No Dia Internacional do Autocuidado, o HU-Univasf/Ebserh incentiva práticas que fortalecem a autonomia, a prevenção de doenças e o bem-estar

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Você tem cuidado de si? A pergunta, apesar de simples, pode transformar a maneira como cada pessoa se relaciona com a própria saúde. Neste 24 de julho, Dia Internacional do Autocuidado, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) reforça a importância de tornar esse cuidado parte da rotina. Especialistas compartilham orientações para mostrar como hábitos acessíveis podem fazer diferença no cuidado com a saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define autocuidado como a capacidade de indivíduos, famílias e comunidades de promover e manter a saúde, prevenir doenças e lidar com elas, com ou sem o apoio de profissionais de saúde. Segundo a Organização, o autocuidado deve ser praticado 24 horas por dia, sete dias por semana.

O que está ao seu alcance

Cuidar da própria saúde pode ser mais simples do que parece. Essa é a perspectiva do professor do curso de Farmácia da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e coordenador do Ambulatório em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde do Hospital Universitário (HU-Unifap), Madson Gomes. “No Ambulatório, buscamos mostrar que é possível promover a saúde por meio de atitudes acessíveis a todos”, explicou. No acompanhamento com os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), ele organiza o autocuidado em três dimensões: física, emocional e espiritual.

Para o professor, a mudança começa quando a pessoa assume o protagonismo no cuidado consigo. “Estimulamos os pacientes a se responsabilizarem por esse processo. A equipe de saúde está ali para apoiar, mas é o paciente que precisa tomar as rédeas da própria vida”. Madson reforçou que o trabalho multiprofissional do SUS tem papel fundamental nesse processo, promovendo uma abordagem mais preventiva e menos centrada na medicalização.

O apoio social no autocuidado

O autocuidado também envolve o contexto social, como explicou a assistente social e chefe do Setor Multiprofissional 1 do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CH-UFRJ), Elen Regina de Oliveira. “As causas que levam as pessoas a não praticarem o autocuidado vão muito além da falta de informação”. O apoio familiar e o acolhimento por parte das redes públicas de atenção fortalecem o processo de cuidado. Elen detalhou: “O autocuidado envolve responsabilidade, autonomia e liberdade para escolher como cuidar do estado físico, emocional e mental. A presença da família e da comunidade favorece o acolhimento e estabelece vínculos de corresponsabilidade”.

Além disso, Elen destacou a importância de cuidar de quem cuida. “Mães, avós e cuidadores, por exemplo, muitas vezes se colocam em segundo plano. Participar de grupos de apoio ajuda a compartilhar experiências e a enfrentar o sofrimento. O autocuidado em grupo pode ser muito enriquecedor”. E pontuou que profissionais de saúde precisam criar espaços acessíveis para compartilhar conhecimento.

A importância do autocuidado durante o tratamento de saúde

Na Unidade de Oncologia do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), por exemplo, o autocuidado é parte do tratamento. “As orientações começam antes mesmo do início da quimioterapia ou radioterapia e seguem ao longo de todo o processo, sempre com foco na autonomia do paciente e na construção de um cuidado que vá ao encontro com o seu tratamento ou com as suas necessidades/individualidades”, disse a enfermeira Luana Bonow.

Para a profissional, atitudes simples, como manter a hidratação, cuidar da alimentação e mudanças de hábitos de vida, ajudam a reduzir os efeitos adversos dos tratamentos. “Essas ações, quando compreendidas e incorporadas pelo paciente, proporcionam mais conforto, segurança e protagonismo no enfrentamento da doença. Falamos sobre vínculos afetivos, atividade física, lazer e cessação do tabagismo, respeitando sempre a individualidade do paciente e buscando promover bem-estar em todas as dimensões da vida”.

A equipe multiprofissional faz orientações verbais e entrega materiais educativos nas consultas de Enfermagem e médicas. “Esses materiais reforçam as instruções de forma clara e acessível, promovendo um autocuidado seguro, contínuo e em parceria com os profissionais de saúde”.

