Os médicos da rede pública de Petrolina entregaram à Câmara Municipal um ofício com reivindicações por melhorias nas condições de trabalho e reposição salarial. Em Assembleia Geral Extraordinária, realizada pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), a categoria decidiu por uma paralisação de advertência nos dias 12 e 13 de novembro, suspendendo atendimentos ambulatoriais e nas unidades de saúde da família, com exceção dos serviços emergenciais.
O diretor regional do Simepe, José Alberto, destacou a frustração dos profissionais com a falta de respostas da gestão municipal e revelou as condições precárias enfrentadas no exercício da medicina. “A advertência de uma paralisação é algo que acontece após inúmeras tentativas de negociação. Nós elaboramos um dossiê com vários ofícios emitidos à Secretaria de Saúde na tentativa de resolver os inúmeros problemas elencados pela classe médica, entre eles a recomposição salarial,” declarou. Ele descreveu a realidade das unidades de saúde de Petrolina, onde a infraestrutura é insuficiente para o atendimento adequado. “Existem unidades de saúde que não têm infraestrutura mínima. Eu estive junto ao Ministério Público ainda na gestão passada reivindicando o mínimo para funcionar; tinha médico atendendo debaixo de árvore porque não havia estrutura no posto.”
O médico também questionou a competência técnica do secretário de Saúde, João Luíz, cujo cargo, segundo ele, carece de uma liderança médica. “Nós precisamos de diretores técnicos médicos. Temos um secretário de saúde que não é médico, e, embora tenha extrema competência jurídica, é como se decidíssemos fazer uma cirurgia com um advogado. Isso não vai dar certo, então por que daria certo na administração pública?” questionou, argumentando que cargos técnicos na área da saúde deveriam ser ocupados por profissionais do setor para assegurar decisões embasadas no conhecimento específico.
Diversos vereadores manifestaram apoio às demandas dos médicos. O vereador Ronaldo Silva criticou a falta de ação da administração municipal. “Na política, tudo pode, só falta força de vontade e prioridade. Vocês procuraram o secretário João Luiz há muito tempo, mas ele só empurrou vocês com a barriga, até o momento em que não havia mais condições para discutir a LDO,” declarou, mencionando o orçamento de R$ 300 milhões para a saúde em 2025 e um remanejamento de R$ 600 milhões para o Executivo.
Maria Elena ressaltou a importância de sensibilizar o prefeito para as necessidades do setor e destacou a urgência de investimentos na saúde pública. “Eu queria muito que essa fala tivesse sido feita há dois, três anos. Quanto mais o tempo passa, mais difíceis e prolongadas se tornam essas lutas, e a possibilidade de uma vitória diminui,” afirmou.
O vereador Gilmar Santos trouxe à tona a discrepância salarial entre médicos e vereadores e relatou as condições precárias nas unidades de saúde. “É um absurdo quando temos vereadores recebendo mais do que médicos especializados. E muitos de nós aqui sequer queremos fazer o debate público sobre saúde,” criticou. Ele mencionou o desabastecimento de insumos básicos e a falta de papel para exames preventivos, que impede a realização de procedimentos nas unidades.
O líder da situação, Diogo Hoffmann, propôs que a Comissão de Saúde receba representantes do Simepe para discutir as demandas. “É de extrema importância que a Comissão de Saúde receba o senhor e mais representantes do sindicato. O que estiver ao alcance deste vereador, podem contar conosco,” afirmou Hoffmann.
A paralisação, apoiada pelos vereadores, visa sensibilizar a gestão para as urgências da saúde pública em Petrolina. A categoria luta por uma recomposição salarial e condições dignas de trabalho que garantam atendimento adequado à população e assegurem o direito à saúde como prioridade municipal.