Uma polêmica envolvendo a tentativa de venda de barracos em uma área de ocupação em Petrolina trouxe sérias denúncias ao programa Nossa Voz. Na última quinta-feira (11), Ana Paula Souza, moradora da Rua 17, do bairro João de Deus, relatou ter presenciado irregularidades na atuação de uma liderança comunitária da ocupação Santa Terezinha, localizada naquele bairro. Além da suposta comercialização já citada, a ouvinte ainda alertou sobre uma possível venda de donativos encaminhados aos moradores daquela área.
“Uma senhora ia repassar um barraco para uma pessoa carente. Pai e mãe de família desempregados morariam lá. Quando esse casal veio da área dos projetos (irrigados), onde morava numa casa cedida, para conversar com a proprietária, a líder comunitária já tinha conversado antes com ela (moradora do barraco) porque tinha tomado conhecimento dessa doação e avisou que tinha arranjado um comprador para o local”, denunciou. “Resumindo, o barraco foi vendido e ela tem parte nesse dinheiro. Está havendo a comercialização em cima de uma oportunidade que não era para ter existido”.
Ana Paula garante ter intercedido pela família necessitada, mas foi vencida pela liderança. “Eu cheguei a discutir com ela, disse que era crime, que era errado e ela bateu nos peitos e disse que ali quem dava a última palavra era ela. (…) Tem duas filhas dela que foram contempladas, ganharam casa, mas nem na ocupação moram. Então que a polícia, a Justiça, venham investigar as coisas erradas que estão acontecendo para que pessoas que realmente moram ali e precisam não sejam prejudicadas e que se for necessário, fiscalizem essa liderança. (…) Se vierem para cá doações e ela tomar a frente, distribui uma parte e a outra ela vende. Fica, comercializa, está muito bagunçado. É roubo, é muita coisa errada. Eu não moro lá mas eu presencio”.
Célia, a líder comunitária citada por Ana Paula, enviou nesta sexta-feira (12) à redação no Nossa Voz uma nota de resposta. Alegando estar perplexa com as declarações, ela esclareceu os pontos relatados pela opositora.
“É com muita tristeza e perplexidade que recebo a investida de uma senhora chamada de Ana Paula, nesse tão importante meio de comunicação, que leva a verdade para milhares de ouvintes, mas, não está isento de pessoas caluniosas e que se utilizam de subterfúgio pra denegrir a imagem de cidadãos de bem, que lutam em favor dos que mais precisam”, refutou.
“Há alguns dias fui procurada pelo casal que reside em um barraco na ocupação Santa Terezinha que foi contemplado no Programa Minha Casa, Minha Vida. Eles relataram que tinham sido procurados pela senhora Ana Paula, que fez uma proposta de compra do barraco no valor de R$2.500 reais. A senhora Maria me perguntava, como líder da ocupação, se poderia fazer essa venda, se seria legal perante a lei. Orientei que ela não vendesse porque não era permitido e reforcei que após a saída, os barracos seriam desocupados pela equipe da Secretaria de Habitação” continuou.
“No dia 11/06, por volta das 19 horas, fui surpreendida com o relato de que havia pessoas no barraco da senhora Maria, obrigando-a a vendê-lo. Nesse momento eu intervi, frustrando a senhora Ana Paula que tentava coagir e intimidar os proprietários a fazerem a venda. O que nos causa estranheza é o porquê dela não relatar nesse tão importante meio de comunicação que ela é que queria a todo custo comprar o barraco”.
Na nota, Célia ainda reafirmou seu compromisso com a comunidade a qual representa. “Sempre estarei firme, cuidando, orientando e não permitindo ser coagida por pessoas que usam de atos intimidatórios a fim de se beneficiar de algo que não lhes pertence”.
“Lamentável que algumas pessoas que se dizem lideranças se utilizem de situações forjadas para se auto promover politicamente, mas não mostram a face de um líder de verdade, de caráter. Sei que o momento é de politicagem e sempre estaremos vulneráveis às investidas dos fascistas e dos desonestos. Continuarei firme na luta em busca de melhores dias para minha comunidade”, finalizou.