O governador Paulo Câmara participou, nesta terça-feira (24), de uma série de eventos da Semana do Clima de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Como representante do Consórcio Nordeste – que reúne os nove Estados da região – ele assinou a Carta de Santa Fé, reforçando o compromisso de Pernambuco e do Nordeste com o desenvolvimento sustentável e a construção de uma agenda ambiental avançada. Ao discursar no encontro com líderes do Under 2 Coalition, o governador afirmou representar os 56 milhões de nordestinos e os outros milhares de brasileiros que não desejam a destruição das florestas, as agressões à natureza e à vida no planeta, e sim a busca de novos rumos para o futuro.
“Vamos, juntos, fazer com que esse nosso compromisso saia do papel e ganhe o mundo, e vamos trabalhar para formar e consolidar a coalizão dos Estados, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos”, afirmou Paulo Câmara, advertindo que o Nordeste não aceitará, passivamente, a adoção de medidas ultrapassadas, criminosas e ambientalmente irresponsáveis. “Estamos assumindo posições e ações que nos permitam avançar no que for possível e também atuar para barrar os retrocessos. Somos muitos no nosso País, atentos a esse debate, inquietos com as ameaças que a própria humanidade e algumas lideranças têm causado ao meio ambiente”, reforçou.
O governador reafirmou sua disposição de dedicar esforços, estudos e experiências no combate aos processos destrutivos e na construção de alternativas renováveis para proteger e conviver de forma saudável com os recursos naturais. “Isso não se efetiva sem uma política clara, com ações contundentes a favor de um meio ambiente protegido, com trocas positivas, e jamais na agressão, exploração e destruição. Uma ideia não pode abrir mão de gestos, de atitude e de coragem para enfrentar interesses mesquinhos, imediatistas e materialistas”, disse.
Paulo Câmara destacou ainda que Pernambuco tem fortalecido as estruturas públicas na área ambiental, e criticou as lideranças brasileiras que vêm seguindo uma contracorrente, caminhando no sentido inverso ao que a história ensina, contrário ao futuro. E fez um alerta: “Não há espaço para arrependimentos. O mal que se faz ao ambiente é um dano cada vez mais irreversível. É uma autodestruição”.
Ressaltando que a ONU tem uma agenda positiva dedicada aos movimentos sustentáveis, apontando o ano de 2030 como um marco, o governador assegurou que esse referencial está presente em Pernambuco e no Nordeste, que seguem os caminhos universalmente pactuados. “Buscamos um futuro em que crianças não precisem faltar às aulas para fazer greve, tentando alertar os adultos de que eles estão promovendo uma ameaça em escala global”, afirmou.
Por último, Paulo Câmara informou que o Fórum Pernambuco de Mudanças Climáticas está ativo e que foi implantado o Plano Estadual Ambiental, dentro dos preparativos do Estado para sediar, em novembro próximo, a Conferência Nacional de Mudanças Climáticas, prévia da COP 25. “A nossa política é de construção com respeito, diálogo e responsabilidade com Pernambuco, o Nordeste, o Brasil e com um mundo melhor. Nada diferente disso é aceitável. Somos defensores dos movimentos coletivos, da mobilização e da união. Não ficaremos insensíveis aos apelos de tantos, no mundo inteiro”, completou.
Carbono neutro
À tarde, Paulo Câmara participou do HUB Ação e Recompensa, discutindo as reduções de emissões de carbono necessárias, na próxima década, para combater mudanças climáticas, o que deve determinar a maneira com que estados, regiões, cidades e empresas que demonstram alta responsabilidade por suas ações climáticas poderão atrair inovação e investimentos.
O governador falou em nome do Fórum Nordeste e do grupo Governadores pelo Clima, formado em abril, com o auxílio do Centro Brasil Clima (CBC) e da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA). Todos, segundo relatou, comprometidos com a permanência no Acordo de Paris e com o cumprimento da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) assumida pelo Brasil em 2015.
Paulo Câmara reafirmou que, diante dos riscos de retrocesso por parte do governo federal, os Estados brasileiros assumiram resolutamente seu papel na preservação e conservação ambiental. “As batalhas decisivas dar-se-ão nos territórios dos Estados. Pernambuco, desde o meu saudoso antecessor, o governador Eduardo Campos – tragicamente desaparecido em 2014 – vem desenvolvendo grandes trabalhos de adaptação às mudanças climáticas. Somos muito vulneráveis à elevação do oceano e à desertificação e estamos promovendo as energias limpas, como a solar, o uso de biocombustíveis para reduzir o uso dos combustíveis fósseis, o reflorestamento e a defesa do nosso grande ecossistema regional: a Caatinga”, explicou.
O governador narrou ainda o processo de transformação por que passa o Arquipélago de Fernando de Noronha em um território de carbono neutro e um showroom de tecnologias limpas e sustentáveis, esclarecendo que, em breve, todos os veículos que circulam na ilha serão elétricos, a produção de energia local será totalmente limpa e o lixo, totalmente reciclado. “Temos que trabalhar por um planeta carbono neutro na metade desse século. Pernambuco, juntamente com outros Estados que lidero no Consórcio Nordeste, vai cumprir seu papel na NDC brasileira e ir além, rumo a uma estratégia de longo prazo carbono neutro”, disse.
A estratégia para isso, segundo Paulo Câmara, inclui articular alianças com outros Estados brasileiros, prefeituras, iniciativa privada, terceiro setor e universidades, atraindo investimentos para uma economia sustentável, geradora de empregos, renda e qualidade de vida. “Sabemos que não há um Planeta B. O único que temos é este, que necessita ser descarbonizado e tornar-se mais justo”, concluiu o governador.