Maria Gilvaneide Soares, moradora do bairro Senhor Bernardino, em Petrolina, luta contra o câncer e contra outro desafio: conseguir transporte para continuar o tratamento em Recife através do TFD (Tratamento Fora de Domicílio). Há 23 dias, ela permanece na capital pernambucana sem conseguir retornar para casa.
A reportagem do Nossa Voz ouviu o desabafo da paciente:
“Estou fazendo um tratamento aqui no Hospital de Câncer em Recife. Meu endereço no Senhor Bernardinho. Estou aqui fazendo tratamento. Meu tratamento é de segunda a sexta-feira. Eu tô fazendo rádio, tô fazendo fisioterapia.”
“Na sexta-feira vou retornar, no domingo à noite sair de Petrolina, chegando aqui na segunda pela manhã. E eu tenho ido, tenho pedido para meu esposo ir no TFD, não consigo vaga, já paguei três passagens no meu bolso sem eu ter condições, minha sogra me ajudando. Minha família me ajudando, pai, eu não perder, porque se dependesse do TFD eu não estava aqui fazendo meu tratamento, porque eu não consegui a vaga. Porque não é quando a gente quer marcar as consultas aqui não, no hospital de câncer, não. É quando eles podem. E quando eles conseguiam marcar, eu ia no TFD e não conseguia vaga. Aí eu estou aqui, eu e minha acompanhante, que é minha irmã Maria Jusilene Soares. Já faz 23 dias que a gente estamos aqui e eu doida para ir para minha casa, né? Porque saudade, meu marido lá e tudo, minhas coisas e eu não consigo voltar porque não consigo vaga para mim pelo TFD. E eu tô sem condições de pagar passagens.”
Diante da situação, a equipe do Nossa Voz buscou posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde de Petrolina para entender os motivos das dificuldades enfrentadas por pacientes como Gilvaneide.
A secretária executiva da pasta, Fabíola Salvador, respondeu:
“Passando aqui para explicar duas situações trazidas por pacientes do TFD, principalmente o caso da senhora que se encontra lá em Recife, que deseja passar o final de semana aqui, na sua cidade. A gente super entende e compreende, mas de fato, a questão da logística de transporte desses pacientes até Recife é bem planejada, requer um cuidado para que todo mundo seja contemplado, principalmente aqueles casos que precisem de consultas, de exames pelo TFD.”
“Então, realmente, casos como esse não estamos conseguindo atender pelo momento. Estamos tentando ampliar, o mais breve possível, a questão desse transporte para os pacientes, com um ônibus que vai também trazer leito. E aí o mais breve possível iremos disponibilizar também essas possibilidades de trazer esses pacientes aqui para Petrolina, para visitar, para realmente passar um tempo em casa.”
Fabíola também comentou sobre um pedido de transporte aéreo feito pela paciente:
“Com relação à situação que o paciente solicitou o transporte via aéreo, o município não tem como arcar com transporte aéreo nessas situações que temos hoje, com passagem de R$ 20.000. Fizemos a última cotação para essa mesma paciente e o transporte deu R$ 20.000. Foi disponibilizado para essa mesma paciente o transporte em carro da secretaria. Não foi um leito, foi um carro confortável, não foi de ônibus a paciente. E temos feito da melhor forma possível para que ela chegue até Recife e tenha seu tratamento concluído. Mas realmente, transporte aéreo foi suspenso porque é inviável o município pagar R$ 20.000 para cada paciente que necessite ir para Recife. Temos também o leito que será disponibilizado e vai agregar a melhor qualidade no transporte desses pacientes.”