Em Petrolina, a categoria de motociclistas de aplicativos tem enfrentado desafios que vão desde o aumento de acidentes até questões relacionadas à regulamentação municipal. Em entrevista, Leonardo Alves, representante da classe, trouxe à tona reclamações e demandas de trabalhadores que enfrentam dificuldades no dia a dia do trânsito urbano.
“Infelizmente, o que acontece é que alguns companheiros têm desrespeitado o decreto municipal. Nós costumamos falar que são os amadores, aqueles que trabalham, mas não seguem o regulamento interno da CEMAP e nem respeitam o decreto. Para evitar esse tipo de constrangimento, já de antemão, quero pedir que o poder público olhe com um olhar panorâmico para essa situação, mas também olhe para a questão da regulamentação. Com a regulamentação, vai se inibir esse tipo de constrangimento que infelizmente tem acontecido de fato.”
A reclamação sobre o uso de fardamento é recorrente entre mototaxistas, que alegam descumprimento do decreto municipal por parte dos motociclistas de aplicativo. “Recebemos prints com ofertas de camisas de proteção solar com a identificação das empresas. O decreto da Prefeitura de Petrolina proibiria esse tipo de identificação, mas, infelizmente, há quem ignore essas regras.”
“O número de sinistros tem aumentado. No ano passado, fizemos uma campanha de prevenção chamada ‘Volta e com Vida’, no Dia do Trânsito. Naquela ocasião, tivemos apenas um acidente. Mas, de lá para cá, houve muitos acidentes, até fatais. Infelizmente, um companheiro nosso veio a óbito. Temos trabalhado para que esses sinistros venham a decair, mas é difícil sem fiscalizações mais intensas e frequentes.”
Leonardo destacou as principais causas dos acidentes, como o desrespeito às leis de trânsito e à sinalização, e apelou por fiscalizações mais rigorosas. Ele mencionou que atualmente há cerca de 3.500 motociclistas cadastrados na cidade, dificultando o controle sobre o cumprimento das normas.
“É importante ressaltar que não trabalhamos para as plataformas. Somos trabalhadores autônomos. Essas empresas fazem a mediação entre cliente e prestador de serviço, mas muitas vezes deixam toda a responsabilidade nas mãos dos trabalhadores ou das associações. Já pedimos suporte às plataformas, como a 99, mas esse suporte nunca chegou.”
Ele também comentou sobre os períodos de chuva, quando a oferta de serviços diminui devido às dificuldades de locomoção. “Nesses momentos, as plataformas aumentam os valores das corridas. Temos conversado para que isso seja feito de forma justa, mas ainda é uma questão que foge ao Código do Consumidor.”
“Há dois anos, temos tentado caracterizar algumas questões e melhorar a situação da categoria. Porém, sempre haverá indivíduos que não seguem as regras. Não podemos colocar todos no mesmo balaio. Trabalhamos continuamente para resolver o que está ao nosso alcance e pedimos apoio do poder público para regulamentações mais amplas e detalhadas, tanto em nível municipal quanto federal.”
Com desafios estruturais e operacionais, os motociclistas de aplicativos em Petrolina seguem buscando equilíbrio entre as demandas de seus serviços e as regulamentações que regem sua atividade, enquanto enfrentam as dificuldades cotidianas no trânsito da cidade.
Por meio de nota, a AMMPLA respondeu que “a Autarquia Municipal de Mobilidade de Petrolina (AMMPLA) esclarece que irá intensificar a fiscalização de todos os condutores de motocicletas, em virtude do aumento do número de ocorrências envolvendo esse meio de transporte. Porém, a Autarquia ressalta que irá priorizar os veículos que exercem atividades remuneradas por aplicativos, por recomendação do Ministério Público. Diante disso, o órgão de trânsito recomenda que aos condutores que se regularizem, evitando transtornos e infrações de trânsito”.