Uma moradora do Cupira, comunidade Quilombola de Santa Maria da Boa Vista, participou do Nossa Voz desta segunda-feira (18) para reclamar de um atendimento recebido no Hospital Monsenhor Ângelo Sampaio. Segundo a paciente Fernanda Rodrigues, o problema começou quando ela deu entrada no hospital municipal na noite da última sexta-feira (15), com o ombro deslocado, sentindo dores.
“Quando cheguei no hospital não tinha uma recepcionista no balcão, nem médico no consultório. O vigilante informou que aguardasse um momento que ele (o médico) estava chegando. Aguardei cerca de vinte minutos sentada na cadeira com muita dor no ombro. Quando a recepcionista chegou, pediu pra eu ir pra sala de triagem. Eu fui, a enfermeira me atendeu, aferiu minha pressão, inclusive com o braço esquerdo porque eu não tinha condições nenhuma de movimentar o outro braço, e me encaminhou para o consultório. Quando entrei no consultório, o médico Doutor Gonçalo Moreno estava sentado com o telefone na mão, mexendo no celular. Sentei na cadeira apoiada por minha irmã, que era minha acompanhante, expliquei que meu ombro se deslocou e que eu estava com muita dor. Ele só baixou a cabeça, pegou o receituário e disse: Vou passar uma dipirona e diclofenaco e você consegue pegar peso.”, contou Fernanda que garantiu que o médico não a examinou.
Fernanda ainda descreveu a forma com a qual o médico entregou a receita. “Ele pegou o papel e jogou para minha irmã. Minha irmã não pegou e o papel caiu em cima da mesa. Ele pegou e jogou em direção a mim. Peguei o papel e levantei”, contou a paciente que, em seguida, foi para a sala de medicação .
Já na outra sala, a irmã de Fernanda começou a relatar os problemas no atendimento do médico. Ao ouvir o relato, Gonçalo Moreno também foi até a sala onde a paciente estava aguardando para ser medicada, onde teria acontecido uma confusão. “Ele entrou furioso se dirigiu a minha irmã e disse: Você falou alguma coisa? Bem agressivo, e ela disse: Fiz um comentário do seu mau atendimento. E ele disse: Se retire da sala agora! Ele ainda e disse que eu não precisava de advogado, que eu era de maior e não precisava de acompanhante”.
A paciente ainda disse que quando a sua irmã se retirou da sala, o médico teria puxado seu ombro de forma agressiva. “Ele começou a puxar meu ombro pra trás, meu braço com muita força. Gritei de dor, desesperada, gritando pedindo socorro para que ele me soltasse. Ele disse: Você não aguenta? Você aguenta, você não quer ser examinada? Aí nessa hora minha irmã entrou, empurrou a porta e pediu para ele me largar. Ele começou a empurrar a porta pra minha irmã não entrar. A medida que ele soltou a porta, a porta bateu em meu ombro e comecei a gritar novamente de dor”.
Segundo Fernanda, no dia seguinte, ela se dirigiu até a Delegacia de Polícia Civil de Santa Maria da Boa Vista para prestar queixa e teria feito um Boletim de Ocorrência e encaminhada novamente ao hospital para realizar exame de corpo de delito. Porém, o mesmo médico ainda estava de plantão e o procedimento não foi feito.
A reportagem do Nossa Voz da Rádio Boa Vista FM procurou a direção do hospital. E, por telefone, o médico deu sua versão, negando as acusações da paciente. Segundo Gonçalo, Fernanda deu declarações infundadas.
“Ela já começou com informações erradas, não demorou no atendimento, já entrou com quatro pedras. Queria tratar mal a recepcionista também e assim foi. Quando ela deu entrada no consultório, eu realmente estava com o celular porque a gente aproveita entre uma entrada e saída de paciente para olhar se tem alguma mensagem, então quando ela entrou eu deixei o celular imediatamente. Eu perguntei o que havia acontecido, se havia algum trauma, ferida ou caroço, e ela não manifestou nada não. A probabilidade diagnóstica dessa situação poderia ser uma bursite, nesse caso não tem necessidade de examinar ou forçar muito a paciente. Mas logo a acompanhante com tom agressivo perguntou se não era bom fazer algum exame, e porque que não tinha feito, então informei que os exames só seriam de emergência, seria um raio-x, mas nesse caso como não tem antecedente de trauma não precisaria não, mas se quisesse fazer algum exame, tipo uma ultrassonografia, procurasse um posto de saúde”.
Doutor Gonçalo destacou que se dirigiu até a sala de medicação e pediu para que a acompanhante saísse por conta da sala ser pequena. “Ela, com tom agressivo, saiu já que a reclamação era que não poderia examinar a paciente. Então peguei no cotovelo dela para poder levantar um pouco e ela manifestou muita dor. Eu peguei pra levantar pra ver a intensidade da dor. A acompanhante, que era irmã, bateu a porta e por mal sorte ela mesma bateu a porta nas costas da paciente”.
Doutor Gonçalo nega que agrediu a paciente, garante que não agiu de forma racista e que houve muita calúnia. “Pelas acusações que recebi dela, da forma que ela colocou, vou analisar com a Secretaria de Saúde e com o meu advogado para ver se posso me defender processualmente porque teve muita calúnia, muitas informações infundadas. Me chamou de irresponsável e graças a Deus muita gente estava na hora”.
O Nossa Voz também falou com a Secretária de Saúde, Carol Morgado, que informou que o caso será apurado pela gestão municipal.
(Por Anderson Guimarães/Nossa Voz)