Nutra sua vida

Para a nutricionista clínica Maiane Macedo, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf), “cuidar da alimentação é, talvez, uma das mais importantes estratégias quando se fala em autocuidado, pois promove bem-estar de dentro para fora, refletindo na saúde física, mental, autoestima e até na estética”.

Para ela, priorizar alimentos in natura, preparar refeições caseiras com ingredientes minimamente processados e evitar ultraprocessados ricos em sal, açúcar e conservantes são formas concretas de autocuidado. Além disso, “Planejar o tempo para comer sem pressa, sem distrações e com boa companhia faz parte do cuidado consigo mesmo”. Estratégias para manter uma alimentação saudável na rotina incluem:

  • Planejar as refeições da semana para facilitar a escolha dos alimentos;
  • Preparar porções de proteínas e verduras com antecedência, congelando para uso posterior;
  • Ter frutas e lanches saudáveis visíveis e acessíveis, para facilitar as escolhas;
  • Manter uma garrafa de água sempre à mão.

Ouça seu corpo

“Seu corpo é sua casa. Trate-o com carinho.” A orientação da fisioterapeuta Elisa Portella, do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), reforça a importância de incluir o autocuidado físico para prevenir dores, sedentarismo e problemas posturais. As recomendações são:

  • Espreguice-se ao acordar para hidratar a fáscia, tecido que envolve músculos e órgãos, promovendo leveza e mobilidade.
  • Faça pausas a cada uma ou duas horas e alongue braços, pescoço e costas.
  • Ajuste sua postura: pés apoiados no chão, tela na altura dos olhos e antebraços apoiados ao digitar.
  • Caminhe com frequência, podem ser pequenos deslocamentos, para ativar as circulações.
  • Hidrate-se e escolha alimentos naturais.
  • Use bolinhas de massagem nos pés e nas costas para relaxar.

Para inserir exercícios na rotina, Elisa orienta:

  • Comece com metas pequenas, como caminhar 10 a 15 minutos por dia.
  • Escolha atividades prazerosas e acessíveis.
  • Organize o ambiente: roupas de treino visíveis incentivam a prática.
  • Associe o exercício a momentos agradáveis, como ouvir música.
  • Incorpore deslocamentos ativos, como ir a pé ou de bicicleta.

Cuide da mente

A psicóloga Glaucia Sanches, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), lembrou que o autocuidado não é luxo nem egoísmo, mas uma necessidade. “A mente humana precisa de pausas, acolhimento e rituais que nutrem. Quando você se cuida com intenção, começa a construir internamente um ‘lugar seguro’, onde emoções difíceis são respeitadas e não reprimidas”. Ela comparou o corpo a uma casa: sem manutenção, tudo fica sobrecarregado, o mesmo vale para a mente.

A neurociência comprova que “pequenos hábitos diários como respirar fundo, se alimentar conscientemente e cultivar vínculos saudáveis ajudam a regular o sistema nervoso, diminuindo o cortisol, hormônio do estresse, e favorecendo a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores ligados ao bem-estar”. Para cuidar da saúde mental, Glaucia recomenda:

  • Crie rituais simples: tomar café na varanda, ouvir música suave ou abraçar um travesseiro.
  • Observe seu corpo: tensão na mandíbula, respiração curta, desconforto são sinais.
  • Fale consigo com respeito: troque ‘tô sendo fraca’ por ‘estou passando por algo difícil, e tudo bem’;
  • Busque presença: esteja onde seu corpo está. Isso é mindfulness (atenção plena) na prática.

Sobre a sobrecarga emocional, Glaucia alertou: “Nem sempre ela grita, às vezes ela sussurra. Muitas pessoas só percebem quando o corpo para ou a mente trava”. Os sinais comuns são: cansaço que não melhora com descanso, alterações bruscas no humor, sensação de estar no piloto automático, dificuldade de concentração, vontade de se isolar e perda de prazer em atividades antes gostosas. E orientou: “Se a vida está mais esforço do que leveza, vale procurar um psicólogo. Terapia não é só para crises, é prevenção, descoberta e, muitas vezes, renascimento”.

Sobre a Ebserh 

O HU-Univasf faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação. 

Fonte: Assessoria