Em entrevista concedida nesta quarta-feira (24) ao programa Nossa Voz, Ana Célia Carvalho detalhou as propostas da Secretaria Estadual de Saúde para aprimorar os serviços do Hospital Dom Malan. Na última semana, houve uma visita na região que contou com a presença de Anderson Oliveira, secretário executivo de Gestão Estratégica e Coordenação Geral; Renan Freitas, diretor-geral de Gestão Participativa; e outros membros da rede estadual de saúde, além da gerente regional de saúde da oitava GERES e representantes do Instituto Social das Irmãs Medianeiras da Paz, responsável pela administração do hospital.
Durante a entrevista, Ana Célia Carvalho destacou a importância do Hospital Dom Malan, que existe há mais de 90 anos e é referência materno-infantil para uma população de mais de 2 milhões de habitantes, abrangendo 53 municípios entre Pernambuco e Bahia. Em 2023, a unidade realizou mais de 75 mil atendimentos de urgência, mais de 50 mil internações, 6 mil consultas eletivas e uma média de 6.500 partos anuais, consolidando-se como o hospital que mais realiza partos proporcionalmente em Pernambuco. “Com essa dimensão, é um hospital que tem uma série de problemas e foi esquecido pela gestão estadual por mais de 20 anos. Não houve investimentos significativos em termos de estrutura e novos serviços nesse período,” explicou Ana Célia.
Sobre as melhorias, Ana Célia afirmou: “O Hospital Dom Malan precisa ampliar serviços e modernizar sua estrutura física. Um dos problemas mais críticos era o número reduzido de leitos de UTI neonatal e pediátrica. Inauguramos mais 10 leitos de UTI pediátrica, dobrando a capacidade atual para 10 leitos de UTI neonatal e 10 leitos de UTI pediátrica.” Ela acrescentou que “a visita do secretário foi fundamental para reconhecer a urgência dessas melhorias.”
Outras ações incluem a ampliação do pronto-socorro infantil, que enfrentou um aumento de casos de 700% em relação a 2023, passando de duas para quatro salas vermelhas. “Estamos pleiteando a ampliação do pronto-socorro e do ambulatório do Dom Malan, além de focar na oferta de serviços na área de neuropediatria. A demanda por atendimento de crianças com transtornos do espectro autista e TDAH é enorme, e precisamos de uma equipe completa, incluindo fonoaudiólogos e fisioterapeutas,” disse Ana Célia.
Em relação à cobertura de profissionais, Ana Célia destacou que, apesar da sazonalidade, a equipe foi praticamente dobrada para atender à alta demanda. “Não foi falta de pessoal que causou problemas, mas a superlotação. O Dom Malan não tem problema de déficit de pessoal, mas sim de espaço. Na sazonalidade, com o aumento das crises respiratórias, praticamente dobramos a equipe. No entanto, temos dificuldades em atrair especialistas para trabalhar no SUS, como neurocirurgiões e cardiopediatras,” explicou.
O plano de contingência do estado para crises respiratórias também foi mencionado, com medidas para dobrar a equipe de UTI e convocar mais profissionais. “O estado decidiu não fazer mais planos de contingência no início do ano, pois a demanda é constante. Publicamos quatro editais convocando mais profissionais, mas não tivemos adesão suficiente. Precisamos de mais neurocirurgiões e neuropediatras, mas esses profissionais preferem trabalhar na rede privada,” afirmou Ana Célia.
Ana Célia Carvalho também comentou sobre a ausência de uma unidade de barreira em Petrolina, o que sobrecarrega o Hospital Dom Malan com casos de baixa complexidade. “Petrolina precisa de uma unidade de barreira para atender casos de baixa complexidade. Sem essa unidade, o Dom Malan recebe crianças com febre ou episódios de vômito que poderiam ser tratados em unidades básicas ou de barreira. Estamos discutindo com Petrolina para que se estruture e implemente essa unidade pediátrica e obstétrica no próximo ano,” explicou.
Ela ressaltou a necessidade de investimentos em infraestrutura e serviços, como a implantação de um serviço de hemodiálise e de imagem, incluindo mamografia, ultrassonografia e endoscopia infantil. “A oferta de serviços de imagem é insuficiente para a região. Precisamos de mamografia, ultrassonografia e endoscopia infantil. Muitas vezes, crianças que engolem objetos precisam ser levadas a Recife para a retirada. Estamos trabalhando para implantar esses serviços no Dom Malan rapidamente,” afirmou Ana Célia.
Por fim, Ana Célia destacou a importância do reconhecimento oficial da Rede PEBA (Pernambuco-Bahia) como uma região de saúde pelo Ministério da Saúde, o que poderia trazer mais recursos e melhorias para a região. “Esperamos que o Ministério da Saúde reconheça oficialmente a Rede PEBA como uma região de saúde. Esse reconhecimento é fundamental para avançarmos em termos de recursos e melhorias. A ministra da Saúde afirmou que reconhece a rede, mas precisamos de um credenciamento oficial que gere recursos. A população migra naturalmente entre os dois estados, e isso precisa ser organizado e regulado adequadamente,” concluiu Ana Célia.
Ela finalizou ressaltando a parceria com os municípios e a necessidade de fortalecer a estrutura regional. “Temos uma relação muito parceira com os municípios. O ideal é que todos os partos habituais sejam realizados nos municípios e o Dom Malan atenda apenas casos de alta complexidade. Estamos no caminho certo e esperamos implementar todas essas melhorias no próximo ano,” afirmou Ana Célia.