Durante visita a Juazeiro, na Bahia, nesta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um discurso enfático e combativo. Em tom político, Lula voltou a atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem se referiu como “o coiso”, e afirmou que, se for necessário, voltará a disputar a Presidência da República para “pagar essa conta” e “derrotar essa turma”, em referência à extrema direita.
A cerimônia na Orla II, que marcou a apresentação do PAC Saúde – Mais Especialistas, foi conduzida com locuções que exaltavam o presidente como “o verdadeiro patriota do Brasil”. Lula não deixou o gesto passar despercebido e usou o microfone para reforçar que seu compromisso é com o povo, principalmente os mais pobres. “Eu sempre trabalhei para que as pessoas mais humildes tivessem os mesmos direitos que as pessoas mais afortunadas. E só quem pode garantir isso é o Estado”, afirmou.
Ao falar da importância da ampliação do acesso à saúde, Lula fez uma crítica direta à dificuldade histórica dos brasileiros para conseguir uma consulta com especialistas e realizar exames no sistema público. “A pessoa ia no médico, recebia uma receita, mas só conseguia marcar com o especialista para dali a dez meses. Depois, precisava de um exame e eram mais onze meses. Muita gente morria com a receita debaixo do braço”, disse. Em seguida, elogiou as policlínicas implementadas na Bahia e defendeu o modelo como exemplo a ser seguido em todo o país.
Lula reconheceu que a reconstrução do sistema de saúde exige parcerias com hospitais privados, profissionais e clínicas que possam atuar fora do horário tradicional. “Temos que fazer convênios com hospitais, com clínicas, com as pessoas para trabalharem sábado, domingo, até à noite. Porque temos uma dívida histórica com o povo pobre deste país”, declarou. Ele também voltou a destacar a importância do Farmácia Popular, lembrando que 41 medicamentos estão sendo distribuídos gratuitamente.
A parte mais dura de seu discurso foi reservada às críticas ao ex-presidente Bolsonaro. Lula relatou que recebeu uma carta assinada por Donald Trump, a pedido de um dos filhos de Bolsonaro, ameaçando taxar o Brasil em 50% caso “não parassem de perseguir” o ex-presidente. “Primeiro, quem governa o Brasil não é o Trump. Não é o filho do ‘coiso’. Quem governa esse país é o povo brasileiro. E quem julga aqui é a Suprema Corte”, afirmou.
O presidente acusou Bolsonaro de ter planejado um golpe de Estado e disse que militares presos confessaram a existência de um plano para assassiná-lo, junto ao vice-presidente Geraldo Alckmin e ao ministro Alexandre de Moraes. “O seu Bolsonaro vai ser julgado, e se for condenado, o lugar dele é no xilindró”, disse, sem rodeios. “Neste país, a lei vale para todo mundo. Ninguém é melhor do que ninguém.”
Em tom de despedida, Lula afirmou que vai completar 80 anos em outubro, mas deixou no ar a possibilidade de disputar novamente a Presidência caso considere necessário. “Ainda está longe da eleição, mas se for preciso ser candidato para enfrentar essa turma do ‘coiso’, podem ter certeza: eu vou pagar a minha conta. Nós vamos fortalecer e consolidar a democracia desse país.”
A visita a Juazeiro também marcou a entrega de novos investimentos em saúde para o município por meio do PAC 2025, com foco na ampliação da atenção especializada, estruturação das unidades básicas e fortalecimento do SAMU. Lula exaltou os avanços do SUS e lembrou que o Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que oferece um sistema público de saúde universal.
“É assim que a gente cuida desse povo. O papel do governo não é apenas administrar. É cuidar. É garantir que ninguém morra por falta de remédio, de médico ou de respeito”, concluiu, sob aplausos.