Em cerimônia realizada nesta sexta-feira (12), no auditório da Fundação Nilo Coelho, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou oficialmente o lançamento da Nova Hidrovia do São Francisco (HN-500). O projeto, considerado estratégico para a integração logística do Brasil, visa movimentar até 5 milhões de toneladas de carga por ano em sua fase inicial, incluindo grãos, minério e gipsita.
Segundo o ministro, a hidrovia integra um plano maior de reestruturação da malha logística nacional. “Esse projeto se iniciou lá atrás, passando pelo pensamento do nosso Nilo Coelho, pelo Paulo Coelho, um dos maiores defensores dessa hidrovia e a gente tem muita esperança que efetivamente essa hidrovia saia do papel. A gente tá iniciando agora a delegação no mês de junho, tamo assinando lá na Bahia ao lado do governador Jerônimo do ministro Rui Costa. A partir daí nós vamos iniciar os estudos técnicos para que ao lado da INCRA a gente faça governança como também com ataque desse projeto, avançando nas licenças ambientais, organizando o projeto”, afirmou.
Ainda segundo Costa Filho, os recursos iniciais já estão assegurados: “A gente já espera uma expectativa de investimentos na ordem de mais de 1 bilhão e 200 milhões de reais de investimentos dos quais nós já temos seguro recursos garantidos para que a gente possa iniciar essa operação.”
O ministro também destacou o interesse da iniciativa privada no projeto. “A gente pode fazer alguns estudos prévios, dialogando com o setor produtivo brasileiro e um dado importante, grandes grupos brasileiros e internacionais já manifestaram interesse em fazer essa operação hidroviária, porque isso vai ajudar no novo ramal logístico do São Francisco.”
Impacto regional e nacional
A integração com ferrovias como a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e a Ferrovia Centro-Atlântica deve conectar a hidrovia a importantes portos, como o de Aratu (BA). “Vai fazer com que a fruta do São Francisco vá lá para a Bahia, vá para Minas Gerais e naturalmente escoando por todo o Brasil. Além disso, essa hidrovia vai fortalecer muito também a nossa economia de Pernambuco”, completou o ministro.
Ele também citou a relevância da hidrovia para a agropecuária e mineração locais. “Tanto é que o milho no oeste da Bahia, o milho no sul do Piauí, eu falava com o governador Rafael, a gente vai poder trazer esse milho para ajudar na pecuária do nosso estado, na Avicultura de Pernambuco e também dialogando com grandes regiões. O fortalecimento da piscicultura na região do Itaparica, a necessidade que nós temos de poder escoar o nosso gesso do Sertão do Araripe, para a gente tem de fortalecer o Araripe, porque Pernambuco vem perdendo competitividade em relação ao nosso Polo Gesso por conta dos custos logísticos.”
Entusiasmo do setor produtivo
Para Guilherme Coelho, presidente da ABRAFRUTAS, o projeto representa a concretização de um sonho antigo. “Olhe, isso é um sonho antigo, isso é uma obra que precisa ser feita. Eu costumo dizer que as obras do Nordeste dão um trabalho enorme. Se você for falar da transposição do Rio São Francisco da época de Dom Pedro e ainda até hoje não foi concluída. Se você for falar da Transnordestina, tem bem 15 anos que começou e ainda não foi concluído. E essa Endrovia, eu acho que tem mais tempo do que tudo.”
Coelho destacou ainda os benefícios da navegação fluvial: “O importante é que tenha o recurso. Hoje o transporte mais caro é o rodoviário pelas rodovias, por isso que nós precisamos usar o rio. O Estados Unidos só usa rio. O mundo só usa rio ou trem. Então eu estou muito feliz, parabenizando o ministro por vir aqui para dar esse start e que o recurso esteja garantido para que a gente possa trazer a soja, algodão, milho, tudo lá do Oeste Paulista”
Reconhecimento local
O prefeito de Petrolina, Simão Durando, fez questão de lembrar as origens da navegação local e celebrou o simbolismo do momento: “Hoje, nessa manhã, a gente sai daqui cada vez mais animado, porque a gente sabe, a gente sabe que como era importante antes a hidrovia que funcionava aqui de Petrolina até Ibotirama. E eu queria fazer um registro, Silvinho, de uma pessoa que tá aqui na plateia. Seu Luizinho da Barca nina, que já fez já fez o transporte no Rio São Francisco, com a sua barca para a Santa Maria por muitos e muitos anos.”
Em tom emocionado, Durando completou: “São Francisco, que é o pai dos nossos sonhos, São Francisco que deu toda a riqueza que gera aqui hoje no Vale do São Francisco. (…) Petrolina, a terceira maior cidade de Pernambuco, vai dar saltos e voos cada vez mais altos.”
O prefeito de Juazeiro (BA), Andrei Gonçalves, reforçou a importância da dragagem do rio para além da logística. “Esse esse projeto é importante, primeiro porque a gente devolve ao rio a possibilidade da navegação que a gente perdeu ao longo dos anos (…) e a navegabilidade do rio não vai servir só para logística, mas também vai servir para o turismo para muitas outras coisas.”
Planejamento e regulação hidroviária
Carlos Farias, diretor geral da Agência Nacional de Transporte Aquaviário, lembrou que o projeto já estava previsto no Plano Geral de Outorgas Hidroviárias (PGO): “Nós apresentamos ao Ministério o nosso PGO e lá já listava, né, que nós temos 60.000 km de vias sendo que já apenas 20.000 km são economicamente navegáveis.”
Ele destacou o compromisso da pasta em tornar o trecho viável: “A hidrovia de São Francisco, através da CODEBA – Companhia das Docas do Estado da Bahia, o ente federativo, vai dar início, né, as primeiras intervenções ali, derrocagem, dragagem, sinalização, de modo que tão logo a gente possa torná-la economicamente viável, navegável e indutora também aqui dos desenvolvimentos social e econômico da região.”
Farias também fez uma homenagem pessoal: “Eu fico muito feliz de estar aqui em Petrolina. Eu sou sobrinho de Carlos Gilberto Farias, a quem deu a sua vida aqui pela região, Juazeiro, Petrolina (…) e como estando como diretor geral da nossa agência nacional do esporte aquaviário, o órgão regulador que também irá regular aqui a hidrovia, poder nessa posição também contribuir para que a hidrovia se desenvolva.”