser percorrido, mas acho que a sociedade precisa debater sobre isso”, enfatizou. 

Gondim lembrou que a IA já foi usada em eleições anteriores, como a da Argentina em 2023, quando um vídeo manipulado de um candidato à presidência foi divulgado nas redes sociais e contribuído para sua derrota.

“Na eleição da Argentina em 2023, um vídeo manipulado de um candidato à presidência foi divulgado nas redes sociais e o que pode ter contribuído para sua derrota.  Não se se isso foi determinamente para a derrota dele, mas o vídeo saiu ele consumindo drogas e dizendo que fazia parte do cartel da Colômbia. Esse é um exemplo dos riscos do uso indevido da IA nas eleições”, exemplificou. 

O professor também destacou os desafios de se regular o uso da IA nas eleições.

“A IA é uma tecnologia em constante evolução, o que dificulta a criação de leis que possam acompanhar seu desenvolvimento. Além disso, a fiscalização do uso da IA nas eleições é uma tarefa complexa, que exige recursos e expertise.”

Para Gondim, a melhor forma de combater o uso indevido da IA nas eleições é a conscientização da população.

“Os eleitores precisam ser críticos ao conteúdo que circula nas redes sociais e desconfie de informações que sejam muito sensacionalistas ou que pareçam improváveis. São imagens que são colocadas, como se tornar um milionário da noite para o dia, então há interesse gigante nisso, há uma dificuldade em combater por conta dos interesses também. O que quero chamar atenção é que brasileiro usam muitas redes sociais e usam de forma equivocada, por isso, os problemas no Brasil são maiores”, disse Gondim.

Além disso, Gondim defendeu a criação de canais de denúncia para que os eleitores possam reportar o uso indevido da IA nas eleições.

“A união da sociedade civil e dos órgãos de fiscalização pode contribuir para reduzir os riscos do uso da IA na política”, disse Gondim.