Lideranças falam sobre eleição do diretório municipal, alianças para 2026 e reconstrução da base do partido na cidade

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Erlon - Candidato ao diretório do PT em Petrolina

O Partido dos Trabalhadores em Petrolina se prepara para um momento decisivo no próximo domingo, 6 de julho, quando será realizada a eleição para o novo diretório municipal. Em entrevista ao programa Nossa Voz, os principais nomes da legenda na cidade detalharam os desafios e as estratégias para fortalecer a sigla no Sertão do São Francisco.

Participaram da conversa o atual presidente do diretório municipal, Robson Nascimento, a professora Neuma Guedes, membro da executiva local, e o candidato único à presidência do partido na cidade, professor Erlon Bezerra, docente do IF Sertão-PE.

No último dia 29 de junho, o grupo participou da plenária final antes do Processo de Eleições Diretas (PED), etapa que antecede a votação. Além da reorganização local, o debate incluiu pautas nacionais como a reeleição do presidente Lula, o retorno de Humberto Costa ao Senado e as alianças com o PSB em Pernambuco.

Desafios locais: reorganização e aproximação com as bases

Para o atual presidente Robson Nascimento, o PT precisa retomar o trabalho junto às bases populares e dar novos contornos à militância.

“A gente tem um desafio muito grande no diretório municipal de Petrolina, tendo em vista os ataques que os trabalhadores vêm sofrendo há vários anos. O PT é o partido que mais resistiu e mais contribuiu com a população brasileira desde a redemocratização. Hoje estamos no terceiro mandato do presidente Lula, o quinto do partido, mas temos desafios enormes. Temos um quadro significativo de filiados aqui, acho que é o maior entre os partidos da cidade, mas precisamos organizar mais, chegar perto das bases. O estatuto do partido nos dá elementos importantes para isso. É com organização que a gente vai garantir a reeleição do presidente Lula e de Humberto Costa. Sem um Congresso alinhado com o governo, não há como ampliar políticas sociais para a classe trabalhadora.”

Candidatura única e consenso interno

Questionada sobre a escolha por uma candidatura única, Neuma Guedes destacou o caráter democrático do processo e o papel das diversas correntes internas da sigla.

“Esse é um momento muito oportuno para uma reorganização do partido, que acontece nacionalmente, tendo em vista a reeleição do presidente Lula. O PT é o único partido que elege suas direções diretamente, porque tem a participação da base. Aqui em Petrolina, chegamos a um consenso no nome do professor Erlon, que representa as diversas tendências do partido. Não foi por falta de opção. Tivemos outros companheiros interessados, mas houve maturidade política. Isso é um avanço.”

Ela acrescentou que o debate continua intenso em outras esferas:

“Amanhã, por exemplo, teremos o debate entre os dois candidatos à presidência estadual: Carlos Veras e Fernando Ferro. É uma eleição com efetiva participação de todas as forças políticas do partido. Nacionalmente, temos cinco candidaturas à presidência e oito chapas disputando o diretório nacional. Essa diversidade, que muitos veem como tensão, é o nosso patrimônio político.”

Unidade sem personalismo

O candidato à presidência do diretório municipal, professor Erlon Bezerra, falou sobre o que significa representar uma candidatura de consenso.

“Quando fazemos uma candidatura de unidade, de consenso, não buscamos o diferencial individual. Isso é uma sabedoria antiga. O novo, sozinho, pode querer zerar a história. O velho, sozinho, impede a renovação. Nossa espécie sobrevive do futuro. O PT não é um partido personalista. Temos três instâncias deliberativas. Em Petrolina, o diretório é composto por 38 companheiros e companheiras de todas as representações: juventude, mulheres, pretos e pretas, trabalhadores. Eu também proponho meu nome, mas essa não é uma candidatura do professor Erlon. É uma candidatura da unidade.”

Alianças com o PSB e cenário de 2026

Ao serem questionados sobre a relação com o PSB e os cenários para a Frente Popular em Pernambuco, Neuma respondeu com naturalidade.

“Enfrentamos esse momento com tranquilidade. Isso não é novo. Em 2006, o presidente Lula teve dois palanques em Pernambuco: Humberto Costa e Eduardo Campos. A dinâmica política é essa. Não estou dizendo que teremos dois ou três palanques em 2026, mas o PT vai, com sabedoria, construir suas alianças. O debate está acontecendo. Temos dois senadores e o presidente Lula conduzindo esse processo.”

Erlon complementou apontando que as bases é que sinalizam os rumos do partido.

“Em última análise, não é a executiva que define os nomes. São as bases. Quando um filiado vota, ele já está indicando o que espera do partido. Esse debate sobre alianças com o PSB já está em curso. Vamos ter um debate amanhã entre Ferro e Veras. As decisões virão da base, como sempre.”

Fortalecimento das instituições democráticas

Para Neuma, o atual momento político exige resistência às ofensivas da extrema direita.

“Estamos vivendo uma ofensiva que tenta desqualificar a política, o papel do Estado, dos partidos e das instituições. Isso é gravíssimo. Enquanto criticam a política, mantêm todos os seus familiares ocupando cargos públicos. É fundamental que os filiados compreendam a importância de fortalecer as instituições democráticas. Esse processo de eleições diretas no PT tem valor pedagógico.”

Expectativas para a votação e prioridades do PT em Petrolina

Sobre a votação de domingo, Robson Nascimento revelou dados do último PED.

“Em 2019, tivemos cerca de 960 votantes. Hoje, temos 4.703 filiados distribuídos por toda a cidade. Esperamos repetir ou até superar esse número. Para que a eleição tenha legitimidade, precisamos atingir 20% do total de votantes da última eleição.”

E ao ser perguntado sobre as três prioridades do PT na cidade, foi direto:

“Juventude, núcleos de base e setoriais. Precisamos reencantar a juventude com o futuro e com a política. É preciso reconstruir os núcleos de base em cada bairro, pois temos mais pessoas que se identificam com o PT do que apenas os filiados. É hora de organizar essa força.”