Racionamento de banho, compra de água mineral e esforço pra pagar o abastecimento por carro-pipa, tudo isso em meio a um calor de quase 40°. São situações que viraram rotina para os moradores do bairro Henrique Leite em Petrolina.
Vânia, que paga em média R$ 170 na conta de água, vende lanches, mas está encontrando dificuldades para comercializar os produtos. O filho dela, que é trabalhador rural, chega em casa com as roupas sujas de defensivos agrícolas e só tem direito a apenas um banho por dia com água que chega através de carro-pipa paga do bolso da família.
Tatiane, que mora na área mais alta do bairro, já contabiliza quase 30 dias sem água nas torneiras. “Ontem eu fiquei com uma criança em casa chorando sem água pra beber. A gente não pode nem mandar as crianças pra escola porque não tem água nem pra levar uma farda”, relatou.
A Letícia tem dois filho pequenos e não tem escolha. Como a creche não pode funcionar regularmente, ela está levando um dos filhos para o trabalho. A filha, que é mais velha e vai pra escola, geralmente é liberada mais cedo por causa da falta de água. “Tô fazendo tudo rápido pra pegar a menina”, contou.
O Rosivaldo, que diz que na casa dele são 96 horas sem uma gota de água, lembrou do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela Compesa com o Ministério Público, que exige que a companhia forneça água no bairro através de carro-pipa quando os problemas de abastecimento superarem as 48 horas. “A Compesa tem por obrigação colocar um carro-pipa e até hoje nada”, reclama o morador.
Quem faz o apelo e convocou a reportagem do Nossa Voz nesta quarta-feira (4) foi a líder comunitária do Henrique Leite, Cláudia Ferreira. “Estamos aqui em estado de calamidade. Tem mais de 20 dias que recebo reclamações da população. Ontem mesmo, falei com João Raphael da Compesa e ele disse que iria ficar tudo normal e nunca normaliza. Eu quero pedir pra ele mandar o carro pipa prometido. Aqui no bairro tem muitas crianças e idosos sofrendo muito. A gente só quer uma resposta”, apelou.