Justiça mantém prisão de Deolane e de outros indiciados da Operação Integration

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Em decisão anunciada na tarde desta segunda-feira (23), a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12º Vara Criminal do Recife, manteve a prisão da advogada e influenciadora Deolane Bezerra e dos outros indiciados na Operação Integration, que apura a suspeita de lavagem de dinheiro e prática ilegal de jogos de azar.

A decisão da magistrada foi publicada três dias após o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) devolver à Polícia Civil o inquérito e solicitar novas diligências.

Além disso, o grupo de promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) recomendou que as prisões preventivas fossem por outras medidas cautelares para evitar um “constrangimento ilegal” por causa do tempo que deve durar para que as novas informações solicitadas sejam colhidas pela Polícia Civil.

Deolane Bezerra está na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste de Pernambuco. A mãe dela, Solange Bezerra, está na unidade prisional localizada no Recife. Outros investigados seguem no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.

Alguns dos indiciados são considerados foragidos, porque não foram encontrados desde o dia em que a operação foi deflagrada, em 4 de setembro.

A polícia suspeita que Deolane tenha usado a mãe e um filho de 17 anos para a lavagem de capitais.

A coluna Segurança teve acesso à íntegra do documento do MPPE, de 11 páginas, com as observações feitas em relação ao inquérito policial que investigou a organização criminosa suspeita de movimentar cerca de R$ 3 bilhões, de janeiro de 2019 a maio de 2023.

No documento, entregue na última sexta-feira (20), o grupo de promotores citou os nomes de 22 pessoas indiciadas pela polícia – incluindo os 19 alvos de prisão preventiva na deflagração da operação. O principal é Darwin Henrique da Silva Filho, dono da empresa Esportes da Sorte, que se entregou no dia seguinte à operação.

Familiares e outras pessoas ligadas a ele aparecem como indiciados porque a investigação encontrou movimentações financeiras suspeitas – algumas delas são quantias milionárias e que não condizem com os rendimentos dos investigados.

Nessa lista, também está Nivaldo Batista Lima, nome de batismo do cantor Gusttavo Lima, dono da empresa Balada Eventos e Produções. Ele não foi alvo da operação.

A companhia do cantor surgiu no curso da investigação porque vendeu um jato Cessna Aircraft à empresa Vai de Bet, do empresário José André da Rocha Neto. O mesmo avião havia sido adquirido por Darwin Filho – com indícios de lavagem de dinheiro, segundo a polícia.

Na operação, o avião foi apreendido e R$ 20 milhões da Balada Eventos e Produções foram bloqueados.

Confira os nomes dos indiciados:
Darwin Henrique da Silva Filho, CEO do Esportes da Sorte;
Darwin Henrique da Silva, pai de Darwin e fundador da Caminho da Sorte;
Eduardo Pedrosa Campos, sócio de uma seguradora;
Flávio Cristiano Bezerra Fabrício, proprietário de imóveis e de carros de luxo;
Marcela Tavares Henrique da Silva Campos, irmã de Darwin Filho;
Maria Aparecida Tavares de Melo, mãe de Darwin Filho;
Maria Bernadete Pedrosa Campos, mãe de Eduardo;
Maria Carmen Penna Pedrosa, tia de Eduardo;
Maria Eduarda Quinto Filizola, esposa de Darwin Filho;
Rayssa Ferreira Santana Rocha, sócia da Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos Ltda;
Ruy Conolly Peixoto, diretor da Esportes da Sorte;
Thiago Lima Rocha, sócio da Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos Ltda;
Edson Antônio Lenzi Filho, sócio da empresa Pay Brokers;
Thiago Heitor Presser, também sócio da Pay Brokers;
José André da Rocha Neto, sócio da Pix365 Soluções Tecnológicas (Vai de Bet);
Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, esposa de André;
Giorgia Duarte Emerenciano, madrasta de Darwin Filho;
Dayse Henrique da Silva, tia de Darwin Filho;
Deolane Bezerra Santos, advogada e influenciadora digital;
Solange Alves Bezerra Santos, mãe de Deolane;
Boris Maciel Padilha, empresário;
Nivaldo Batista Lima (Gusttavo Lima).

Lacunas encontradas pelo MPPE
Em relação às lacunas da investigação policial, o MPPE pontuou, por exemplo, que faltaram provas sobre os supostos crimes atribuídos a alguns dos investigados.

“Em relação à empresa Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos LTDA, cujos sócios são os indiciados Thiago Lima Rocha e Rayssa Ferreira Santana Rocha, verifica-se que sua inclusão na investigação se deu tão somente em virtude da identificação de transferências de valores para HSF Entretenimento e Promoção de Eventos Eireli (Esportes da Sorte), sem a demonstração da correlação entre essas transferências e os delitos investigados nos autos”, disse o documento do MPPE.

“Além dessas transferências, Thiago Lima Rocha e Rayssa Ferreira Santana Rocha foram indiciados por receberem em suas contas, pessoas físicas, dinheiro da empresa Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos LTDA, de propriedade deles, e apresentarem incompatibilidades entre os rendimentos declarados e as movimentações bancárias”, citaram os promotores.

Sobre a decisão do MPPE de devolver o inquérito e pedir novas diligências, a assessoria da Polícia Civil informou, em nota, que “não se pronuncia sobre decisões de outras esferas de poder”.

Processo encaminhado para a Justiça da Paraíba
O MPPE também recomendou um desmembramento dos processos, transferindo as acusações em relação à empresa Vai de Bet (sediada na Paraíba) e à empresa de Gusttavo Lima para a Justiça daquele Estado.

No documento, os promotores citam que a Vai de Bet só entrou na investigação de lavagem de capitais por causa das transferências bancárias feitas pela Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos Ltda na compra da aeronave que pertencia à Balada Eventos e Produções LTDA.

“Ocorre que, sendo PIX365 Soluções Tecnológicas (Vai de Bet) sediada na Paraíba, eventuais ilicitudes decorrentes da relação entre esta e a Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos LTDA hão de ser apuradas no referido Estado.”

“O mesmo se diga em relação a eventuais ilicitudes havidas nas negociações entre a Balada Eventos e Produções LTDA, por intermédio de seu sócio Nivaldo Batista Lima e a PIX365 Soluções Tecnológicas, através de seus sócios Thiago Lima Rocha e Rayssa Ferreira Santana Rocha.”

Uma cópia dos autos foi enviada para análise do Juízo Criminal da Comarca de Campina Grande (PB).

Fonte: JC