Com um discurso realista quanto aos prazos relativos à resolução de problemas relativos aos sistemas de esgotamento sanitário e abastecimento, o novo diretor regional do Sertão, Igor Galindo e o novo gerente regional, Alexsandro Chaves, ambos da Compesa, falaram sobre o plano de ação da estatal para Petrolina. Em entrevista ao Nossa Voz desta terça-feira (18), eles explicaram que as demandas mais urgentes estão em curso, mesmo com o quadro de sucateamento de equipamentos já exposto pela estatal em nota recente divulgada à imprensa.
“Nós já tomamos as providências, na verdade, já havia um planejamento em relação aos caminhões de esgoto. Nós tínhamos 11 veículos ao todo e nove estavam em oficinas, sendo consertados. Alguns estão em Recife, outros em oficinas aqui, mas os serviços demoram um pouco para serem finalizados porque são equipamentos com peças muito exclusivas, serviços muito específicos, então a gente não tem mercado com peças sobressalentes como temos em carros populares e isso demora um pouco. Tão logo foi notificado e observamos a situação, estamos rodando com os caminhões. Estávamos ontem com sete veículos trabalhando nos serviços da Compesa”, explicou Galindo.
Com a atuação emergencial paralelo ao dia a dia das demandas da companhia, já foi possível dar vazão a parte da demanda reprimida. “Aquela questão relativa aos 800 solicitações de serviço em espera, nós estamos conseguindo fazer o dia a dia, porque todos os dias aparecem os serviços de manutenção, e isso é uma prática comum nossa, e estamos zerando esse passivo. Até ontem, tínhamos 270 ordens de serviços pendentes, ou seja, em menos de uma semana de serviço. Já começamos a fazer essa mudança, estamos também contratando um técnico que vai ficar exclusivo para olhar e tratar os serviços dos caminhões de esgotos para permitir que eles tenham sempre continuidade e como as paradas de manutenção desses carros são normais, isso será feito de forma mais rápida e isso também é uma melhoria na área de gestão”.
Galindo ainda reforçou o processo de captação de recursos e a previsão de aplicação na cidade. “Para 2023 temos algumas captações de recursos e ontem foi anunciado pela governadora a captação de recursos, cujo o foco está na questão da água e a gente tem, um termo de referência já sendo assinado que visa a questão do esgotamento sanitário e isso é um projeto grande que vai elaborar todo um projeto macro de esgotamento sanitário no município de Petrolina. E em relação a água, já estamos com a captação de recursos externos com bancos e desse dinheiro serão investidos em torno de R$ 65 milhões em água para os próximos anos, dentro da cidade”.
Ao Nossa Voz, Alexsandro Chaves assegurou a proximidade com a comunidade. “Ontem, em reunião com núcleo social da Compesa, com a dra. Lucy que trabalha aqui com a gente, a primeira demanda colocada foram as reuniões com os presidentes de bairros, com as lideranças, porque são eles que recebem essas reclamações. Outro setor importante é o de vereadores, que recebem também todas essas demandas diante da sociedade”.
Ampliação da rede
Em meio aos questionamentos feitos pelos ouvintes do programa, sobre sistemas inacabados a exemplo do Jardim Petrópolis e Antônio Cassimiro, Igor Galindo fez questão de exaltar os números do saneamento em Petrolina, segundo os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
“Estamos entre as 40 cidades do país com os melhores sistemas de esgotamento sanitário do Brasil. Temos 84% de cobertura de esgotamento sanitário neste município e somos o 5º melhor no Nordeste. Então, é motivo de muito orgulho para o petrolinense, para a Compesa, ter uma cidade tão bem saneada, tão bem atendida por esgotamento sanitário. Os outros 16%, infelizmente, estão em sistemas operados pela prefeitura e implantados pelo município ao longo dos anos ou em algumas áreas que necessitam de expansão”.
Sobre o Jardim Petrópolis, o diretor regional do Sertão explicou que o sistema de esgotamento sanitário do bairro foi implantado pelo município e não foi repassado para a Compesa por existirem “critérios relacionados a implantação da rede, o diâmetro, que não atendem ainda às especificações e as condições para que a Compesa possa assumir”. Ele ainda revelou que há questões legais e licenças que precisam ser resolvidas para isso.
“Portanto, a Compesa ainda não atua no Jardim Petrópolis. Mas já existe um termo de referência que a Compesa está concluindo. O objetivo dele é, primeiro, fazer um diagnóstico macro, um levantamento geral de todo o sistema de esgotamento sanitário do município, e em seguida a gente parte para os projetos que chamamos de projeto executivo, que é detalhar cada área dessa. Então, certamente o Jardim Petrópolis, o Dom Avelar, o Antônio Cassimiro, estarão dentro dessas áreas e ao longo do tempo faremos os projetos, captando os recursos e fazendo a implantação para que possamos atender os outros 16% do município e satisfatoriamente resolver os problemas com a população”, detalhou.
Há uma situação semelhante na bacia do Dom Avelar. “Ela tem uma série de vícios ou de defeitos durante a execução desse projeto. Eles foram executados fora das normas que a Compesa exige hoje para operar um sistema e tem uma série de falhas e dificuldades de operação. Mesmo assim, eu me lembro de 2015 a Compesa concluiu uma elevatória de esgoto que faz a captação de todo esse esgoto do Dom Avelar e joga para a estação de tratamento que é operado pela Compesa. Então a elevatória e a ETI já são operadas pela Compesa, a rede ainda não”.
Galindo relembrou a queda de braço envolvendo a execução do serviço que resultou na perda de recursos. “Em 2019, existia um projeto que a Compesa estava captando junto ao governo federal R$ 38 milhões para recuperar esse sistema de esgotamento sanitário, passar operá-lo, mas naquele momento o município fez uma intervenção, fez uma outra captação em paralelo com um valor bem inferior, que não era para recuperação, era para limpeza e alguma manutenção do sistema. Mas infelizmente a Compesa perdeu esse recurso do governo federal. Era uma grande oportunidade para o município, que a Compesa pudesse ter investido os R$ 38 milhões naquela bacia e hoje o problema já estaria resolvido. Então, daqui para frente precisa ser feito, é necessário fazer as intervenções necessárias neste sistema que custa em torno de R$ 30 milhões, essa é a nossa primeira estimativa e fazer essa parceria para que o município possa corrigir as coisas, organizar toda a documentação e passar para a Compesa. A Compesa é parceira, está de olho na população, está aberta ao diálogo, está aberta à discussão, a captação de recursos para fazer essas obras do Dom Avelar”.
Prazos
Questionado sobre quando as soluções definitivas para problemas relativos ao saneamento de Petrolina se tornarão realidade, Galindo ponderou que entre os diagnósticos, criação de projetos e realização das obras, haveria pelo menos um ano de espera.
“Os projetos demoram, porque vão revisar a situação do sistema na cidade inteira. Em seguida você parte para um projeto executivo e em seguida virá a intervenção. Nesse meio tempo, tem que haver um posicionamento muito positivo do município também, por ser o titular, tem que ter o interesse de formalizar isso para que possamos fazer todo esse trabalho. A gente não consegue lhe dizer o prazo específico para que tudo aconteça mas, será em torno disso e haverá muito diálogo com o município para que isso possa acontecer, de fato no prazo que seja o mais rápido possível”.