No mês dedicado às mulheres, o programa “Nossa Voz” escolheu destacar aquelas que estão transformando o agronegócio. O Dia Internacional da Mulher, oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, simboliza a luta feminina por igualdade em todos os setores da sociedade. No agronegócio, essa batalha se reflete na busca por espaço, respeito e reconhecimento em um segmento historicamente dominado por homens.
Para discutir essa realidade, o programa recebeu três mulheres que são referências no setor: Mineia Kazume Coelho Otsuka, produtora rural e técnica agrícola; Gessica Mayra Almeida dos Santos, engenheira agrônoma e coordenadora da Seiva do Vale; e Daysianne Radja Souza Pereira, empreendedora e sócia-diretora da Central das Mudas.
Mineia, que também atua na distribuição de produtos agropecuários, reforçou os desafios de empreender no Brasil: “A gente sabe que, no nosso país, a cada minuto quatro empresas fecham, muitas delas a um passo do sucesso. O recado que eu dou é que empreender é uma atitude de coragem. É um caminho solitário, mas que exige resiliência. Vale a pena e é muito gratificante.”
Daysianne Radja, que há 10 anos se destaca no mercado de mudas e paisagismo, compartilhou sua trajetória de superação: “Vim de muito baixo, com muito pouco. Hoje estou alcançando meu espaço, fazendo meu nome. E é muito gratificante. O que tenho para dizer às mulheres é que já nascemos guerreiras.”
A engenheira agrônoma Gessica Mayra destacou a mudança no setor: “Antigamente, a engenharia agronômica era uma profissão voltada apenas para homens. Hoje, no Vale do São Francisco, temos cada vez mais mulheres ocupando espaços de liderança. No meu convívio profissional, trabalho com muitos homens, mas conseguimos nos posicionar e mostrar que também temos competência. O agro também é lugar de mulher.”
Mineia também relatou desafios enfrentados em reuniões dominadas por homens: “Fui para uma reunião na capital, só com homens, e eles não me deixavam falar. Tive que ser muito forte, me posicionar. O preconceito ainda é muito forte.”
Algo que Gessica reconheceu que há homens aliados na busca por igualdade: “Tenho 13 anos na Seiva do Vale e um professor que me ajudou muito, Aldemir. Ele é um líder que apoia mulheres a desenvolverem suas habilidades.”
Inspiração e Determinação
Daysianne contou que sua motivação sempre foi proporcionar uma vida melhor para sua família: “Fui mãe muito nova, tive que interromper os estudos por um tempo, mas depois continuei e hoje estou aqui, contando minha história e sendo exemplo para outras mulheres. Ser mulher é ser forte, ser corajosa e nunca desistir.”
Para Mineia, o suporte certo faz diferença: “Ter um bom companheiro, alguém que te motive e reconheça seu trabalho, é um passo importantíssimo. Já passei por muitas dificuldades, poderia ter desistido várias vezes, mas a motivação me fez enxergar cada obstáculo como pequeno diante do meu objetivo.”
A presença dessas três mulheres no agronegócio é um reflexo de uma transformação maior, na qual a igualdade de gênero avança cada vez mais. Com resiliência e determinação, elas mostram que o futuro do agro também pertence às mulheres.