A família de Maria de Moura, de 87 anos, resgatada em condição análoga à escravidão em março de 2022, denunciou ao Fantástico deste domingo (10) que a empregada doméstica era escravizada por seus patrões e que pouco a viam a idosa.
Maria morava na casa de Yonne Mattos Maia e André Luiz Mattos Maia Neumann, mãe e filho, seus patrões. Eles viraram réus na Justiça nesta semana e são acusados de trabalho análogo à escravidão, coação e apropriação de cartão magnético de idoso. A defesa alega que Maria era parte da família.
A família de Maria diz que ela foi morar com a família de Yonne pela promessa de uma vida melhor, mas que, segundo a Justiça, não se concretizou. Disseram ainda que viam a familiar poucas vezes e por pouco tempo.
“Ficava desesperada para voltar para lá”, complementa Henrique.
Em dezembro de 2021, familiares de Maria confrontaram André Luiz Mattos Maia Neumann na frente de sua casa.
Situação análoga à escravidão
Nesta semana, uma juíza aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra mãe e filho que eram patrões da dona Maria de Moura. Eles viraram réus na Justiça e são acusados de trabalho análogo à escravidão, coação e apropriação de cartão magnético de idoso. Segundo a Justiça, as visitas dela à própria família eram controladas e o celular ficava com o patrão.
O Ministério Público do Trabalho resgatou Maria de Moura, que atualmente tem 87 anos, a partir de uma denúncia anônima. A defesa alega que Maria era parte da família.
Quando foi resgatada, dona Maria estava com a saúde debilitada. Natural de Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, ela é de uma família muito pobre e aos 12 anos foi morar com a família dos patrões do pai, na fazenda onde ele trabalhava. O dono da fazenda era o pai de Yonne. Desde então, Maria viveu com eles.
A denúncia do Ministério Público Federal também diz que no dia da inspeção o cartão do INSS de dona Maria estava em posse de André, que admitiu ter a senha dela.
Ainda segundo a denúncia, na frente dos fiscais, André segurou o braço de Maria antes dela ser ouvida: “você não diga que trabalhou para a minha mãe, senão você vai…” e disse um palavrão.
Segundo o procurador Eduardo Benones, as condições em que dona Maria foi encontrada deram base à acusação. Trabalho análogo à escravidão é um crime federal.
Fonte: G1