Marília Arraes comenta sobre silêncio do Governo do Estado no caso Pedro Eurico: “não dá só pra aceitar a demissão e acabou”

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Em entrevista ao Nossa Voz desta sexta-feira (10) , a deputada federal Marília Arraes não deixou passar a grave denúncia feita por Maria Eduarda Marques de Carvalho ao ex – esposo e ex – Secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, sobre a violência doméstica sofrida durante anos. Ela classificou como inadmissível e gravíssimo o ocorrido, além de destacar outras polêmicas do ex-secretário.

“O que ocorreu foi gravíssimo, inadmissível, vindo inclusive de alguém que se dizia defensor dos Direitos Humanos desde a década de 70,80. Alguém com uma atuação anacrônica e ultrapassada, inclusive quando quis, há alguns anos, desapropriar pessoas que moravam no entorno do Complexo Aníbal Bruno, em Recife, ou quando ele disse que não se pegava covid em ônibus lotados e agora com tudo isso que fez à sua companheira e depois que ela denunciou ouvimos que já era algo corriqueiro”, pontuou.

Marília afirmou que o Governo do Estado deveria ter dado uma resposta mais contundente e não aceitar apenas a demissão do secretário e se calar diante do fato. “A gente tem que cobrar atitudes de quem o nomeou, não pode simplesmente acontecer isso, aceitar a demissão e pronto. E pior, colocar com secretário alguém escolhido por ele. Pedro Eurico sempre foi blindado, mesmo depois de todos os absurdos que falou, o que fez e o Governo vai aceitar simplesmente calado? Vai haver uma apuração? Foram 10 boletins durante vários anos. A Casa Civil ,quando quer investigar, investiga até a sua décima geração, como é que não sabia desse problema? Tem que cobrar posicionamento efetivo porque o pacto patriarcal dos homens é muito de abafar essas questões”, disse.

“É impressionante que a grande cilada do crime de violência doméstica é que a mulher sofre violência e se, retoma esse relacionamento, fica desacreditada junto a família e aos amigos por conta das reconciliações, que representam um grande perigo. Acredito que essa foi a atitude do Governo Paulo Câmara quando o nomeou para secretário e de outros políticos que mantinham um relacionamento cordial com o ex-secretário”, comentou.

Arraes aproveitou ainda para parabenizar Maria Eduarda pela coragem de ter denunciado e lamentou todos os anos que ela passou sofrendo agressões. “Essa atitude de Maria Eduarda é importante, pois ajuda outras mulheres a falarem também. Lamento por ela ter passado tantos anos nesse ciclo. Será que se ela tivesse se manifestado no início da carreira política dele quando ele estava no auge, teria sido ouvida? O que teria acontecido com ele e com ela? Se agora que ele já tá no final da vida política, com certeza há muita gente descredibilizando e apontando dedos pra ela, imagine. Que este caso sirva de exemplo e espero que o Estado cumpra sua função de proteger os cidadãos e cumpra a justiça de maneira correta.