O programa Nossa Voz, que completa 20 anos no ar, prestou uma homenagem especial a um dos ouvintes mais fiéis e participativos da atração: Antônio Aurélio Félix, conhecido em Petrolina como Aurélio Gordo.
Liderança comunitária respeitada, fundador de bairros e presença constante nas discussões sociais da cidade, Gordo acompanhou o Nossa Voz desde os primeiros anos, quando ainda era transmitido em outra emissora, até a consolidação dentro da Rádio Grande Rio FM.
“Eu tive a honra de ver o Nossa Voz nascer, ainda na antiga emissora com Daniel Campos, e depois crescer dentro da Rádio Grande Rio FM. Desde sempre eu acompanho e participo. Foi através do programa que conseguimos conquistas históricas, como a regularização fundiária, que começou com 3.600 famílias e terminou beneficiando cerca de 25 mil. Isso a gente não esquece nunca”, destacou.
Na lembrança de Gordo, episódios de luta e mobilização popular tiveram no programa um aliado fundamental.
“Eu guardo na memória aquele dia em que a justiça chegou para derrubar a casa de um morador, com polícia e tudo, e a equipe do Nossa Voz estava lá conosco. A gente pedia para que aquilo não acontecesse, até que o governador foi sabedor e suspendeu a ação. Foi um momento que marcou nossa história, porque devolveu dignidade e segurança às famílias.”
Aurélio também relembra sua trajetória como fundador de comunidades importantes de Petrolina.
“Eu fui a primeira pessoa a pôr os pés nas terras do bairro João de Deus. Fui o primeiro presidente e fundador da Associação de Moradores. Muita gente ainda me conhece como o Gordo do João de Deus, e tenho essa felicidade porque ajudei a construir esse bairro. Também fui fundador do Santa Luzia. Minha vida se confunde com a história de Petrolina”, disse.
Mesmo enfrentando problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e amputações, Gordo afirma que continua firme na luta.
“Eu adquiri doenças que a gente nunca imagina, mas sigo em frente. Perdi três dedos, depois uma perna, mas continuo firme. Meus cabelos embranqueceram, minhas pernas faltam, mas a minha voz continua desde quando meu reinado começou. Hoje não canto como Luiz Gonzaga, mas minha voz ainda ecoa pela comunidade”, brincou.
O líder comunitário também fez questão de destacar as homenagens que já recebeu ao longo da vida.
“Acredito que a maior recompensa da luta é o reconhecimento. Eu tive essa felicidade: fui agraciado com três comendas do município, recebi o título de Cidadão Petrolinense, a medalha Nilo Coelho e a medalha Dom Malan. Hoje posso dizer que sou filho dessa terra, porque cheguei aqui com 20 anos e já tenho 45 anos de Petrolina na minha vida.”
Além da atuação como liderança, Gordo também é poeta popular e já escreveu cordéis em homenagem a figuras marcantes da cidade.
“Escrevi um cordel chamado As Damas da Cidade, em homenagem a Ana das Carrancas e a Maria Maga. Agora quero escrever um novo cordel, dedicado às damas do rádio. Porque não existe palanque maior do que o Nossa Voz. Nem Câmara de Vereadores, nem qualquer outro lugar dá tanto espaço ao povo como esse programa. Fico feliz em ser homenageado, mas ainda mais em ter feito parte dessa história junto com vocês.”



