Uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho trouxe um novo capítulo à eleição do Sindicato dos Trabalhadores Assalariados Rurais de Petrolina. A Justiça revogou a liminar que suspendia o processo eleitoral e confirmou a legalidade do pleito, que seguirá conforme o estatuto vigente. Com isso, a eleição, marcada para o próximo dia 11 de junho, acontecerá normalmente, com chapa única concorrendo.
A presidente do sindicato, Maria Joelma, celebrou a decisão e reforçou que todo o processo foi conduzido com transparência e dentro das normas estabelecidas.
“Isso prova que realmente o processo vinha correndo aí seguindo todas as regras. É aquilo que eu falei: faltou participação dela. Faltou participação. Muita gente só aparece no sindicato quando tem eleição. O sindicato é dos trabalhadores, e quem saiu continua sendo trabalhador do mesmo jeito. A luta não para, e é importante que todos reflitam sobre a importância de participar durante todo o ano, não apenas no período eleitoral.”
A tentativa de suspensão das eleições foi baseada em um estatuto anterior, já substituído por nova versão aprovada em assembleia no ano passado. Segundo Joelma, a Justiça reconheceu esse equívoco e validou a atuação da atual gestão.
“O que alegaram foi um estatuto que já não está mais em vigor. A ação se baseava em um documento ultrapassado. Quando apresentamos o estatuto atual, aprovado em assembleia no ano passado, o juiz entendeu que estávamos seguindo tudo corretamente. A nossa chapa teve que se enquadrar, como qualquer outra. O regimento vale para todos, e nós obedecemos.”
A eleição contará com urnas na sede do sindicato e em diversas fazendas, embora o roteiro completo ainda não tenha sido divulgado pela comissão eleitoral. Joelma explicou que, por se tratar de chapa única, não há mais possibilidade de inscrição de novas candidaturas.
“Não tem mais prazo para registrar outra chapa. Quem foi suspenso ou impugnado está dentro do prazo para apresentar defesa, mas para concorrer não dá mais. O estatuto exige dois anos de carteira assinada e dois anos de contribuição. Se a pessoa não tem isso, infelizmente não se enquadra. E mais: por que só agora regularizaram a situação? Participação não se improvisa na hora da eleição.”
Joelma aproveitou para criticar o distanciamento de alguns trabalhadores em relação ao dia a dia do sindicato. Para ela, é essencial que a categoria se envolva em todas as etapas da luta sindical.
“Se tivesse participado das assembleias, não haveria problema. A gente faz assembleia de prestação de contas, construção de pauta, previsão orçamentária. O trabalhador precisa estar presente para entender o funcionamento do sindicato. Se a pessoa tivesse envolvida desde antes, contribuindo, trabalhando junto, com certeza teria voz e vez agora. Sindicato forte é aquele com trabalhadores engajados.”
Durante a entrevista, a presidente também denunciou um episódio envolvendo uma fazenda local, onde, segundo ela, os trabalhadores foram impedidos de retornar ao trabalho após uma assembleia realizada pelo sindicato.
“A gente estava fazendo uma assembleia na porta da empresa. Quando terminou, a empresa, em vez de abrir os portões para os trabalhadores entrarem, fez foi fechar. Nunca vi isso na minha vida. Os trabalhadores foram prejudicados, foram humilhados. O sindicato não pode aceitar isso calado. Entramos com ação na Justiça, e nenhum trabalhador vai sair no prejuízo.”
Apesar da tensão dos últimos dias, Joelma conclui com um apelo à união e à continuidade da luta coletiva.
“Esse pleito vai passar, mas a luta dos trabalhadores não pode ficar para trás. A gente tem que continuar lutando. Se você quer participar do sindicato, vá para o campo, contribua, esteja presente. Se tiver nos critérios, participe! O sindicato é nosso, é dos trabalhadores. Quem quiser voz, precisa também ter presença.”