Não faltará arroz no Brasil, mas restrições em vendas podem impactar em alta de preços, diz presidente da Faeb

0

A tragédia que vem devastando o Rio Grande do Sul, com as fortes chuvas e enchentes nos últimos dias, tem gerado grande preocupação em todo o Brasil não só por conta das centenas de mortes e toda a destruição das infraestruturas dos municípios, mas também pelos prejuízos causados em algumas cidade que ficaram submersas, afetando diretamente as produções agropecuárias do estado, com destaque para o arroz.

Preocupados com uma possível falta do produto, alguns supermercados na Bahia passaram a limitar a compra de arroz. Estabelecimentos de atacado e varejo de Salvador, limitaram a venda do alimento em até 50 pacotes por pessoa. Em uma grande rede do Estado, a oferta na última semana era de até 30 pacotes.

O Bahia Notícias conversou com Humberto Miranda, que é produtor rural e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) e do Serviços Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Bahia), que frisou que a tragédia vai repercutir na economia nacional, já que o Rio Grande do Sul representa 6% do PIB nacional. 

Segundo ele, é preciso repensar na questão do desabastecimento, pois o Brasil tem uma diversidade de produção espalhada por diversos estados. “Não teremos maiores problemas do ponto de vista do desabastecimento. Em relação aos grãos, o arroz se vê mais preocupante, pois o Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, mas 80% da safra já estava colhida, já estava armazenada e não gerará a princípio nenhum tipo de desabastecimento”, garantiu Humberto. 

IMPORTAÇÃO DE ARROZ DO EXTERIOR

Em contrapartida, o governo federal anunciou através de uma Medida Provisória, que foi publicada no último dia 11, em que autoriza a compra de 104 mil toneladas de arroz. Já nesta terça, um comunicado ampliou a importação de até um milhão de toneladas, com a ideia de subsidiar parte dessa compra e garantir que os preços não disparem para os consumidores. O governo garantiu que um pacote de cinco quilos não deve ultrapassar os R$ 20.

De acordo com o presidente da Faeb, pegando os números atuais, o governo pensou como previsão. “Acho que uma importação neste momento é desnecessária, até pegando a própria declaração da representação nacional dos produtores de arroz. O Brasil está abastecido do grão. No futuro, a visão de governo pode ser sem dúvidas necessária, que aconteça uma importação, aí a gente já pensa na especulação, no aumento de preço, um possível impacto na inflação e aí o governo tem realmente que se precaver e criar condições legais para fazer a importação do arroz já lá para o final do segundo semestre, se necessário. Quanto à validade da ação do governo, acho que é válida, tem que fazer realmente planejamento e previsão, mas no momento não existe risco de falta do produto no mercado brasileiro”, disse. 

Humberto falou também que para a importação acontecer, é importante que exista segurança sanitária e qualidade do produto comprado, exigindo do Brasil uma atenção redobrada. “Hoje a globalização permite que numa negociação internacional com países que já têm relações pré-estabelecidas. Mercosul, por exemplo, ou com o próprio mercado europeu, os EUA. A única questão que não se negocia nessa relação de importação é a segurança sanitária. O arroz precisa vir de um país que tenha segurança sanitária do produto, ou seja,  um produto de qualidade do ponto de vista do consumo humano e da questão sanitária de não trazer doenças que possam vir a contaminar a nossa produção futura aqui no Rio Grande do Sul”, disse. 

A Conab afirmou que realizará um leilão, marcado para a próxima terça (21), para adquirir até 104.034 toneladas de arroz, ainda da safra 2023/2024 e garantiu que cada quilo chegará ao consumidor brasileiro por no máximo R$ 4,00.

“O arroz que vamos comprar terá uma embalagem especial do governo federal e vai constar o preço que deve ser vendido ao consumidor. O preço máximo ao consumidor será de R$ 4 o quilo”, reforça o presidente da Conab, Edegar Pretto.

O produto deverá ser descarregado nos portos de Santos (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Itaqui (MA). O cereal deverá ser empacotado em embalagem de 2kg padronizada, com a logomarca do governo federal.

Fonte:Bahia Notícias