Juazeiro discute retorno da Zona Azul e cobra ajustes em obra da Travessia Urbana

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A cidade de Juazeiro tem vivido debates intensos em torno de dois temas que impactam diretamente a vida da população e o setor comercial: a possível retomada do sistema de estacionamento rotativo Zona Azul e as obras da Travessia Urbana. A Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Juazeiro (ACIAJ) tem assumido papel de articulação nesses assuntos, reunindo empresários e a sociedade civil para apresentar propostas à gestão municipal.

Em entrevista, o presidente da entidade, George Falcão, destacou que o estacionamento rotativo é visto como medida necessária para garantir a rotatividade no centro da cidade e evitar a perda de consumidores para outros polos comerciais.

“A gente tem recebido muitos questionamentos da população, principalmente de quem busca o comércio de Juazeiro e não encontra vaga para estacionar. Muitas vezes, esse cliente desiste e vai para outras regiões. O fato é que a Zona Azul é necessária, mas precisa vir em um modelo mais democrático, diferente do que já existiu no passado”, afirmou Falcão.

Segundo ele, a associação já realizou reuniões com empresários do centro e pretende apresentar, ainda neste mês, uma proposta que deve ser debatida com a prefeitura. Entre as sugestões, está a possibilidade de municipalizar o sistema, garantindo que parte da arrecadação seja revertida em melhorias, como a reativação de câmeras de segurança na área comercial.

“A notícia que se tinha é que a empresa arrecadava e sobrava um valor ínfimo para a prefeitura. Se houvesse uma gestão municipalizada, poderíamos usar os recursos para investir em segurança e no próprio comércio”, ressaltou o presidente da ACIAJ.

Outro ponto em discussão é a definição das tarifas e possíveis isenções. De acordo com Falcão, esse cálculo será apresentado pela prefeitura, levando em conta a quantidade de vagas disponíveis e a viabilidade econômica do modelo.

Travessia Urbana: comércio cobra acessos e teme atraso

Além da Zona Azul, os empresários de Juazeiro também acompanham com preocupação a execução da obra da Travessia Urbana. O projeto, que deveria estar concluído até julho de 2026, já acumula críticas pela falta de acessos adequados às lojas e pela queda no faturamento de empresas localizadas às margens da BR-407 e BR-235.

“Temos relatos de empresas que perderam 60% a 70% do faturamento, algumas até fecharam as portas. O consumidor não consegue acessar os estabelecimentos, e isso gera um impacto enorme na economia local”, explicou George Falcão.

Uma comitiva da ACIAJ, junto com representantes da CDL e engenheiros da Univasf, esteve em Brasília no mês passado para cobrar ajustes diretamente do DNIT Nacional. Entre as reivindicações, estão a criação de retornos, instalação de semáforos, ciclovias e melhorias de iluminação.

“É uma obra de grande impacto no coração comercial da cidade. O que temos hoje é quase um muro dividindo Juazeiro. Precisamos de mais clareza no projeto e de um suporte técnico que traduza essas intervenções para a população e os comerciantes. Sem isso, fica difícil acompanhar”, criticou.

Apesar do cronograma oficial, Falcão demonstrou ceticismo quanto ao prazo de entrega da obra.

“Eu acredito que esse prazo de julho de 2026 não será cumprido. Existem muitos pontos ainda fora do orçamento, como drenagem e iluminação. A experiência mostra que vai passar desse prazo”, concluiu.