Uma luta que já se arrasta por anos em prol da aprovação do Bônus Sertanejo da Univasf, que visa acrescer um percentual de 15% à nota dos alunos da região ganhou mais uma vez um amplo debate no Nossa Voz desta segunda-feira (04). A conversa contou com a presença do Diretor da Uespe (União dos Estudantes Secundaristas de Petrolina), Paulo Presta, o professor da Univasf, Edimilson Santos, o membro do Diretório Central de Estudantes, Bruno Melo, a representante das instituições particulares de ensino, Mary Ann e a estudante Karine Ferraz, todos em defesa da implantação deste bônus que visa corrigir a discrepância de notas a que vem sendo submetidos os estudantes do Sertão.
Paulo Presta, diretor da UESPE, entidade autora do projeto que visa conceder os 15% de bônus aos estudantes sertanejos diz que somente com esta implementação a Univasf será importante para as pessoas da região que pretendem ingressar na universidade. “Não conheço nenhum estudante que seja contrário à campanha. Só com este percentual teremos uma inversão de proporção, onde os estudantes do Sertão serão maioria em detrimento de outros estudantes vindos de outros lugares. Nós temos a proposta de gerar a inclusão e a democratização do ensino”, afirma.
De acordo com o professor Edimilson, a discussão tem ganhado força pois, pela primeira vez é realizada com uma concentração de instituições. “O debate ganhou força na sociedade, há uma concentração de instituições lutando por um bem comum, o que vai facilitar o debate qualificado, uma vez que vemos diversas instituições Brasil afora lançando mão de políticas públicas que defendem a regionalização da universidade. Não faz sentido nenhum ter uma universidade no interior do Brasil ter a maior parte de pessoas de fora deste local. A UFPB, UFPE, Unicamp, UFMA, UFAM e muitas outras já possuem este bônus. É necessário que o CONUNI (Conselho Universitário) atenda a este anseio de toda a sociedade”, defende.
A gestora do curso BIoS, Mary Ann, que estava representando as instituições privadas no debate,classificou a forma de ingresso atual da Univasf como uma completa injustiça aos estudantes sertanejos. “Essa é uma luta não de instituição A ou B, mas uma luta única voltada a corrigir uma grande injustiça. Na última entrada pelo ENEM, a nota de corte mínima para acesso ao curso de Medicina pela Univasf era de 794.62 Na UFPE em Recife foi de 861.03, porém, esta nota foi acrescida com um bônus de 10%. A nota real foi de 774. 92. Ou seja, um estudante sertanejo pra estudar na Univasf tem que tirar, na ampla concorrência, 20 pontos a mais que um pernambucano que pode ganhar 10% de bônus na UFPE. É uma desigualdade e injustiça sem tamanho”, explica.
O representante do DCE, Bruno Melo, destacou que o fato do reitor Télio Leite, eleito por todas as instâncias, ainda não ter assumido seu cargo também gera instabilidade na questão do bônus. “A gente percebe que o atual reitor, que seria temporário e já demorou demais no cargo, na verdade, atua como um interventor e não tem respeitado o CONUNI. A gestão passou a não ouvir o conselho universitário e isso prejudicou a implementação do Bônus da Univasf”, destaca.
A estudante Karine Ferraz finalizou destacando que a Univasf surgiu com a intenção de fomentar o desenvolvimento regional, porém, atualmente não tem ocorrido isso. “Muitos alunos do Sul, Centro Oeste tem vindo e tomado as vagas da gente que é daqui, que depois de formado quer continuar aqui, então, a gente tem sofrido com essa inclusão. Precisamos que isso seja corrigido com bastante rapidez”, clama.