Juazeiro mostrou, mais uma vez, seu papel de referência na construção participativa. Nessa quarta-feira (10), na sede da Agência de Desenvolvimento Rural (ADR), mais de 70 pessoas estiveram presentes na 1ª Conferência Municipal de Desenvolvimento Rural, etapa preparatória da 3ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (CNDRSS), prevista para março de 2026.
Com o lema, “Brasil Rural: Raiz da Vida, Fonte do Bem Viver”, o evento reuniu agricultores familiares, lideranças comunitárias, representantes do poder público, de movimentos sociais e instituições diversas em um espaço democrático de escuta e formulação de propostas para o futuro da agricultura familiar e do desenvolvimento sustentável no nosso país.
O momento de escuta deu vez e voz àqueles que verdadeiramente vivenciam e sabem dos desafios da agricultura familiar e da vida no campo. É o caso de dona Ana Lúcia Santos, que fala com orgulho sobre fazer parte de uma comunidade de fundo de pasto (usa a terra de forma coletiva para o pastoreio utilizando a vegetação nativa), o que fez dela uma ativista da luta pelo direito à terra, à água e à liberdade de crescer, plantar e contribuir para um Brasil mais sustentável. Ela, que mora na Lagoa do Melo, em Massaroca, distrito de Juazeiro, vê nesse momento uma oportunidade de apresentar seu olhar e vivência para a construção de algo maior.
“Esse momento para mim enquanto agricultora e militante da zona rural, das comunidades de fundo de pasto, é muito importante. Causa muita alegria ter um espaço como esse onde estamos discutindo e propondo melhorias na vida do homem e da mulher do campo. Ficamos muito animados porque houve um longo período em que não tivemos momentos como esse de dialogar, de ouvir, de falar. E nós viemos aqui propor o melhor para nosso povo. Nós estamos buscando políticas públicas de melhoria para o homem, o jovem e da mulher do campo”, explicou.
Durante os debates, foram discutidos cinco eixos centrais: o papel da agricultura familiar frente às mudanças climáticas; transformação agroecológica dos sistemas alimentares; reforma agrária e direito à terra, à água e ao território; cidadania e bem viver; e participação popular e governança das políticas públicas para o desenvolvimento rural. Também foram eleitos oito delegados — seis da sociedade civil e dois do poder público, que representarão Juazeiro nas etapas regionais e estaduais, com a possibilidade de chegar até a etapa nacional.
O diretor-presidente da ADR, Ailton Batista, destacou o momento como decisivo para o futuro da agricultura familiar. “A Conferência é um espaço para ouvir, dialogar e propor caminhos para que a agricultura familiar de Juazeiro continue sendo referência em produção sustentável, inovação e segurança alimentar e que esse conhecimento e esse olhar também sejam levados para outros espaços”, afirmou.
Retomada Histórica
A última Conferência Nacional aconteceu há 12 anos. Retomar esse diálogo significa reafirmar a importância da soberania alimentar e do papel essencial dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, que garantem o alimento saudável na mesa dos brasileiros.
Entre as propostas aprovadas, estão a criação de políticas públicas de incentivo à produção familiar, a inclusão da educação contextualizada na matriz curricular desde a educação básica, ampliação do orçamento para programas de captação e armazenamento de água da chuva, fortalecimento do programa Minha Casa, Minha Vida Rural, além do fomento a linhas de crédito específicas para jovens e mulheres do campo.
Aline Nunes, representante da Rede Povos da Mata, que é voltada para a certificação orgânica participativa, também ressaltou a relevância do momento. “Nossa expectativa é a de que, depois desses doze anos, desse lapso temporal da construção coletiva de políticas públicas, a gente consiga junto com o coletivo que aqui se encontra, construir propostas que dialoguem com a nossa realidade”, pontuou.
Com ampla participação da sociedade civil e do poder público, a Conferência reafirmou o compromisso de Juazeiro em contribuir para a formulação de políticas públicas que valorizem a diversidade cultural e produtiva do município, apontando para um futuro mais justo e sustentável.
Ascom PMJ
Fotos: Anamauê