Desde 1941, vaqueiros de Petrolina e região se reúnem para celebrar a fé do homem e da mulher sertanejos. Logo nas primeiras horas deste domingo (30), as ruas do município pernambucano foram tomadas pela vaqueirama. Com o tradicional gibão, chapéu de couro e a bota no pé, homens e mulheres de todas as idades, montados a cavalo, se concentraram nas imediações do Estádio Paulo Coelho para o início da celebração de uma das mais originais tradições da cidade, a Missa do Vaqueiro.
A festa combina elementos da religiosidade católica com a tradição do sertanejo nordestino, destacando-se pela sua devoção e simbolismo. Em cortejo, os vaqueiros cavalgaram até a Orla de Petrolina sob olhares atentos e aplausos da população. Às margens do São Francisco, o público participou do ritual, com mais de 80 anos de tradição, que representa a preservação da identidade e do orgulho sertanejo, celebrando a vida e a coragem dos vaqueiros da região.
O evento, que encerra o ciclo junino da cidade, atraiu milhares de pessoas. Os presentes se emocionaram ao som de orações cantadas, como a Ave Maria Sertaneja e o Pai Nosso, que contam a história de luta e fé do homem e da mulher do sertão. A missa, momento de agradecimento pelas bênçãos recebidas, foi celebrada pelo padre vaqueiro José Guimarães e teve a participação do Terço dos Homens da Cohab Massangano, dos aboiadores Edvaldo, Arnaldo e Jocélio Vaqueiro, além de Quinteto Violado, vindo de Recife, e a prata da casa, Sérgio do Forró. Para pedir proteção, os vaqueiros ainda ofertam símbolos do seu trabalho diário num ato que reforça a fé e a cultura do homem sertanejo.
Lado a lado com os vaqueiros, o prefeito Simão Durando e o ex-prefeito Miguel Coelho acompanharam o cortejo. Simão destacou a importância da celebração tradicional como um ato simbólico também para encerrar os festejos juninos. “Esse é um dos eventos mais bonitos e emocionantes de Petrolina. É uma festa que carrega muita história, a mais antiga Missa do Vaqueiro de Pernambuco. Esses homens e mulheres ajudaram a construir, mas principalmente, a manter viva a nossa cultura e todos os anos se reúnem para agradecer a Deus, pedir proteção e fortalecer nossas tradições. Não haveria forma melhor do que essa para concluir o melhor São João da história de Petrolina, com as bênçãos de Deus e a beleza da celebração de nossas mais profundas raízes culturais nas margens do São Francisco”, frisou.
Na noite anterior, os vaqueiros e vaqueiras participaram do tradicional Forró da Espora. O evento reuniu um público de 5 mil pessoas de mais de 40 localidades. O Forró da Espora e a Missa do Vaqueiro são realizados pela Prefeitura de Petrolina em parceria com a Associação dos Vaqueiros de Cristália.