Em entrevista concedida nesta terça-feira (3) ao programa Nossa Voz, a superintendente do DNIT, Roberta Alcântara, o engenheiro fiscal das obras, André Ramos, e George Falcão, diretor da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Juazeiro (ACIAJ), discutiram os avanços da obra da travessia urbana. Durante a conversa, os participantes destacaram detalhes sobre as etapas do projeto e os impactos para a região.
Segundo Roberto Gomes, representante do DNIT, a principal dificuldade está relacionada à permanência de permissionários que ocupam a área sob a ponte há décadas. “Nós temos cerca de 42 boxes, com 22 ou 23 ainda ocupados. Essas pessoas estão lá há mais de 30, 40 anos. Desde março, quando ocorreu a primeira notificação pelo município de Juazeiro, tentamos negociar a saída pacífica para viabilizar as obras. No entanto, os prazos iniciais não foram cumpridos, o que impede que o DNIT avance com as intervenções.”
Roberto destacou que, após tratativas com a gestão anterior, ficou acordada a construção de um terminal de vans para realocar os permissionários, mas o impasse permaneceu devido à preocupação dos ocupantes com a subsistência enquanto o novo terminal não é concluído. “Com a nova gestão eleita, já houve uma reunião com o prefeito Andrei da Caixa, que se comprometeu a construir o terminal e a enviar um projeto de lei para a criação de um auxílio-aluguel. Esse auxílio permitirá que os permissionários aluguem outro imóvel e continuem com seus negócios até que o terminal seja entregue.”
Apesar disso, o atraso na desocupação dos boxes ainda representa um obstáculo significativo. “Se não conseguirmos avançar por meio dessa parceria, restará ao DNIT solicitar a reintegração de posse na Justiça. Não é o que desejamos, mas temos um prazo a cumprir e a população espera por essa obra que é de interesse público”, completou Roberto.
Outro ponto levantado na entrevista foi a preocupação com o impacto das obras no fluxo de veículos entre Juazeiro e Petrolina. Inicialmente, havia a previsão de interrupção total do tráfego pela ponte, mas essa ideia foi descartada após reuniões com diversas entidades, como a Associação Comercial, CDL, Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), PRF e Sindilojas.
“Decidimos por alternativas menos prejudiciais, como a duplicação das alças de acesso à ponte. A previsão é que as obras das alças comecem no dia 6 de janeiro. Inicialmente, haverá interrupção parcial do fluxo, mas estamos trabalhando para minimizar transtornos. Assim que as alças forem concluídas, poderemos iniciar a demolição dos boxes sob a ponte e avançar na construção do viaduto”, explicou Roberto.
Além disso, ele destacou que a obra inclui 600 metros de viaduto com pistas duplicadas e mais 1.400 metros de duplicação até a região do Assaí. “Com isso, teremos duas pistas para cada sentido, o que trará mais fluidez ao tráfego.”
Sobre os viadutos, André Ramos, engenheiro fiscal, ressaltou que a execução segue o cronograma dividido em etapas. “Temos equipes distintas trabalhando na parte estrutural dos viadutos, terraplanagem e pavimentação. A previsão é que a estrutura dos viadutos três, quatro e cinco seja concluída até o final de dezembro, e, em seguida, iniciaremos a pavimentação asfáltica.”
No entanto, André destacou que a complexidade da obra dificulta atender a todas as demandas locais. “Entendemos as necessidades de acesso de moradores e comerciantes, mas, durante a execução, alguns transtornos são inevitáveis. O objetivo é garantir que, ao final, tudo seja organizado para atender às demandas da região.”
A colaboração entre o DNIT e o município é considerada essencial para o avanço da obra. Roberto Gomes enfatizou que a parceria com a gestão municipal facilita as tratativas com os permissionários e a execução de medidas paliativas, como reparos em vias alternativas e sinalização adequada.
“Ainda temos ruas em Juazeiro que precisarão de intervenções para receber o fluxo de veículos durante as obras. Estamos fazendo estudos para minimizar congestionamentos, especialmente em horários de pico. Acreditamos que, com diálogo e planejamento, conseguiremos executar a obra sem grandes transtornos”, afirmou Roberto.
A previsão é que as obras nas alças sejam concluídas até fevereiro, possibilitando o início das intervenções maiores, como a construção do viaduto principal. “Estamos comprometidos em entregar uma obra que realmente beneficie a população de Juazeiro, Petrolina e toda a região do Vale do São Francisco”, finalizou Roberto.