Ministro da Saúde anuncia novas medidas para ampliar acesso a exames, cirurgias e retoma produção nacional de insulina após 20 anos

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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cumpre agenda oficial nesta quinta-feira (17) em Juazeiro, na Bahia, como parte da comitiva presidencial liderada por Luiz Inácio Lula da Silva. A visita marca o lançamento de novas ações para fortalecer o acesso da população a atendimentos especializados no SUS, ampliar a cobertura vacinal e retomar a produção nacional de insulina após mais de duas décadas de dependência internacional.

Durante entrevista ao programa Nossa Voz, Padilha destacou o programa “Agora Tem Especialistas”, iniciativa que busca acelerar cirurgias, exames e consultas especializadas por meio de parceria com hospitais públicos e privados.

“Nessa grande batalha que o presidente Lula tá fazendo da gente aumentar o volume de cirurgias, o volume de atendimentos médicos especializados, de consultas, exames especializados. Porque aquelas pessoas que vão lá na unidade de saúde têm que ter o problema resolvido, mas quando precisa de um médico especialista, de um exame especializado, de uma cirurgia… a espera ainda é muito longa. Por isso o presidente Lula nos pediu para criar esse programa. Agora Tem Especialistas. Com ele, vamos aumentar a capacidade do setor público de fazer cirurgias, exames, consultórios especializados e por isso reduzir o tempo de espera. Uma novidade também é uma parceria com hospitais privados, que têm dívidas com a União. Vamos trocar essas dívidas por mais cirurgias, mais exames, mais atendimentos”, explicou.

Os hospitais interessados já podem se cadastrar no portal do Ministério da Saúde. Segundo Padilha, a expectativa é que os primeiros contratos sejam assinados ainda em agosto.

“Hospitais privados que têm dívidas com a União — ou mesmo sem dívidas — podem participar. A gente já abriu o portal desde a semana passada. O hospital informa quantas cirurgias, exames ou consultas pode oferecer, e isso será trocado pelo valor da dívida. A partir daí, os atendimentos serão disponibilizados para as secretarias estaduais e municipais. Não criaremos uma nova fila. Vamos usar as que já existem nas redes locais de saúde para atender com mais agilidade quem está esperando”, disse o ministro.

Além das medidas de regulação, Padilha destacou o papel do Mais Médicos, que ultrapassa 28 mil profissionais atuando em todo o país, no apoio à atenção primária e como porta de entrada para os atendimentos especializados.

“Se o médico da unidade básica faz um atendimento bem feito, ele pode resolver grande parte dos casos ali mesmo. Quando há necessidade de encaminhamento, ele faz isso direto pelo prontuário eletrônico. Hoje, mais de 90% das equipes de saúde da família usam o sistema digital do Ministério da Saúde. Isso permite que o médico peça diretamente uma tomografia, endoscopia, ecocardiograma, consulta com cardiologista… E isso reduz o tempo de espera, melhora o cuidado e evita que o paciente fique pulando de serviço em serviço”.

Durante a agenda, o presidente Lula também deve visitar uma policlínica em Juazeiro. Segundo o ministro, esses equipamentos terão horário estendido para ampliar a capacidade de atendimento.

“Vamos aproveitar a estrutura das policlínicas e fazer com que funcionem à noite, nos fins de semana, inclusive para atendimentos que não são de urgência. Com isso, conseguimos fazer mais cirurgias, mais exames, encurtar a fila e dar respostas mais rápidas às pessoas”, afirmou.

Aposta na telemedicina e foco no diagnóstico precoce

O ministro também reforçou a aposta do governo federal na telemedicina, especialmente para acelerar diagnósticos oncológicos. Ele citou o Super Centro Brasil, ligado ao Hospital de Câncer de Barretos, como referência na leitura de biópsias e exames.

“Petrolina, por exemplo, pode coletar uma biópsia e enviar digitalmente para o Super Centro, que consegue emitir entre 1.500 e 3.000 laudos por dia. Isso encurta o tempo de espera por diagnóstico e permite tratar o câncer mais cedo, com mais chance de cura”, afirmou.

Vacinação em foco: gripe e vacinação infantil

Padilha aproveitou a visita para reforçar a importância da vacinação contra gripe e o avanço na cobertura de vacinas infantis.

“Vacinar é garantir a vida. O inverno chegou, e com ele, as doenças respiratórias. A vacina da gripe está liberada para todos os públicos. Quem chegar na unidade de saúde pode e deve se vacinar. Tivemos um dado preocupante do Rio Grande do Sul: 65% das pessoas que morreram de gripe não tinham se vacinado, mesmo tendo indicação. E nas vacinas infantis, já temos crescimento em 15 das 16 vacinas aplicadas no SUS em 2025. Mas ainda há pais que não estão levando seus filhos. É preciso lembrar: se você está vivo e saudável hoje, é porque seus pais fizeram esse esforço. Não negue esse direito às crianças”, alertou.

Retomada da produção nacional de insulina: “um marco histórico”

Entre os anúncios de maior impacto está a retomada da produção de insulina no Brasil, com tecnologia transferida por um laboratório da Índia e fabricação nacional feita em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (FUNED), em Minas Gerais.

“É uma conquista histórica. Já recebemos o primeiro lote. A produção nacional de insulina significa independência. Não vamos mais depender de importações, de guerras, de pandemias, de tarifaços internacionais. Estamos falando de um medicamento essencial para milhões de brasileiros com diabetes. Com isso, garantimos segurança, estabilidade e soberania sanitária para o país”, comemorou Padilha.

A meta é chegar a 45 milhões de doses ao ano, com distribuição garantida para unidades do SUS e farmácias populares. A produção será integrada à logística do Ministério da Saúde, evitando desabastecimento como o registrado nos últimos anos.

“Durante a pandemia, os grandes laboratórios passaram a usar suas fábricas para produzir remédios para emagrecimento, mais lucrativos, e isso causou um desabastecimento mundial de insulina. Agora, com produção nacional, isso não vai mais acontecer”, garantiu.

Produção com os BRICS e foco na soberania sanitária

Padilha também destacou que a insulina está sendo produzida em parceria com países dos BRICS, como Índia e China.

“Essa insulina que chega agora é fruto de uma parceria com a Índia. No segundo semestre, outra versão será produzida com participação da China, da Fiocruz e de uma empresa brasileira. É o Brasil cooperando com o mundo para salvar vidas. É soberania sanitária na prática, geração de emprego, renda e saúde para o povo brasileiro.”