O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que vai apresentar ao Congresso Nacional uma medida provisória com diversas ações para defender o setor produtivo brasileiro contra o tarifaço imposto pelo governo americano ao Brasil.
Durante entrevista ao programa O É da Coisa, apresentado por Reinaldo Azevedo, na Rádio BandNews FM, Lula disse que as medidas serão apresentadas nesta quarta-feira e, entre elas, destacou uma linha de crédito no valor de R$ 30 bilhões para atender exportadores brasileiros que tenham prejuízos com a taxação de Trump.
“Esse valor está definido, 30 bilhões. 30 bilhões é o começo. Você não pode colocar mais se você não sabe quanto é. Então, vai ter uma política de crédito que a gente está pensando em ajudar, Sobretudo, as pequenas empresas, o pessoal que exporta tilápia, que exporta fruta, que exporta mel e outras coisas Vamos procurar achar outros mercados para essas empresas. Nós estamos mandando a lista dos produtos que a gente vendia para os Estados Unidos, para outros países.”
A MP estabelece um conjunto inicial de medidas para mitigar os impactos econômicos das tarifas norte-americanas. Além do crédito e do auxílio à abertura de novos mercados, as ações do governo também devem contemplar o aumento de compras governamentais e novos investimentos para que os setores exportadores expandam seus negócios no próprio mercado interno.
“Eu acho que vai ser extremamente importante para que a gente possa mostrar que ninguém ficar desamparado por conta da taxação do presidente Trump, de que nós vamos cuidar dos trabalhadores dessas empresas”.
Lula comentou ainda que estão em andamento ações junto à Organização Mundial do Comércio para reverter as tarifas e estudos sobre o emprego da lei de reciprocidade. Apesar das tensões comerciais, o presidente brasileiro disse esperar que algum dia possa se encontrar com Donald Trump e conversar “como dois seres humanos civilizados”, pois assim deve ser a relação entre dois chefes de Estado.
“Eu tive muito boa relação com todos os presidentes americanos, do Clinton, que eu conheci depois que tinha deixado a presidência, mas com Bush, que era republicano. Eu tive um belíssimo relação com Obama e com Biden. Ou seja, portanto, não é da parte do Brasil que você tem qualquer empecilho na conversação com os Estados Unidos.”
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de uma audiência no Congresso Nacional, em que afirmou que o pacote de medidas do governo federal está 100% definido. A prioridade, segundo o ministro, será atender os pequenos produtores que não têm alternativas à exportação aos Estados Unidos.
O pacote de contingência foi elaborado em conjunto pelos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e das Relações Exteriores.