A Universidad Americana (UAM), de Manágua, concedeu à brasileira Raynéia Gabrielle Lima o diploma de conclusão do curso de medicina. A pernambucana de 30 anos foi assassinada a tiros, em 23 de julho de 2018, pelo paramilitar Pierson Gutiérrez Solis, na capital da Nicarágua.
O país enfrentava uma onda de protestos contra a reforma da previdência anunciada pelo presidente Daniel Ortega. Desde então, mais de 300 pessoas foram mortas durante a repressão. Pierson foi libertado na última terça-feira (23), exatamente quando o crime completou um ano. Raynéia cursava o quinto e último ano de medicina.
Os colegas da brasileira receberam os diplomas com chinelos e trajes informais, em repúdio ao fato de a universidade ter cancelado a cerimônia de graduação, sob o pretexto de problemas técnicos.
O jornal local La Prensa informou, no entanto, que a UAM proibiu uma homenagem a Rayneia durante a solenidade de colação de grau. Além disso, Ariana Ortega, neta do presidente nicaraguense, chegou ao local do ensaio da formatura vestindo uma jaqueta com as cores da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o partido do governo.
Em um evento improvisado na universidade, depois de prestarem o Juramento de Hipócrates, os novos médicos renderam um tributo a Rayneia, gritando “Ray, presente!”. Muitos dos presentes se emocionaram. Nas redes sociais, os colegas de Raynéia e estudantes da UAM publicaram a mesma frase e outras mensagens sobre a brasileira.
Ao ser informada pelo Correio sobre a graduação póstuma da filha e a homenagem dos colegas de Raynéia, Maria da Costa ficou emocionada. Em lágrimas, ela disse que considera a homenagem “muito linda”. “Quando falaram o nome da minha filha… Eu só tenho a agradecer a todos os colegas e amigos dela, que lutaram e conseguiram. Pena que minha filha não está neste meio, mas estava espiritualmente lá. Estou muito feliz em homenagem às memória da minha filha”, disse à reportagem. (com informações Correio Braziliense)