Miguel Coelho critica especulações sobre federação com PP e defende construção de alianças para fortalecer o seu projeto ao Senado

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Durante entrevista ao programa Nossa Voz, nesta sexta-feira (4), o ex-prefeito de Petrolina e presidente do União Brasil em Pernambuco, Miguel Coelho, comentou a respeito das movimentações em torno de uma possível federação entre seu partido e o Progressistas (PP), liderado no estado pelo deputado federal Eduardo da Fonte. Ele classificou as notícias sobre a união como “mera especulação” e afirmou que não há tratativas oficiais por parte da legenda.

“O que houve foi por parte do PP, do Partido Progressista, uma reunião que autorizou o presidente nacional, que é o senador Ciro Nogueira, a tratar do assunto federação. Pelo lado do União Brasil, não houve sequer reunião. O nosso presidente, Antônio Rueda (União Brasil), ainda não fez nenhuma reunião com a bancada, seja do Senado ou da Câmara. Não houve reunião nos diretórios estaduais. Eu sou presidente da União em Pernambuco e posso afirmar que isso não foi discutido com nenhum estado da federação”, afirmou Miguel.

O ex-prefeito reforçou que não se sente à vontade para discutir um tema que ainda não foi oficializado dentro da sua sigla. “Eu não gosto de tratar de algo que o meu presidente não tratou com a gente. Isso, para mim, é mera especulação.

Apesar de reconhecer a possibilidade de uma federação entre os partidos, Miguel ponderou que o debate precisa ocorrer com base em critérios objetivos. “Você tem dois partidos grandes. O União Brasil é maior que o PP, inclusive. O instituto da federação serve para ampliar espaços políticos, tanto no Congresso Nacional como em eleições gerais. Mas é preciso consolidar os espaços de cada um”, comentou.

Ele também criticou o que chamou de antecipação indevida da imprensa ao tratar sobre nomes que poderiam assumir protagonismo em uma eventual federação. “Com todo respeito a vocês da imprensa, dizem que se houver a federação, será o deputado Eduardo da Fonte. Tenho respeito por Eduardo, mas quem disse? Qual é a regra? Se for pelo tamanho do partido, o União é maior. Mas se for olhar estado por estado, quais são os projetos? São complementares?”

Miguel destacou que decisões desse porte, historicamente, são tomadas pelas instâncias nacionais das legendas. “Se ficar especulando isso, a gente gasta energia à toa. É como previsão do tempo: ninguém sabe se vai chover ou fazer sol. Se tiver federação, ótimo. Fica mais forte, com maior tempo de TV, maior fundo partidário, mais instrumentos para fazer campanha. Se não tiver, tudo bem também. Quem está na política tem que ganhar no voto e no argumento.”

Questionado sobre o ingresso do vereador Gabriel Menezes na bancada de situação da Câmara Municipal de Petrolina, Miguel considerou o movimento como estratégico para o fortalecimento da base política local.

“A adesão do vereador Gabriel é muito importante para a nossa base local, que dá sustentação ao prefeito Simão Durando, que faz parte do nosso grupo político. Isso reforça não apenas a governabilidade na Câmara, junto aos outros 17 vereadores da base, como também ajuda na construção de uma candidatura majoritária mais orgânica no município”, explicou.

Miguel fez questão de ressaltar que a aliança com Gabriel acontece apesar dos embates passados. “Quando ele anunciou, liguei para agradecer. Foi um grande gesto. Tivemos embates, mas isso mostra que na política não existem inimigos, e sim adversários. Com respeito, nenhuma porta se fecha. Isso é o que permite construir alianças em momentos diferentes da trajetória política.”

O ex-prefeito também comentou sobre os rumores de aproximação com o deputado federal Lucas Ramos (PSB), aliado de Gabriel Menezes. Segundo ele, a relação com Lucas se consolidou a partir da eleição de 2020.

“Essa relação com o PSB ficou consolidada desde 2020, quando houve reciprocidade. O PSB apoiou a eleição de Simão em Petrolina, e o União Brasil apoiou João Campos em Recife. Foi um gesto de respeito aos projetos políticos de cada grupo. Essa relação é de confiança, e se ela evoluir para uma aliança política em 2026, espero contar com o apoio de Lucas para o nosso projeto ao Senado. Esse não será um projeto de Miguel, será um projeto da força política que estará unida.”

Miguel ainda mencionou a expectativa de apoio de João Campos (PSB) em uma eventual candidatura ao Senado Federal em 2026. “Do mesmo jeito que todos especulam que João será candidato a governador, eu também nunca escondi que espero ser candidato ao Senado dentro de um grupo político, dentro de uma formação que represente o melhor para Pernambuco.”

Ele aproveitou para criticar a atual gestão estadual, comandada por Raquel Lyra (PSDB), e destacar gargalos nas áreas de saúde e desenvolvimento regional.

“Vocês sabem que fui candidato a governador há três anos e defendi que Pernambuco precisa de um novo modelo. A gente precisa de um novo pacto de segurança, precisa discutir a rede hospitalar. No Sertão, por exemplo, não temos um hospital estadual geral, e pelo visto vamos continuar sem. Não foi feito em três anos, não vai ser feito agora. As UPAs, nenhuma foi inaugurada nos últimos três anos. Tudo que existe foi feito ainda nos governos Eduardo Campos e Paulo Câmara”, declarou.

Miguel criticou ainda os indicadores econômicos do estado. “Pernambuco será um dos estados que menos vai crescer no Brasil este ano, tem uma das maiores cargas tributárias. A mudança que a governadora tanto fala ainda não chegou à vida das pessoas. O tempo é agora cronômetro. A população cansa de esperar.”

O dirigente finalizou com uma reflexão: “A pergunta que fica é: estamos felizes com a forma como Pernambuco está sendo representado no Senado, no governo? As vozes que nos representam estão dizendo o que a gente precisa ouvir? Essas são indagações que precisam ser feitas para que no momento eleitoral se faça a escolha mais adequada.”