“O partido não demonstrou capacidade de condução”, destaca Odacy Amorim como principal motivo de sua derrota à prefeitura de Petrolina

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Em entrevista concedida nesta quinta-feira (7), o ex-prefeito de Petrolina, Odacy Amorim, que obteve 10.373 votos nas últimas eleições municipais, correspondendo a 5,69% dos votos válidos e ficando em quarto lugar, fez um balanço crítico sobre o processo eleitoral e a falta de apoio estrutural que, segundo ele, contribuiu para o resultado desfavorável.

“Quando começa essa movimentação, o eleitor precisa sentir uma firmeza, uma expectativa de poder”, avaliou Amorim. “Infelizmente, nossa estrutura não funcionou adequadamente. Não posso deixar de observar o que ocorreu nos Estados Unidos, onde a vice-presidente [Kamala Harris] foi derrotada. Algo similar aconteceu aqui, onde, apesar do crescimento da extrema-direita, o campo progressista falhou em estabelecer uma estratégia sólida para vencer.”

Ao analisar o desempenho da prefeitura e do governo estadual, Odacy reconheceu uma competência estratégica. “A equipe da prefeitura mostrou uma força considerável e, mesmo com níveis de aprovação inferiores ao do governo federal, a governadora foi extremamente eficaz em construir uma estratégia eleitoral robusta,” afirmou.

Ele também ressaltou que, embora sua candidatura tenha contado com o apoio da governadora, faltou uma integração mais ampla com a estrutura federal. “Quantas instituições federais temos em Petrolina? A presença federal foi quase inexistente. Quem estava lá era a estrutura do Hospital Universitário, mas sem uma articulação visível com outros órgãos importantes como a Codevasf.”

Amorim ainda destacou que esperava uma atuação mais incisiva de lideranças do PT e do governo federal. “O senador Humberto Costa veio a Petrolina três vezes, o que foi significativo, mas faltaram outros nomes de peso. Um único deputado federal do PT de Pernambuco sequer apareceu na cidade durante o período eleitoral. Até mesmo o presidente da Codevasf, que poderia ter uma atuação mais visível aqui, não compareceu, apesar de termos convidado.”

Segundo o ex-prefeito, uma das causas da derrota foi o impacto de pesquisas direcionadas e de mão invisível sobre o processo eleitoral. “Enfrentamos pesquisas que, no final, soubemos que teve mãos invisíveis. Também teve um instituto que, depois, soubemos que recebeu financiamento para divulgar dados desfavoráveis. Teve uma pesquisa que o PT contratou que dava impacto técnico na margem de erro, mas teve um fator para a gente foi publicar. A gente não tinha percebido que na liberação de recurso do partido dizia que não podia publicar, era então um entrave”

Questionado sobre o apoio estadual, Amorim destacou que a parceria com o governo local e estadual foi sólida, mas lamentou que o Partido dos Trabalhadores (PT) tenha limitações em se ajustar para as próximas disputas. “O PT é um partido que carrega uma imagem difícil, rotulado como corrupto, mas sem envolvimento em práticas de compra de votos. Para 2026, precisaremos de um ajuste muito maior para reverter esse quadro”, observou.

Na visão de Odacy, Petrolina, como importante polo econômico e eleitoral de Pernambuco, deveria ter recebido atenção prioritária do partido. “Petrolina estava entre as prioridades do PT, reconhecendo a influência da cidade na região. No entanto, a falta de presença de lideranças chave, como o deputado Carlos Veras, prejudicou nossa campanha.”

Ao ser questionado sobre o que motivou essa falta de alinhamento entre ele e o partido, Odacy Amorim afirmou que o PT não demonstrou capacidade de condução estratégica. “É de fato. O partido não demonstrou capacidade de de condução”, destacou. “Cumpri todas as tarefas que me foram dadas pelo partido, mas é evidente que está faltando uma unidade mais precisa. Dentro do PT, alguns colocam interesses pessoais acima de um projeto de governo verdadeiro.”

Ele também comentou a atuação de algumas figuras políticas, afirmando que o senador Humberto Costa “se esforçou para vir a Petrolina três vezes, o que foi significativo, mas faltaram outros nomes de peso”.

A resposta de Odacy Amorim foi igualmente contundente diante das críticas de Gilmar Santos, que o acusou de manter um discurso morno e sem oposição direta à gestão municipal. “Já mostrei problemas concretos, como a falta de cirurgias eletivas no hospital, a situação da merenda escolar, e a carência de serviços básicos. Meu estilo é direto, mas também racional. Não concordo com a crítica de que fui omisso. Estive presente e fiscalizei os serviços essenciais, mas sem recorrer a ataques desnecessários.”

Odacy finalizou a entrevista ressaltando que, embora continue à disposição do partido, questiona seu futuro dentro do PT, considerando a possibilidade de uma movimentação estratégica. “Não houve convite do PDT ou dos Republicanos, o PDT chegamos a conversar, a governadora sinalizou que o PDT faria um gesto comigo, mas não ficou combinado, mas vejo que, caso continue na vida pública, preciso agir com uma visão muito mais racional e independente” concluiu.