O cenário é de descaso. Na Rua 2 do bairro Mandacaru, zona urbana de Petrolina, moradores convivem há anos com o esgoto escorrendo a céu aberto. Em frente ao número 620, o que se vê — e se sente — é um problema crônico de saneamento, com lama acumulada, forte odor e riscos à saúde pública. A equipe do Nossa Voz esteve no local nesta sexta-feira (11) para ouvir os moradores e registrar as denúncias.
Apesar da longa convivência com o problema, os relatos apontam que a situação tem piorado, tornando insustentável a vida cotidiana de quem reside no trecho mais afetado. É o caso de Vamilton Ribeiro Val, morador desde 2017. Ele contou à reportagem que precisou mudar a entrada principal de sua casa para a lateral, devido à constante invasão de insetos e até escorpiões.
“Já cheguei a encontrar escorpião em cima da cama. É um problema de saúde pública. Já tentei vender a casa, mas ninguém quer, justamente por causa do esgoto”, desabafa Val.
Segundo ele, os moradores tentam improvisar soluções, como instalar canos e calhas para desviar o esgoto das próprias portas, o que acaba transferindo o problema para outros vizinhos.
Além do mau cheiro e do alagamento, os moradores denunciam acidentes causados pelo acúmulo de água suja. “Teve um ciclista que caiu aqui e saiu coberto de lama”, relembrou Val.
A moradora Alessandra Carvalho, que vive há 24 anos no bairro, reforçou o apelo ao poder público, citando inclusive promessas feitas durante a última campanha eleitoral.
“O prefeito Simão Durando prometeu resolver isso se fosse eleito. Até agora, nada. A rua 2 é onde está a creche, passam muitas crianças por aqui descalças, correndo risco. Já teve briga entre vizinhos por causa do esgoto”, disse.
A moradora Noelma Cristina, que vive no bairro há 26 anos, relatou a presença constante de muriçocas durante a noite, agravada pelo esgoto a céu aberto. Ela também compartilhou a angústia pela falta de atendimento para o filho, que é uma criança com deficiência e espera há três anos por uma consulta com um especialista.
“O SUS é para todos, mas meu filho está esperando faz três anos por uma consulta com neurologista. Quando conseguimos um encaminhamento, nunca tem vaga”, disse emocionada.
Diante das denúncias apresentadas, a redação do Nossa Voz entrou em contato com a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) para solicitar um prazo de quando vai solucionar o problema. Do qual informou que “a equipe de engenharia da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (SEINFRA) esteve na Rua 2, no bairro verificando a demanda. Foi observado que os esgotos são provenientes das fossas residenciais. Nesse caso, a responsabilidade da manutenção dessas fossas é de cada morador”.