No dia do Velho Chico, Ronaldo Cancão faz o alerta: “As futuras gerações podem não mais ver a vida do São Francisco”

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No dia 4 de outubro de 1501, uma expedição naval comandada por Américo Vespúcio que descia parte da costa brasileira para reconhecimento, deparou-se com a imensidão da foz de um rio grandioso. Desse encontro nasce o primeiro relato oficial em relação ao Rio São Francisco e a data do seu batismo pelos portugueses, que escolheram esse nome por ser o dia 4 de outubro, o dia do santo São Francisco. Pelos índios daquela região, o Rio era conhecido como Opará, um vocábulo que representa a sua imensidão na etimologia tupi-guarani  que significa rio-mar.

Com 168 afluentes, o rio da integração nacional, assim chamado por interligar a região Sudeste ao Nordeste Brasileiro, é o maior rio inteiramente brasileiro. Ele percorre 2.863 km passando por seis estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além do Distrito Federal. Dezoito milhões de brasileiros dependem de suas águas.

Ciente da sua importância, o ex-vereador de Petrolina, Ronaldo Cancão partiu em expedição aos municípios localizados ao curso do rio e ao retornar à cidade fez questão de compartilhar os dados compilados ao longo do trajeto. 

“Eu fiz a segunda viagem ao Rio São Francisco para que possa levar para a sociedade e ao povo brasileiro, para Pernambuco e demais Estados, para as cidades, 521 cidades fazem parte do entorno do São Francisco, mas dependem dele 1535 cidade. E o Rio São Francisco agoniza e pede clemência. Ele tem dois algozes, Rio das Velhas e Rio Paraopeba. São os Rios que afligem o Rio São Francisco devido ao grande número de esgotamento sanitário, de rejeitos minerais e o esgoto químico das indústrias, da Grande Belo Horizonte que deságuam nele”, lamentou.

Segundo as informações repassadas por Cancão, a aceleração das ações  que buscam a revitalização do Velho Chico torna-se cada vez mais urgente. “O rio está assoreado, tem a [necessidade da] reposição da mata ciliar, a falta de tratamento das cidades em torno do Rio São Francisco é estarrecedor. Todo o esgotamento sanitário de Pirapora já dá no Rio São Francisco. É inadmissível. Pirapora, Três Marias, são os segundos maiores produtores de tilápia do mundo. É preciso reavaliar se os alimentos, se os peixes que ficam em cativeiro e são produzidos quimicamente, não trazem danos ao rio. Da mesma forma está em Sobradinho”. 

O ex-vereador de Petrolina reforça ainda a falta de fiscalização nas áreas que abrigam a nascente do São Francisco. “Estive na Serra da Canastra. É inconcebível arrancar a mata ciliar para plantar eucalipto, café, sem a devida segurança. (…) As futuras gerações podem não mais ver com os olhos, a vida do São Francisco”. 

Na busca por providências, Ronaldo planeja entregar um relatório acerca das suas visitas ao presidente Jair Bolsonaro, na sua próxima vinda à Petrolina. “O mar já adentrou o São Francisco 36 KM, perdeu a força. E sugiro ao Governo Federal para construir uma barragem de contenção no mar. Isso existe no Oriente Médio. Você faz uma barragem de contenção porque as cidades que estão no entorno de Sergipe e Alagoas estão captando água a uma certa distância porque a água já está salgada e o rio está perdendo a força”, alertou.