O prefeito do Recife, João Campos (PSB), foi reeleito em primeiro turno neste domingo (6). Ele é o terceiro prefeito da história da cidade a ser reeleito. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por volta das 18h35, Campos estava matematicamente reeleito, com 71,76% das seções totalizadas. A apuração ainda está em andamento.
João Campos bateu um recorde na cidade: é a primeira vez que um prefeito eleito recebe mais de 600 mil votos.
João Campos é o terceiro prefeito reeleito na história do Recife. O primeiro foi João Paulo (PT), em 2004. Em 2016, Geraldo Julio (PSB) também conseguiu a reeleição. Apenas Roberto Magalhães (à época, no PFL), tentou e não conseguiu ser reeleito, em 2000.
Na chapa de João Campos, o Recife elegeu também Victor Marques (PCdoB) como vice-prefeito. Chefe de gabinete do prefeito no primeiro mandato, Victor é estreante nas urnas e amigo pessoal de Campos.
Sua filiação a um partido político foi feita perto do fim do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral após uma longa disputa, nos bastidores, pelo posto. O PT, partido aliado de João Campos, pleiteou a vaga.
Quarto mandato consecutivo do PSB
A reeleição de João Campos amplia a hegemonia do PSB no Recife e atinge um ineditismo: quatro mandatos eleitos de maneira consecutiva na cidade. Antes de Campos, Geraldo Julio (PSB) foi eleito em 2012 e reeleito em 2016. Antes disso, o melhor desempenho era do PT, que tinha vencido três eleições seguidas com João Paulo (2000 e 2004) e João da Costa (2008).
Contabilizando a eleição de Jarbas Vasconcelos para a prefeitura em 1985 pelo PSB, o partido tem o maior número de vitórias na capital pernambucana após a redemocratização: cinco vezes. Antes do período da ditadura militar (1964-1985), o PSB também venceu as eleições municipais do Recife com Pelópidas da Silveira, duas vezes, em 1955 e 1963.
Perfil
Prefeito do Recife desde janeiro de 2021, João Campos tem 30 anos e é engenheiro civil. É filho do ex-governador Eduardo Campos e neto do também ex-governador Miguel Arraes, ambos já falecidos. Entrou na política como chefe de gabinete do ex-governador Paulo Câmara (sem partido), em 2016.
Em 2018, se elegeu deputado federal com votação recorde de mais de 460 mil votos. Deixou o mandato após dois anos para assumir a prefeitura. Quando assumiu, aos 27 anos, se tornou o mais jovem prefeito de uma capital brasileira.
A Frente Popular do Recife, da qual João Campos foi candidato à reeleição, é liderada pelo PSB e tem o apoio da federação composta pelo PT, PCdoB e PV e dos partidos União Brasil, Republicanos, MDB, Solidariedade, Avante, Democracia Cristã, Agir e PMB.
Campanha
A eleição de 2024 entra para a história como a menos acirrada do Recife após a redemocratização. O favoritismo do prefeito João Campos marcou a campanha e foi sentido ainda nas primeiras pesquisas. O candidato ficou acima dos 70% das intenções de voto em todos os levantamentos do Datafolha e do Quaest divulgados pela TV Globo a partir de julho.
Com o início oficial da campanha eleitoral, em 16 de agosto, o cenário não foi alterado e o prefeito manteve a dianteira nas pesquisas que não indicaram, em nenhum momento, possibilidade de um 2º turno.
A propaganda eleitoral no rádio e TV, a partir de 30 de agosto, subiu o tom das críticas à gestão municipal por parte dos candidatos da oposição. O primeiro embate da campanha girou em torno da discussão sobre o déficit habitacional, levantada por Daniel Coelho. A Frente Popular de Pernambuco, coligação de Campos, entrou com ações na Justiça Eleitoral.
A maior polêmica, contudo, foi em torno da gestão das creches conveniadas pela prefeitura do Recife. Gilson Machado denunciou o que chamou de “máfia das creches”. Após ações judiciais do PSB, o candidato teve o guia eleitoral suspenso em, pelo menos, quatro oportunidades, chegando a perder 293 inserções e 38 minutos no guia eleitoral para João Campos, que conquistou direitos de resposta.
A eleição de 2024 teve, ao todo, três debates no Recife. O primeiro deles, na Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), na Zona Oeste, não contou com a presença de João Campos, que faltou. Na última semana da eleição, houve debate com os cinco candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional, na TV Jornal e na TV Globo, que fez o último encontro do pleito.
Nas ruas, a campanha teve como uma das principais marcas os windbanners, cavaletes feitos com tecido e com uma estrutura semelhante a birutas, comuns em postos de combustível. João Campos chamou atenção ao lançar “santinhos colecionáveis”. Nas redes sociais, a mistura de ritmos marcou os jingles divulgados pelos candidatos.
Propostas
Durante as eleições, o prefeito João Campos propôs a triplicação de vagas na rede de creches do Recife. Ele também prometeu entregar cinco complexos educacionais para expandir a rede de ensino integral.
Na saúde, o prefeito disse que vai construir um centro de diagnóstico por imagem no Centro do Recife com capacidade de realizar 350 mil exames por ano. Na área da segurança, João Campos prometeu que vai armar o Grupo Tático Operacional (GTO) da Guarda Municipal e que vai equipá-lo com câmeras corporais.
O prefeito prometeu ainda, durante a campanha, a construção de um parque no bairro do Ibura, além da duplicação da ladeira da Cohab, ambos na zona sul. Como medida para o enfrentamento à crise climática, o gestor prometeu a criação de parques alagáveis nas margens dos rios, para que a água seja absorvida por essas estruturas, evitando enchentes, começando pelo rio Tejipió.
Entre outras promessas de campanha do PSB, estão ainda a construção de uma nova ponte, conectando os bairros do Cordeiro, na Zona Oeste, ao de Casa Forte, na Zona Norte. João Campos disse também que pretende perdoar dívidas de imóveis vinculados a uma nova atividade na edificação, além de ampliar em seis vezes o número de postes de iluminação pública na orla de Boa Viagem, na Zona Sul da cidade.
Fonte: G1 Pernambuco