Após mais de 12 horas de julgamento, William César dos Santos foi condenado pelo crime de feminicídio, na noite desta quinta-feira (20), quatro anos depois de ter matado a sua ex-companheira, Mayara Stefany França Araújo, arremessando ácido sulfúrico – um composto químico corrosivo – em seu rosto. Ele havia colocado o líquido num pote de sorvete de cor preta. O crime ocorreu em 4 de julho de 2019, no Recife.
O homem foi condenado por homicídio quadruplamente qualificado, por torpeza, meio cruel, recurso que impossibilitou defesa da vítima e feminicídio. A sentença foi de 30 anos, três meses e 15 dias em regime fechado. Ele também vai pagar as custas processuais.
Para cometer o crime, William César contou com o apoio de um amigo, responsável por segurar Mayara, que tinha 19 anos à época, enquanto ele a atingia com ácido sulfúrico. Esse outro homem, Paulo Henrique Vieira dos Santos, ainda não tem data para ser julgado.
William César se entregou à polícia cinco dias depois de haver cometido o crime e, no dia 12 de julho daquele ano, foi indiciado, junto com o amigo, por tentativa de feminicídio.
Com a morte de Mayara, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) então requisitou uma alteração para que o crime fosse classificado como homicídio qualificado consumado, sendo o feminicídio uma das qualificadoras. A dupla já estava detida no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.
O crime aconteceu três meses após a separação do casal, no dia 4 de julho de 2019, próximo à residência onde o casal morava com o filho, à época com apenas dois anos. A residência fica no bairro de Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife.
A mulher foi socorrida inicialmente para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas, por conta do contato do ácido com a pele, precisou ser internada no Hospital da Restauração (HR), na área central da capital pernambucana. Ela chegou a ser entubada e teve face, mãos e tórax como áreas mais afetadas. Ao todo, 35% do seu corpo foi queimado.
Entre os familiares da vítima que acompanharam o julgamento no Fórum Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra, estava a tia de Mayara, Ana Paula Gomes de Farias, de 45 anos. Ela disse que, ao todo, a sobrinha já havia procurado a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) oito vezes, acusando o ex-companheiro de agressões físicas e psicológicas.
A mulher celebrou a condenação e desmentiu a fala do homem que, ao tentar se defender durante o julgamento, disse que não mantinha uma relação abusiva com Mayara, com quem dividiu quatro anos de relacionamento.
Fonte: Folha PE