Criado na década de 90, o movimento do Outubro Rosa acontece mundialmente para conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, mais de 66 mil mulheres foram diagnosticadas com a doença em 2022 e até 2025, 74 mil novos casos serão descobertos ano a ano. Para tratamentos bem sucedidos que levem aos quadros de cura, é necessária a vigilância constante, principalmente quando já houve incidências de câncer na família.
Em entrevista ao Nossa Voz desta segunda-feira (09), o oncologista e diretor médico do Hospital Dom Tomás, Alan Ribeiro, falou sobre o impacto causado pelas ausências registradas durante a pandemia da covid 19. “Há uma estimativa de que durante a pandemia, devido ao receio da população em sair de casa, os índices de consultas, exames e rastreamento foram reduzidos, não só no Brasil, mas em todo o mundo, revelou. Porém fica uma sequela daquilo que aconteceu na pandemia, que foi a baixa procura, percebemos que nos primeiros meses após a pandemia tivemos casos de câncer mais avançados devido a queda desse rastreamento e diagnóstico precoce”, lamentou.
Entretanto, o médico celebra o aumento da busca pela prevenção. “Há uma conscientização geral, com certeza. O trabalho dos órgãos públicos, da imprensa, das sociedades médicas junto à população, tem melhorado muito a conscientização e nós temos percebido, com o passar dos anos, excetuando-se, claro, os anos da pandemia, mas nos demais anos temos percebido o aumento do número de diagnósticos precoces”.
Ainda sobre isso, dr. Alan faz um alerta importante. “No início não há sintomas esse é o problema. É uma doença silenciosa no início, assintomática. Quando o paciente vem perceber alguma coisa já está com o nódulo com, pelo menos, dois, três centímetros, já com comprometimento na axila e, muitas vezes, com a doença já avançada. Quando a doença é inicial, e aí é onde está o segredo do rastreamento e dessa conscientização do Outubro Rosa é diagnosticar quando a doença está assintomática. Assim, a capacidade e a taxa de cura ultrapassam os 90%”.
Segundo Ministério da Saúde, os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são:
- Nódulo – geralmente endurecido, fixo e indolor
- Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja
- Alterações no bico do peito (mamilo)
- Saída espontânea de líquido de um dos mamilos
- Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas)
Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como: envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e exposição à radiação ionizante.
A secretária executiva de atenção à saúde, Carolina Freire ressalta que a Prefeitura de Petrolina também tem atuado nessa rede de detecção do câncer de mama. “É importante que a atenção primária comece a fazer essa busca ativa dessas mulheres, no atendimento no planejamento familiar, no atendimento clínico do próprio serviço básico de saúde, atendimento com a enfermagem. Nesses momentos a gente consegue iniciar os processos, mesmo que não seja possível detectar o problema. Mas é possível iniciar os processos pra que a gente consiga encontrar, de acordo com os sinais e sintomas do que o paciente vem apresentando”.
Além disso, com o programa Cuida Mais Mulher, esse acompanhamento foi ampliado com o foco nas mulheres do campo. “Essa preocupação a gente vem tendo durante todos os dias, mas estamos fortalecendo durante esse mês de outubro. E já em setembro iniciamos um projeto muito legal, que é o Cuida Mais Mulher, onde fazemos a busca ativa de mulheres, principalmente da zona rural, trazendo elas para fazer exames de mamografia. Sabemos que existe a dificuldade de acesso, então para evitar diagnósticos tardios em relação ao câncer, estamos fazendo essa busca ativa dessas mulheres que tenham essa dificuldade de acesso aos serviços de saúde”.
Para as moradoras da zona urbana, a secretária reforça que o encaminhamento deve partir da unidade de saúde de referência daquela paciente. “Vai a unidade básica de saúde, converse com seu médico. Se estiver na faixa etária de 50 a 69 anos e não fizeram ainda a mamografia, converse com o médico para ver a possibilidade de fazer o encaminhamento daquela unidade de saúde. Essa mamografia será realizada no Centro de Referência em Saúde da Mulher e há esse plus do Cuida Mais Mulher onde estamos focando inicialmente na zona rural, para facilitar esse acesso da comunidade”.