Missa do Vaqueiro encerra ciclo junino de Petrolina com fé, tradição e promessa de novidades para 2026

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Neste domingo (29), dia de São Pedro, Petrolina encerrou oficialmente o ciclo junino às margens do Velho Chico com a tradicional Missa do Vaqueiro. A celebração, criada em 1941 a partir de uma promessa feita por um vaqueiro sertanejo, chegou à sua 82ª edição em 2025, reunindo centenas de vaqueiros de várias regiões e mantendo viva uma das maiores expressões da fé nordestina.

O responsável por conduzir a celebração foi o padre José Guimarães, que está há 15 anos à frente da missa em Petrolina. Em entrevista ao Nossa Voz, ele destacou a origem da cerimônia e a força simbólica do evento:

“Como sempre, o homem simples do sertão, ele recorria a Deus e fez a promessa de que, se ficasse bom, mandaria celebrar uma missa em que os vaqueiros pudessem estar encourados e montados. Como, graças a Deus, ele ficou bom, isso se cumpriu e, a partir daí, foi se criando uma tradição na região e fortalecendo a fé do homem do campo. Muito antes de ser padre, eu já participava como seminarista, ajudando outros padres. Hoje, venho celebrando a cada ano com muita alegria. Apenas dois anos — por causa da pandemia — a gente parou, e teve um ano que eu não pude vir. Mas estou sempre presente aqui. E cada ano que passa, cresce. É uma classe que se envolve muito, vem muita gente de fora. Já começa com o forró da espora no sábado e conclui com esse momento de fé, que é muito importante.”

Ao lado do padre, o radialista e organizador Sivuca relembrou as raízes da celebração e sua importância histórica:

“A missa do vaqueiro teve início em 1941, celebrada pelo padre Américo Soares, atendendo ao pedido de um grupo de vaqueiros que rezaram pela cura do Caboclo de Moto, ferido em uma pega de boi. Tivemos dois anos de paralisação com a pandemia, em 2020 e 2021. Mas desde 2022 ela voltou fortalecida. É a mãe de todas as demais missas do vaqueiro — inclusive a de Serrita e a de Curaçá. Petrolina é o berço dessa tradição.”

O vaqueiro José Arnaldo, presente na missa, trouxe o testemunho emocionado de quem vive a lida desde a infância:

“Para mim, ser vaqueiro é tudo. Foi a coisa melhor que achei pra fazer na vida. Mesmo sendo tão difícil, com sofrimento e dureza, quem nasceu pra isso gosta e se adapta. Tem que ter muita resiliência, inteligência e criatividade. É um serviço muito bom. Lidar com os animais, entender a natureza, entender as coisas de Deus… tudo isso é muito importante nesse trabalho.”

Ao avaliar o encerramento do ciclo junino, o prefeito de Petrolina, Simão Durando, comemorou o sucesso da programação e já projetou novidades para o ano que vem:

“Começamos o dia 5 de abril na Esporrajada e encerramos agora com a tradicional missa do vaqueiro, a mais antiga de Pernambuco. Tivemos Vaquejada, Jecana, concursos de sanfoneiros e violeiros, Corrida dos Namorados, o pátio das Carrancas lotado com mais de 80 mil pessoas por noite e 50 mil turistas. Fizemos um grande esquema de segurança para garantir a tranquilidade de todos. Eu tô muito feliz. Realizamos o maior e melhor São João de todos os tempos. Já estamos planejando o próximo. Acaba um e começa o outro. Se preparem, porque tem novidade boa vindo por aí.”

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Giovanni Costa, também fez um balanço positivo da festa:

“Foi um sucesso esse ciclo junino que começou lá atrás em abril e terminou agora com a missa. Tivemos Capim, Vaquejada, Jecana, concurso de quadrilha, de sanfoneiros. Petrolina se consolidou como o maior e melhor São João do Brasil. Esse ciclo movimentou a economia, o turismo, os restaurantes, os hotéis, e todas as classes. Estamos muito contentes. E o próximo ano promete mais novidades.”