Petrolina experimentou um inverno atípico em 2024, com temperaturas que atingiram níveis recordes, tanto para o frio quanto para o calor. Segundo o meteorologista Mário Miranda, doutor em Meteorologia pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), as mudanças climáticas estão trazendo um “novo normal” para a meteorologia, com extremos de temperatura, acúmulo de água, queimadas e chuvas excessivas se tornando cada vez mais comuns.
Entre 1º de junho e até o momento, Petrolina registrou a temperatura mais baixa dos últimos 20 anos, quando, no dia 21 de julho, os termômetros marcaram 13,2 graus. Na mesma madrugada, na Fazenda Timbaúba, a estação meteorológica automática da Embrapa registrou 12,2 graus. “Nos registros de Petrolina, essa é a temperatura mais baixa que temos. A estação mecânica de Petrolina tem 83 anos, mas, nos últimos 20 anos, essa foi a menor temperatura registrada”, explicou Mário Miranda.
O meteorologista destacou a importância do vapor d’água na variação das temperaturas. “O vapor d’água é um fator extremamente importante. Quando há pouca umidade, especialmente nos meses de setembro e outubro, sentimos desconfortos como dor de cabeça e resfriados devido ao ar seco. Isso acontece porque o vapor d’água atua como regulador térmico na atmosfera”, afirmou.
Além das baixas temperaturas, o inverno deste ano também registrou picos de calor. No dia 12 de agosto, Petrolina atingiu 36,1 graus, a segunda maior temperatura do ano, mesmo em pleno inverno. “Isso mostra como as mudanças climáticas estão influenciando nossa região. Em um único dia, tivemos a menor temperatura pela manhã e a maior à tarde. Esse contraste extremo é resultado da atuação do sol, que controla tudo isso”, explicou Miranda.
A variação de temperaturas entre diferentes pontos da cidade também foi abordada pelo meteorologista, que destacou a importância da arborização para mitigar esses efeitos. “A diferença de temperatura entre áreas arborizadas e asfaltadas pode ser significativa. Na Praça da Sementeira, por exemplo, o gramado apresentava 26 graus, enquanto o asfalto marcava 50 graus. Precisamos sombrear mais nossas cidades para reduzir essas variações extremas de temperatura”, alertou.
Mário Miranda ressaltou que as mudanças climáticas tendem a intensificar esses extremos nos próximos anos. “As pesquisas apontam que esses eventos extremos, como ondas de frio e calor, serão cada vez mais frequentes. Estamos observando um novo normal para a meteorologia em nossa região, e precisamos nos preparar para lidar com esses desafios”, concluiu.