O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursa nesta terça-feira (24), em Nova York, na abertura do debate de chefes de Estado e de governo da 79ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Lula será o primeiro chefe de Estado a discursar no debate geral. Por tradição, cabe ao Brasil abrir os discursos no encontro anual dos líderes dos mais 190 países da ONU.
O presidente, que chegou no sábado (21) ao Estados Unidos, deve retomar no discurso deste ano temas que aborda em eventos internacionais, como inclusão e combate à fome, mudanças nas instituições internacionais, defesa da democracia, cessar-fogo de conflitos armados, regras para plataformas digitais e preservação ambiental.
As críticas que o governo sofre pelo enfrentamento às queimadas no país aumentaram a expectativa para a fala de Lula a respeito de mudanças climáticas. Em 2024, o Brasil sofreu com cheia histórica no Rio Grande do Sul e vive a maior seca registrada desde 1950.
Lula deve abordar o tema para reforçar aos demais países, sobretudo os mais ricos, a cobrança por medidas mais urgentes que permitam preservar florestas e acelerar a transição energética.
A agenda de Lula
A agenda do presidente nesta terça inclui também uma série de encontros bilaterais. Antes da abertura do debate geral da assembleia, Lula se reúne com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, na sede da ONU.
Depois de discursar, o presidente se encontrará com o rei Abdullah II, monarca da Jordânia. À tarde, Lula se encontra com Paul Taylor, presidente do Grupo Fitch.
A agenda continua com um encontro bilateral com Pedro Sánchez, Presidente de Governo da Espanha, seguido do evento intitulado “Em defesa da democracia, combatendo os extremismos”, onde Lula vai reunir presidentes de diversos países para ressaltar a importância de fortalecer as instituições democráticas.
No final do dia, o presidente se encontra com Emmanuel Macron, presidente da França. Logo depois, está prevista uma audiência com Rodolphe Saadé, CEO do Grupo CMA CGM,.
Prévia no domingo
Lula apresentou as mensagens que deseja passar nessa passagem por Nova York ao discurso no domingo (22) na Cúpula do Futuro, evento da ONU para discutir o futuro da humanidade.
O presidente cobrou mais “ambição e ousadia” de seus pares e criticou o ritmo lento de adoção das metas de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da ONU.
“Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos, e caminham para se tornar o nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo”, disse.
Lula repetiu a defesa por mudanças em organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, uma pauta que ele defende desde o primeiro mandato presidencial (2003-2006). O presidente entende que as estruturas atuais não representam a geopolítica atual.
“A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”, citou.
Discursos anteriores
Lula fará nesta terça seu oitavo discurso em aberturas de assembleias-gerais (2003, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2023 e 2024). Em 2005, o presidente fez pronunciamento em uma reunião que antecedeu o debate da Assembleia Geral. Na ocasião, o então chanceler Celso Amorim discursou na abertura do debate.
Combate à fome e à desigualdade, governança global, reforma do Conselho de Segurança da ONU e mudanças climáticas são temas recorrentes nos discursos de Lula.
As mudanças climáticas são abordadas pelo petista pelo menos desde 2004 e foram citadas em 2023, quando o presidente voltou a cobrar o financiamento, pelos países ricos, de ações para a preservação do meio ambiente nas nações emergentes.
Em 2023, Lula criticou o neoliberalismo e o surgimento de “aventureiros de extrema-direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas”, mas sem especificar a quem estava se referindo. Neste ano, há expectativa de menções à governos autoritários de esquerda, a exemplo da Venezuela.
Fonte: G1