Mastologista alerta para a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama

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Em entrevista concedida nesta segunda-feira (14), ao programa Nossa Voz, o médico mastologista Jomário Macedo falou sobre o Outubro Rosa, campanha voltada para a conscientização sobre a prevenção e detecção precoce do câncer de mama. Durante a conversa, ele destacou a importância da mobilização e também abordou questões relacionadas à saúde da mulher de forma mais ampla.

A estimativa para o Brasil é de 73.610 novos casos de câncer de mama em 2024. Isso significa um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Embora seja mais comum em mulheres, cerca de 1% dos casos ocorrem em homens.

O médico ressaltou que o Outubro Rosa é um momento oportuno para reforçar a mensagem sobre a importância da prevenção. “O Outubro Rosa é uma oportunidade para falar não só sobre o câncer de mama, mas também sobre outros tipos de câncer que afetam as mulheres, como o câncer de útero. É importante que as mulheres estejam atentas aos cuidados com a saúde de forma geral.”

Questionado sobre as principais formas de prevenção do câncer de mama, Dr. Macedo explicou que existem duas modalidades: a prevenção primária e a secundária. “A prevenção primária envolve hábitos saudáveis que ajudam a evitar o surgimento da doença, como uma dieta equilibrada, manutenção do peso adequado, evitar a exposição a radiações ionizantes e o tabagismo, além da prática regular de exercícios físicos. Já a prevenção secundária está relacionada à detecção precoce, principalmente por meio de exames, como a mamografia.”

Sobre os fatores que aumentam o risco de desenvolvimento da doença, o especialista destacou que o principal fator está relacionado ao hormônio estrógeno. “Mulheres que não tiveram filhos, que não amamentaram, que tiveram a primeira gestação após os 30 anos ou que fizeram uso prolongado de terapia hormonal têm um risco aumentado. A genética também é um fator, embora menos relacionado”, explicou.

Ele ainda lembrou que, apesar de ser raro, o câncer de mama também pode afetar homens. “Embora a incidência seja muito maior em mulheres, os homens também podem desenvolver a doença. Por isso, é importante que fiquem atentos a qualquer alteração na região das mamas”, alertou o médico.

Durante a conversa, Dr. Jomário Macedo ressaltou a importância da mamografia como principal ferramenta na redução da mortalidade por câncer de mama, destacando que o exame pode diminuir em até 30% as mortes em programas de rastreamento eficazes. Ele também frisou a necessidade de engajamento das mulheres para realizarem o exame de forma regular, especialmente a partir dos 40 anos.

“A mamografia é o único exame que reduz a mortalidade do câncer de mama. As mulheres que fazem o exame devem encorajar outras a também se submeterem anualmente, pois esse rastreamento é essencial para o diagnóstico precoce e, consequentemente, para aumentar as chances de cura”, pontuou o médico.

A questão do apoio psicológico e do acompanhamento das pacientes também foi discutida. “No Hospital Dom Tomás, oferecemos acompanhamento psicológico às pacientes, além de suporte familiar. Esse apoio é fundamental para tornar a jornada da mulher mais leve”, afirmou.

Quando questionado sobre os avanços no tratamento do câncer de mama, o mastologista destacou a multimodalidade das terapias. “O tratamento do câncer de mama envolve cirurgia, quimioterapia, hormonoterapia, imunoterapia e radioterapia. Cada caso é tratado de forma personalizada, e temos investido em pesquisas para descobrir novas formas de tratamento”, revelou.

Ele também abordou a questão dos cuidados paliativos, que entram em cena quando a doença já está em estágio avançado. “Esses cuidados são voltados para melhorar a qualidade de vida e aliviar o sofrimento das pacientes que já apresentam metástases.”

Sobre o autoexame das mamas, Dr. Macedo ressaltou que, embora não substitua a mamografia, ele é importante para que a mulher conheça seu corpo. “O autoexame permite que a mulher identifique alterações em suas mamas, como nódulos, mudanças na textura da pele, ferimentos ou secreção pelo mamilo. Caso note algo diferente, ela deve procurar um médico.”

Outro ponto discutido foi a amamentação, que, segundo o médico, é um fator de proteção contra o câncer de mama. “Mulheres que amamentam têm menor risco de desenvolver a doença.”

Respondendo a uma dúvida enviada por uma ouvinte, que relatou a presença de secreção nos seios após o período de amamentação, o médico explicou que esse tipo de secreção não é preocupante. “A secreção transparente ou leitosa, conhecida como galactorreia, geralmente não está relacionada ao câncer de mama. O líquido que merece atenção é aquele que se assemelha a sangue.”

O uso prolongado de anticoncepcionais hormonais também foi mencionado como um possível fator de risco. “Há estudos que sugerem que a exposição por mais de 10 anos a métodos contraceptivos hormonais pode aumentar um pouco o risco de câncer de mama. No entanto, isso não significa que as mulheres devam parar de usar contraceptivos. É sempre importante conversar com um ginecologista.”

Dr. Macedo explicou, ainda, que a mastectomia, ou retirada da mama, é indicada apenas em casos de tumores localmente avançados. “Cada vez mais buscamos fazer cirurgias conservadoras, que preservam o máximo possível da mama.”

O médico encerrou a entrevista reforçando a importância do diagnóstico precoce e destacando que o câncer de mama tem cura. “O diagnóstico precoce é fundamental. Em estágios iniciais, as chances de sobrevivência em cinco anos chegam a 98%. Aqui no Hospital Dom Tomás, temos muitas pacientes que foram diagnosticadas cedo e hoje estão curadas.”