Nesta segunda-feira (3), a médica Daniele Barreto participou do quadro Saúde para abordar o retinoblastoma, um tumor ocular raro, mas altamente agressivo, que afeta principalmente crianças menores de 5 anos. O câncer se origina nas células da retina, a parte do olho responsável pela visão, podendo comprometer um ou ambos os olhos.
Nos últimos anos, a doença ganhou grande repercussão após o jornalista Tiago Leifert e sua esposa, Diana Garbin, revelarem que sua filha, Lua, foi diagnosticada com retinoblastoma aos 13 meses de idade. Esse tipo de câncer ocular é mais comum na infância, afetando cerca de 400 crianças anualmente, o que representa de 2,5 a 4% dos tumores infantis.
Primeiros sinais e sintomas
A Dra. Daniele Barreto explicou que o primeiro sinal da doença pode ser observado em uma situação cotidiana: ao tirar uma foto da criança, o reflexo do olho, que normalmente aparece avermelhado, pode surgir esbranquiçado. Esse efeito é chamado de leucocoria, popularmente conhecido como “olho de gato”. Outro sintoma comum é o estrabismo, quando um dos olhos se desvia para o lado.
“É um tumor raro, mas é o mais comum entre os tumores oculares infantis, principalmente abaixo de 5 anos e, mais frequentemente, em bebês menores de 2 anos. O primeiro sinal que identificamos é uma coisa muito simples: ao tirar uma foto, ao invés do olho ficar vermelhinho, como é normal, vemos a pupila esbranquiçada. Isso é o que chamamos de leucocoria. Outro sinal comum é o estrabismo, quando a criança olha para você e um dos olhos, ou ambos, se desviam. Embora raro, esse é um tumor muito grave quando diagnosticado tardiamente”.
O teste do olhinho é um exame fundamental na triagem neonatal e pode ser realizado pelos pediatras logo após o nascimento. Caso o teste indique alguma anormalidade, a criança deve ser encaminhada a um oftalmologista para exames mais detalhados, como o exame de fundo de olho.
“Existe o exame de triagem neonatal, chamado teste do olhinho, que é realizado por pediatras para verificar a presença do reflexo vermelho normal. Se esse reflexo não for identificado, a criança deve ser encaminhada ao oftalmologista para um exame mais aprofundado, como o exame de fundo de olho. Depois desse primeiro exame, o ideal é que, pelo menos até os 3 anos de idade, os pais levem seus filhos ao oftalmologista anualmente para um monitoramento adequado”.
A campanha “De Olho no Olhinho”, criada por Tiago Leifert e Diana Garbin, tem sido essencial na conscientização sobre a doença, incentivando os pais a observarem atentamente qualquer alteração na visão dos filhos.
Causas e Tratamento
O retinoblastoma é uma doença genética causada por uma mutação em um gene que afeta a retina, comprometendo a transformação da luz em visão. O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença e pode incluir laserterapia, crioterapia e quimioterapia.
“O tratamento pode ser realizado com laser, crioterapia ou quimioterapia, dependendo do estágio do tumor. A quimioterapia, embora eficaz, pode ter efeitos colaterais como náuseas e queda de cabelo. A crioterapia é menos invasiva, pois congela o tumor, enquanto a laserterapia destrói as células cancerosas com calor”.
O prognóstico do retinoblastoma é bastante positivo quando diagnosticado precocemente. Cerca de 90% das crianças tratadas apresentam altas taxas de cura. Entretanto, em casos avançados, pode haver a necessidade de remoção do olho afetado e, em situações mais graves, o câncer pode ser fatal.
“O prognóstico é muito bom, com 90% de chances de cura. No entanto, em casos mais graves, pode haver sequelas, como a necessidade de retirada do olho ou, em situações extremas, o óbito. Por isso, a conscientização e a identificação precoce são fundamentais. Os pais devem observar se a criança apresenta alguma mancha branca no centro do olho, desvio no olhar, dor ocular ou vermelhidão persistente e, ao menor sinal de alteração, procurar imediatamente um oftalmologista”.
O retinoblastoma é uma doença rara, mas seu impacto pode ser devastador se não for identificado precocemente. A conscientização é essencial para que mais crianças tenham acesso ao diagnóstico e tratamento a tempo, aumentando suas chances de cura e reduzindo os riscos de sequelas graves.
A campanha “De Olho no Olhinho” tem sido um grande aliado na divulgação de informações importantes sobre a doença, e a adesão dos pais a exames preventivos pode ser decisiva para salvar vidas.