Criadores de abelhas de Petrolina relataram que houve um grande número desses insetos aparecendo mortos. Por isso, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um inquérito civil para investigar o motivo das mortes.
Assim, o MPPE fez uma parceria com o Centro de Manejo de Fauna da Caatinga da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Cemafauna – Univasf) para colher dados e esclarecimentos científicos sobre o caso. Uma das causas prováveis do aumento da mortalidade coletiva das abelhas, nas proximidades de área de irrigação, é a utilização de agrotóxicos. Segundo as primeiras análises da Cemafauna, existe a presença de substâncias químicas nas áreas cuticulares (pele) de abelhas que têm correlação com os pesticidas usados em lavouras agrícolas.
A nota técnica que a Cemafauna enviou ao MPPE concluiu que as análises toxicológicas feitas em matrizes de abelhas africanizadas apresentaram altos níveis de agrotóxicos com frequência de contaminação de cerca de 70% das substâncias fipronil, tiametoxam, dinotefuran, imidaclopride, nitenpiram, acetamipride e tiaclopride.
Além dos agrotóxicos, outras causas prováveis apontadas inicialmente como responsáveis pela morte dos insetos seriam as mudanças climáticas e a supressão da vegetação. Até o final deste ano, a equipe técnica da Cemafauna irá divulgar um relatório conclusivo sobre o caso.
Até lá, a promotora de Justiça Rosane Moreira Cavalcanti promoverá reuniões com produtores rurais do Vale de São Francisco e estabelecerá trabalhos educativos para minimizar as mortes e o impacto delas na produção de fruticultura local, que é de grande importância econômica para a região. “Com o andar das pesquisas e do processo, entenderemos quais as melhores medidas que o MPPE pode tomar a respeito”, comentou a promotora de Justiça.
A preocupação do MPPE deve-se também pelas abelhas serem responsáveis pela polinização das plantas e que seu declínio pode levar à extinção de plantas e animais, provocando mudanças na paisagem e nas funções do ecossistema. “É essencial destacar que para que o pólen seja transferido para flores diferentes, é necessário um agente que promova esse movimento, o chamado agente polinizador, a saber, a água (hidrofilia), o vento (anemofilia) e, principalmente, os animais (zoofilia), especialmente insetos, comumente as abelhas”, destacou a promotora de Justiça Rosane Moreira Cavalcanti.
Além da polinização e da importância para a fruticultura, o Vale do São Francisco é o segundo produtor de mel do Brasil, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul. (Com informações MPPE)