Em entrevista ao programa Nossa Voz nesta segunda-feira (14), a médica clínica geral Aymée Torres, que está em especialização em Medicina de Família e Comunidade pela Univasf, chamou atenção para os riscos das hepatites virais, o avanço da campanha do Julho Amarelo e reforçou a importância da testagem, vacinação e acompanhamento regular nas unidades de saúde.
Ela falou, de forma didática e detalhada, sobre os tipos de hepatite mais comuns no Brasil, os meios de transmissão, gravidade da doença e medidas preventivas. A entrevista foi ao ar no mês em que o país intensifica ações de combate às hepatites virais.
“Na realidade, existem múltiplos tipos de hepatites. Aqui no Brasil, em geral, a gente estuda mais os tipos A, B, C, D e E, cinco tipos. Sendo que duas delas, os tipos A e E, são hepatites de cunho agudo, que nós chamamos, e as B, C e D são aquelas que tendem a cronificar. A campanha Julho Amarelo destaca esses vírus e as principais diferenças entre esses tipos de hepatite em relação à forma de contágio.”
Gravidade da doença
Questionada sobre o impacto dessas infecções no organismo, a médica detalhou como as hepatites virais afetam o fígado:
“O processo de hepatite seria uma resposta do nosso corpo à infecção pelo vírus, gerando inflamação em alguns tecidos específicos, principalmente no fígado. O grau de acometimento vai variar muito a depender do tipo de infecção entre esses tipos que eu citei e também do perfil de cada paciente. Então, em pacientes imunodeprimidos, gestantes, ou em crianças, o acometimento pode acontecer de forma diversa.”
A médica destacou que alguns tipos de hepatites, como a B e a D, possuem alta taxa de morbimortalidade, o que justifica a mobilização nacional em torno do tema.
Tipos, contágio e vacinação
Durante a entrevista, Aymée explicou com clareza as diferenças entre os principais tipos de hepatite:
“A hepatite do tipo A, que infelizmente ainda é muito comum no nosso meio, tem um acometimento mais agudo e um modo de transmissão fecal-oral. Isso quer dizer que o paciente pode ser acometido através de alimentos contaminados ou secreções como saliva. Esse tipo costuma afetar mais o público infanto-juvenil.”
Ela reforçou que a vacina da hepatite A está disponível na rede pública:
“Aqui em Petrolina, temos a vacina específica para hepatite A, destinada primariamente às crianças de 15 meses até 5 anos de idade. Também está disponível para adultos em uso da PrEP, que é a terapia pré-exposição ao HIV.”
Sobre a hepatite B, ela fez um alerta:
“A hepatite B tende a acometer mais adultos, e uma das vias de transmissão mais importantes é a via sexual. A forma de se prevenir é evitando comportamentos de risco, como múltiplos parceiros, e sempre usando preservativo. A vacina da hepatite B está disponível nas nossas unidades básicas de saúde. São três doses: a primeira hoje, a segunda daqui a um mês e a terceira seis meses após a primeira.”
Ações em Petrolina
A médica detalhou ainda as ações do Julho Amarelo em Petrolina:
“As ações começaram no dia 4 de julho, através do CTA — o nosso Centro de Testagem e Aconselhamento, localizado no centro da cidade, em frente ao Hospital Dom Malan. Lá já foram realizadas palestras de conscientização e também teremos testagem rápida em ambientes públicos, como a Praça do Bambuzinho, por volta do dia 27 de julho.”
Sobre o teste, ela explicou:
“O teste rápido é uma furadinha no dedo. Coletamos uma pequena amostra de sangue e verificamos se o paciente pode estar positivo para hepatite B, hepatite C, HIV e sífilis. É um procedimento rápido, gratuito e sigiloso.”
Tratamento pelo SUS
Aymée também falou sobre o acesso ao tratamento:
“Felizmente, aqui no nosso CTA temos disponível o tratamento para alguns tipos de hepatite, como a hepatite C. É um tratamento feito com antiviral oral, muito promissor. O Ministério da Saúde recomenda que todos os pacientes diagnosticados com hepatite C recebam tratamento.”
Orientação final
A médica finalizou com um recado à população:
“Quero convidar toda a população a ter o contato firme e permanente com sua unidade básica de saúde. As UBSs são a porta de entrada do SUS. Tente marcar sua consulta ou compareça por demanda espontânea. O médico da unidade, especialmente os de família e comunidade, estão habilitados a solicitar exames, realizar testagens e acompanhar sua saúde de forma adequada.”
A campanha Julho Amarelo segue em todo o país com ações voltadas à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento das hepatites virais. Em Petrolina, a população pode procurar as unidades de saúde ou o CTA para orientações e serviços gratuitos.