Odacy Amorim deixa o PT e articula nova candidatura em 2026

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Ex-prefeito de Petrolina e ex-deputado estadual diz que sai “pela mesma porta por onde entrou, com dignidade”. Ele critica a condução do partido no estado e mira partidos de centro para um novo projeto político.

O ex-prefeito de Petrolina e ex-deputado estadual Odacy Amorim anunciou sua saída do Partido dos Trabalhadores (PT), legenda à qual foi filiado por mais de década e pela qual disputou e venceu diversas eleições. Em entrevista ao Nossa Voz, Odacy afirmou que a decisão tem como objetivo o “reposicionamento político” e confirmou que está em conversas com partidos de centro com vistas à eleição de 2026.

“Entrei por uma porta e, no caso da minha saída, saio pela mesma porta: de forma digna. Saio grato pela oportunidade que tive de disputar as eleições que pude disputar”, afirmou.

Segundo Odacy, o momento é de buscar novas alianças e respirar “novos ares” no cenário político do Sertão.

Odacy afirmou que sua saída é também uma forma de permitir que o PT siga seu caminho sem amarras, ao mesmo tempo em que ele e seu grupo político ganham liberdade para construir novas alianças.

“Chegava um momento de se reposicionar. As disputas políticas têm estado muito dentro desse choque que o país vive. Tem momentos que são necessários aos enfrentamentos, mas tem outros que não trazem benefício à sociedade”, explicou.

O ex-deputado também criticou a forma como o partido tem tratado lideranças do interior. Ele afirmou que não guarda ressentimentos, mas apontou a falta de reconhecimento à contribuição eleitoral de sua esposa, Dulci Amorim, ex-deputada estadual.

“Não é ressentimento, é uma questão de região. O senador Humberto me disse que a candidatura de Dulce garantiu a eleição de Clodoaldo Magalhães e Renildo Calheiros. Mas não houve nenhum reconhecimento. Zero.”

Odacy demonstrou insatisfação com o que chamou de esvaziamento dos temas fundamentais para o desenvolvimento da região do São Francisco, como a irrigação, o uso das águas do rio e o papel da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

“A gente está deixando de discutir o Rio São Francisco. Não tem uma discussão madura no parlamento, nem estadual, nem federal. A Codevasf tem dado muito pouco para Petrolina. Nem atenção tem dado”, criticou.

Segundo ele, a região está abandonada por lideranças que não têm articulado ações de infraestrutura e desenvolvimento.

“Petrolina é uma cidade forte. Mas faz quantos anos que Petrolina tem uma obra nova de saneamento? Isso é responsabilidade de quem administra.”

Odacy confirmou que já foi procurado por quatro partidos: Avante, Podemos, PSD e Republicanos. Ele não descartou a possibilidade de se filiar a uma dessas legendas, mas disse que a decisão será tomada com cautela.

“A gente tem conversado. Não vou ter pressa para essa migração. Preciso de um projeto que represente de fato a garantia de mandatos e que defenda a região”, afirmou.

Sobre a possibilidade de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco em 2026, e de Dulci concorrer à Câmara dos Deputados, Odacy disse que o casal discute a melhor estratégia, mas reforçou que não haverá divisão de votos entre eles.

“O que a gente tem desenhado é um projeto só, de uma candidatura. Alguns partidos insistem em uma candidatura federal, porque acham que há espaço. Mas o que não pode é um querer os meus votos, sem oferecer contrapartida. Isso não funciona.”

Odacy Amorim também avaliou o cenário político nacional. Defendeu um debate “menos apaixonado” e mais focado em resultados. Como exemplo, citou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 7 mil.

“Esse debate é fundamental. Uma pessoa deixar de pagar R$ 300 ou R$ 400 de imposto todo mês mexe com a economia. A política precisa ser feita com seriedade e foco no que melhora a vida das pessoas”, concluiu.

Odacy Amorim deve anunciar sua nova filiação partidária até o fim deste ano. Ele pretende voltar a disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco, mantendo como prioridade a defesa da região do Vale do São Francisco, especialmente em temas como água, irrigação, infraestrutura e desenvolvimento regional.

Dulci Amorim também é cotada para disputar as eleições de 2026. O casal ainda não confirmou qual dos dois vai concorrer, mas garantem que só um nome será lançado, com foco em fortalecer a representatividade do Sertão no Congresso ou na Alepe.