Pernambuco registra dois casos de rara síndrome inflamatória em crianças associada à Covid-19

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Image of Flu COVID-19 virus cell under the microscope on the blood.Coronavirus Covid-19 outbreak influenza background.Pandemic medical health risk concept with disease cell as a 3D render.
(Image of Flu COVID-19).

Pernambuco notificou dois casos de crianças acometidas com a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), doença rara associada ao novo coronavírus e monitorada pelo Ministério da Saúde desde maio. Os dois registros foram feitos no início do mês de julho e ambos já receberam alta médica, além de não apresentaram sequelas. 

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), que divulgou os registros nesta quinta-feira (6), os dois casos notificados em Pernambuco são de uma criança de 5 anos residente em Joaquim Nabuco, na Zona da Mata Sul, atendida no Hospital Correia Picanço, no Recife; e de um adolescente de 12 anos, de Sirinhaém, também na Mata Sul, e atendido no Hospital Oswaldo Cruz, no Recife. 

O primeiro alerta sobre a enfermidade em nível global foi feito em abril pelo sistema de saúde inglês. Ainda não há estudos científicos que comprovem a relação causal entre a Covid-19 e a síndrome, mas a evolução da doença é acompanhada no País.
 

De acordo com o Ministério da Saúde, até julho foram notificados 71 casos, sendo 29 no Ceará, 22 no Rio de Janeiro, 18 no Pará e 2 no Piauí. Foram identificadas também três mortes no Rio de Janeiro. No mundo, até o momento foram relatados mais de 300 casos, em países como Espanha, França, Itália, Canadá e Estados Unidos.

“Nossos serviços pediátricos precisam estar atentos a possíveis quadros que atendam a definição de caso da síndrome, objetivando ofertar a assistência necessária para o paciente e realizar os esforços para sua confirmação. Por ser um novo achado e que ainda está sendo estudado, precisamos ser devidamente notificados para termos um panorama do perfil epidemiológico dos casos e, com isso, possamos implementar as medidas necessárias”, afirmou o secretário estadual de Saúde, André Longo. 

O Ministério da Saúde divulgou, na segunda quinzena de julho, orientações sobre esse tipo de notificação, para identificar e monitorar casos. Em nota técnica, a Secretaria Estadual de Saúde reforça aos municípios a importância da notificação em até 24 horas quando o paciente se enquadra como um caso que atende essa definição da síndrome. 

Os pacientes suspeitos farão exames para confirmar ou descartar a infecção pela Covid-19, além de outros testes laboratoriais, especialmente os marcadores de atividade inflamatória, ligados à SIM-P. 

O Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, iniciou um estudo para avaliar a relação entre a Síndrome Inflamatória Multissistêmica e a Covid-19 em crianças. Os pesquisadores avaliam 11 crianças com idades entre 7 meses e 11 anos.

Sintomas

Os relatos das ocorrências da SIM-P descrevem manifestações caracterizadas por febre persistente e elevada acompanhada de um conjunto de sintomas que podem incluir hipotensão (pressão baixa ou choque), comprometimento de múltiplos órgãos e elevados marcadores inflamatórios. 

O paciente hospitalizado pode apresentar manifestações cardiovasculares ou gastrointestinais agudas, como diarreia, vômito e dor abdominal, além de conjuntivite ou manifestações cutâneas, quadro inflamatório e confirmação laboratorial (técnica RT-PCR ou sorologia) ou história de contato com caso confirmado do novo coronavírus. 

Segundo a SES-PE, os sintomas respiratórios não são presentes em todos os casos, de acordo com as evidências atuais. As características são semelhantes à Síndrome de Kawasaki e Síndrome do Choque Tóxico, outras doenças com quadro inflamatório.

Alerta da SBI

Em maio, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou uma nota de alerta com critérios para identificar os casos de SIM-P. A presença do coronavírus não seria obrigatória, sendo mais comum a presença de anticorpos.

A abordagem terapêutica, segundo a SBP, envolve o uso apropriado de EPI, terapia com antibióticos de acordo com os processos locais, coleta de exames complementares (como hemogramas com plaquetas, urina tipo 1 e eletrólito com bioquímica completa), painel viral respiratório, monitoração cardiorrespiratória precoce e monitoração também rigorosa dos casos de envolvimento miocárdico.

(Fonte: Folha PE)