O secretário de Saúde de Petrolina, João Luis, detalhou nesta semana os avanços na infraestrutura das unidades de saúde do município e os investimentos realizados pela gestão local para fortalecer o atendimento à população. Em entrevista exclusiva, ele falou sobre o aumento dos recursos próprios aplicados no setor, novas parcerias, além de responder a críticas sobre o funcionamento da Casa de Parto da cidade.
Segundo João Luis, em 2023, o município investiu mais de 45% de recursos próprios na saúde, percentual que já alcançou 54% em 2024. Para ele, esse aumento demonstra o compromisso da prefeitura com o SUS (Sistema Único de Saúde).
“2023 investimos mais de 45% de recursos próprios. Em 2024, aumentamos 10% e já estamos em 54%. Isso mostra o comprometimento do governo, não só com recursos próprios, mas também alavancando emendas parlamentares, do deputado Antônio e do deputado Fernando Filho. Estamos muito felizes e certos de que estamos no caminho correto”, afirmou.
O secretário também destacou melhorias recentes na Casa de Apoio do Tratamento Fora do Domicílio (TFD) em Recife. Segundo ele, o local recebeu novos colchões, climatização 100% reformada, ventiladores, além de melhorias em móveis e banheiros.
“Estamos avançando com mais uma requalificação. Em Recife chove mais do que o normal, então vamos pintar novamente a casa do TFD. São avanços significativos”, declarou.
Uma das principais novidades apresentadas foi a assinatura da escritura de doação ao Hospital Altino Ventura, que vai receber um investimento de mais de R$ 30 milhões em uma parceria inédita entre a prefeitura e a fundação responsável pelo hospital. A obra será construída no bairro Cosme e Damião.
“Esse hospital será um ganho significativo para a humanização do atendimento. Vai beneficiar não só Petrolina, mas todo o Vale do São Francisco. A concretização jurídica já está normalizada e esperamos o início das obras em agosto”, explicou.
Visita do presidente Lula e investimentos federais
João Luis confirmou a participação da Secretaria de Saúde de Petrolina no apoio à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região, com o deslocamento da comitiva entre o aeroporto e Juazeiro, na Bahia, e a disponibilização de uma UTI móvel.
Além disso, informou que o município foi contemplado com duas novas unidades básicas de saúde, no São Gonçalo e no João de Deus, e que uma unidade móvel odontológica está a caminho. Outra unidade no bairro Fernando Idalino está em processo de aprovação pelo Ministério da Saúde.
Sobre o programa “Mais Especialistas”, lançado recentemente pelo governo federal, o secretário explicou que Petrolina está em negociação com o governo do estado e hospitais privados para ampliar a oferta de cirurgias especializadas na cidade, principalmente ortopédicas.
“Estamos enfrentando dificuldades na oferta de cirurgias de joelho, mão e outras especialidades. A expectativa é que com a parceria entre município, estado e governo federal possamos ampliar essas vagas”, afirmou.
Hospital Municipal funciona a pleno vapor
João Luis detalhou o funcionamento do Hospital Municipal de Petrolina, que opera sem financiamento estadual ou federal, mas que já oferece diversas especialidades médicas, como otorrinolaringologia, cardiologia, ginecologia, urologia, ortopedia, dermatologia e oftalmologia.
“O hospital realiza exames como eletrocardiograma, ultrassonografia, ecocardiograma e cirurgias oftalmológicas. Já começamos a realizar vasectomias e pretendemos avançar para cirurgias de média complexidade, como laqueadura e vesícula, desafogando a UPA e atendendo pacientes de toda a região”, afirmou.
Nos últimos dias, a Casa de Parto de Petrolina tem sido alvo de críticas por parte de parlamentares locais e da sociedade civil. O vereador Ronaldo Silva, em participação recente no programa Nossa Voz, afirmou que o equipamento estaria subutilizado, realizando em média apenas 20 partos por mês, número considerado insuficiente para atender à demanda do município. Além disso, o prefeito de Juazeiro, cidade vizinha da Bahia, também comentou que cerca de 40% dos partos realizados em Petrolina são de pacientes daquela cidade, o que reforçaria a sobrecarga e a necessidade de melhorias.
Em entrevista, o secretário de Saúde, João Luis, rebateu essas colocações e classificou como “mal assessorado” o vereador Ronaldo Silva ao informar os dados. Segundo o secretário, a média mensal de partos realizados na Casa de Parto já é entre 50 e 55, superando cidades maiores como Jaboatão dos Guararapes e Campina Grande, na Paraíba.
“A Casa de Parto é um equipamento de suma importância para o nascimento humanizado, preconizado pelo Ministério da Saúde através de portarias específicas. Para você ter uma ideia, poucas cidades em Pernambuco contam com um serviço como esse, além de Jaboatão e Campina Grande, nossos vizinhos. São cinco leitos à disposição da população, com conforto sem precedente, atendimento humanizado, enfermeiras qualificadas e pediatras para acompanhar os recém-nascidos”, afirmou.
João Luis reconheceu que um dos desafios é a baixa procura por parte da população, que ainda tem receio em utilizar o serviço por acreditar que não há obstetra presente durante o parto, o que não é verdade.
“O que acontece é que o parto humanizado não tem obstetra 24 horas, mas as gestantes são acompanhadas por profissionais de saúde especializados e, em caso de intercorrência, há o encaminhamento imediato ao Hospital Dom Malan, que é unidade de referência para partos de alto risco aqui na cidade, conforme normas do Ministério da Saúde”, explicou.
Atuação do Ministério Público e diálogo com a Secretaria
A situação da Casa de Parto também chegou ao Ministério Público, que solicitou uma audiência pública para discutir o funcionamento do serviço. Segundo o secretário, houve uma recomendação da promotoria para que o município contratasse também a rede particular para ampliar a oferta de partos, o que está sendo analisado.
João Luis afirmou ainda que a Secretaria de Saúde está aberta ao diálogo, mas destacou que nenhuma notificação formal foi recebida até o momento.
“A Secretaria esteve representada na audiência pública e temos o maior respeito pelo Ministério Público, que é um importante instrumento de mobilização e cobrança. Mas é importante reforçar que quem pauta as políticas públicas de saúde em Petrolina é o povo, por meio dos seus conselhos e conferências de saúde. Petrolina não vai levar cabresto de ninguém”, declarou.
Ele também falou sobre o contexto histórico da maternidade e o funcionamento da rede de saúde regional.
“Quando falamos de Petrolina, falamos também de toda a região. O prédio do Dom Malan, por exemplo, não acompanhou o crescimento populacional e a demanda. Por isso, temos dialogado constantemente com a unidade para reorganizar os fluxos, e a Casa de Parto cumpre um papel fundamental ao evitar que partos normais sejam feitos em unidades de risco habitual. Essa articulação entre as unidades é essencial para garantir segurança às gestantes e recém-nascidos”, explicou.
O secretário afirmou que a meta atual é alcançar 70 partos mensais na Casa de Parto, conforme parâmetro mínimo do Ministério da Saúde, e que campanhas de divulgação e matriciamento têm sido feitas para incentivar as gestantes a utilizarem o serviço.