Mesmo diante de números preocupantes, que levam a crer que Petrolina vive uma nova onda de infecção pelo coronavírus, o Governo do Estado de Pernambuco optou por encerrar definitivamente as atividades do Hospital de Campanha da cidade. A unidade provisória foi instalada em julho deste ano e contava com 20 leitos de UTI e 82 intermediários. A medida foi duramente criticada pelo prefeito reeleito, Miguel Coelho (MDB).
Em entrevista ao Nossa Voz desta quarta-feira (18), o gestor cobrou uma explicação, questionando diretamente o secretário de ciência e tecnologia e deputado estadual licenciado, Lucas Ramos, que representa Petrolina junto a administração estadual.
“Ele deveria justificar porquê o governo do estado está fechando o Hospital de Campanha. Veja o perigo, o hospital de campanha deles não aguentou uma chuva. Veio a chuva, caiu e tiveram que se socorrer no nosso, da prefeitura. Segundo que, os leitos de UTI que estavam na UPAE e que seriam abertos lá ainda não estão funcionando. A gente ofereceu o espaço do Monte Carmelo, do nosso Hospital de Campanha, para que instalassem lá”, recordou Miguel.
Coelho considera a medida perigosa e prevê os prejuízos causados por tal decisão. “A partir do momento em que eles anunciam o fechamento dos leitos intermediários, isso é muito perigoso. O paciente não fica doente do zero para a UTI direto, ele vai progredindo. Só que agora o Estado está fechando os leitos intermediários, então vai ser o que então? ‘Olha, fica em casa, se for piorando vai rezando e se precisar de UTI você vem’. Não faz sentido”.
Ofertas de parceria
No boletim anunciado ontem(17) pela Secretaria Municipal de Saúde, Petrolina teve 199 novas confirmações da covid 19 em 48 horas, além de 120 mortes desde a chegada da doença à cidade. Essa alta não se restringe ao município, o que levou Miguel Coelho a solicitar a revisão dessa decisão tomada pela equipe de Paulo Câmara.
“A gente olha tudo. O Jornal Nacional todos os dias coloca os estados em que há alta de casos e Pernambuco é um deles. É preciso ter muito cuidado nisso. Já fiz esse apelo ao governador, acho que tudo bem se quiser fechar uma parte. Se quiser fechar o hospital de campanha e vir para o nosso para diminuir o custo fixo venha, estamos de portas abertas”.
Questionado se estaria havendo perseguição política após o resultado das eleições municipais, o prefeito reeleito de Petrolina afirma não crer nisso. Mas destacou que Paulo Câmara não está sendo bem assessorado. “Do governador não, mas acho que tem alguém muito mal assessorando o governador, ou a equipe técnica, porque eu fico muito preocupado. A gente está vendo Por mais que os números de ocupações dos leitos graves não estejam numa crescente como estão os números de novos casos, quem sabe como essa pandemia vai reagir nessa segunda onda que estamos vivendo?”.
Buscando reverter tal situação, Coelho faz um pedido à Lucas Ramos. “Fico preocupado e faço esse apelo, esse pedido para que o secretário [Lucas Ramos] que está lá no ouvido do governador, tão perto, possa fazer esse apelo para que revejam essa decisão”.
Números em Petrolina
O boletim epidemiológico da Prefeitura de Petrolina desta terça-feira (17) aponta que foram realizados 612 testes rápidos nesta segunda e terça-feira, com 173 positivados. A Secretaria Municipal de Saúde recebeu ainda 26 resultados positivos de exames laboratoriais. Nesses dois dias, 210 pessoas se recuperaram da doença.
Dos 199 casos novos desses dois dias, 117 são pessoas do sexo feminino, com idades entre 01 e 78 anos, e 82 do sexo masculino, entre 01 e 73 anos. O município tem 120 óbitos por covid-19.
Com a desativação do Hospital de Campanha do Estado a taxa de ocupação geral dos leitos de UTI da rede pública da cidade subiu para 41,93%. Dos 31 leitos disponíveis, 13 estão ocupados, sendo 05 pacientes de Petrolina e 08 de outras cidades da região.