Merendeiras da rede estadual deflagram greve por atrasos salariais

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As merendeiras que prestam serviço nas escolas estaduais de Petrolina, Salgueiro e Araripina, contratadas pela empresa Contec Construções e Serviços, entraram em greve hoje (11). De acordo com o Sindicato Intermunicipal dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação (Siemaco-PE), que lidera o movimento, a paralisação foi motivada pelo descumprimento do prazo para pagamento dos salários de agosto. A situação tem gerado insatisfação entre as trabalhadoras, que denunciam a precariedade enfrentada nos últimos cinco anos.

Em ofício direcionado à Contec, o sindicato deu prazo até o dia 10 de setembro para que a empresa regularizasse o pagamento, o que não ocorreu. Segundo o sindicato, mais de 50% das merendeiras lotadas nas Gerências Regionais de Educação (GREs) das três cidades já haviam solicitado apoio para a realização da paralisação. Na tarde desta quarta-feira (11), haverá uma assembleia às 15h com todas as merendeiras ligadas a empresa.

Damiana, uma das funcionárias que aderiu à greve, compartilhou seu relato sobre as dificuldades que as trabalhadoras enfrentam. “Todo mês acontece isso, os atrasos. A gente nunca tem uma data certa de pagamento. Vale-transporte parcelado, alimentação parcelada em três vezes, com valores diferenciados e descontos abusivos”, desabafou.

Além dos atrasos salariais, as merendeiras denunciam a falta de fardamento e as advertências injustas. A situação se agravou quando, ao comunicarem a greve, as trabalhadoras receberam ameaças de que a falta seria descontada e que não havia previsão de pagamento dos salários atrasados. “Ontem, colegas minhas foram advertidas porque não estavam usando fardamento. Como vamos usar se a empresa não fornece? Ainda recebemos ameaças de desconto no salário de outubro caso faltássemos ao trabalho”, relatou Damiana.

Com a adesão das merendeiras, a greve se mantêm com apoio de alguns gestores, que, segundo a trabalhadora citada, compreendem e apoiam a paralisação. No entanto, em outras escolas, as merendeiras relatam sofrer pressão de gestores para continuar trabalhando, aumentando ainda mais o clima de insatisfação.

“São cinco anos que a gente vive nesse sofrimento. A empresa anda toda errada, e mesmo assim, ganhou a licitação por mais quatro anos. Isso não existe. A gente está cansada de passar por constrangimento todo mês”, finalizou Damiana, fazendo um apelo às autoridades estaduais para que tomem providências.

O Nossa Voz entrou em contato com a Contec Construções e Serviços, sediada em Paulista (PE), buscando um posicionamento, mas fomos comunicados pelo setor de Recursos Humanos que a empresa não repassa informações à terceiros, mantendo a comunicação apenas com seus contratados. 

Em nota, a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) informou que os pagamentos para a empresa que contrata as merendeiras têm sido realizados de maneira consistente.

“A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE) esclarece que mantém a regularidade dos pagamentos à empresa terceirizada responsável pelos contratos das merendeiras que atendem as escolas da Rede Estadual em Petrolina, no Sertão. A pasta informa ainda que a empresa já foi devidamente notificada e submetida a processos administrativos de penalidade, conforme a legislação vigente, para garantir o cumprimento das obrigações contratuais e legais. A SEE se coloca à disposição dos profissionais para quaisquer esclarecimentos”.