O xadrez político de Petrolina começa a se movimentar rumo às eleições de 2026 com um número expressivo de pré-candidaturas à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Ao menos 12 nomes já circulam nos bastidores e nos discursos públicos como possíveis postulantes a deputado estadual. A lista inclui atuais vereadores, ex-prefeitos, comunicadores e o deputado Antônio Coelho (União Brasil), que buscará a reeleição.
O cenário se desenha com uma ampla pulverização de votos e disputas internas em grupos políticos historicamente bem estruturados na cidade. Além das estratégias individuais, as candidaturas devem refletir o embate entre os palanques da governadora Raquel Lyra (PSD), a influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da federação petista, que tenta se reorganizar após a saída de Odacy Amorim do PT. No cenário local, o impacto da federação do União Brasil de Miguel Coelho e Simão Durando e o PP de Eduardo da Fonte, deixa João Campos (PSB) ainda em meio a incertezas quanto aos apoios da base governista municipal.
Confira abaixo os nomes mais cotados, seus históricos, bandeiras e possíveis alianças.
Antônio Coelho (União Brasil) – o único com mandato
Atual deputado estadual, Antônio Coelho buscará a reeleição com o apoio da base do prefeito Simão Durando e do grupo da família Coelho. Filiado ao União Brasil e aliado ao prefeito do Recife, João Campos, Antônio deve ser um dos principais nomes do Sertão na disputa, mas enfrenta questões diante da federação União Progressista. Jovem e articulado, tenta manter o espaço conquistado desde 2018, quando se elegeu com apoio do então senador, Fernando Bezerra Coelho, seu pai.
Ronaldo Silva (PSDB) – oposição municipal ligada a Raquel Lyra
Vereador combativo e aliado do grupo da governadora Raquel Lyra, Ronaldo Silva anunciou que será candidato a deputado estadual se tiver apoio da base governista estadual. Faz oposição à gestão Simão Durando, seu ex-aliado, e tem o respaldo do ex-deputado federal Guilherme Coelho. Critica a atual gestão pela forma como usa os recursos públicos e defende a presença do Estado em Petrolina.
Elismar Gonçalves (PSD) – apoio do deputado federal, Lucas Ramos (PSB)
Ex-vereador por três mandatos, Elismar concorreu como vice de Júlio Lóssio em 2024 e agora planeja sua candidatura à Alepe. Com apoio declarado do deputado federal, Lucas Ramos (PSB), articula-se como representante do campo oposicionista e pretende fortalecer o Sertão na Assembleia. Foca em pautas sociais, educação e saúde pública, com base forte na zona rural de Petrolina.
Diogo Hoffmann (União Brasil) – bolsonarista da base governista petrolinense
Vereador reeleito e atual líder do governo na Câmara Municipal, Diogo é ligado ao bolsonarismo e defensor da atuação da prefeitura em áreas como segurança e infraestrutura. Alinhado a Miguel Coelho e Simão Durando, é apontado como um possível nome da direita para a disputa estadual. Sua pré-candidatura, no entanto, pode bater de frente com a de Antônio Coelho, gerando tensão dentro do mesmo grupo.
Dhiego Serra (PL) – oposição combativa e raiz conservadora
Vereador de Petrolina eleito em 2024, Dhiego Serra deve voltar a disputar uma vaga na Alepe com apoio do PL nacional. Conservador, católico e defensor da pauta “Deus, pátria, família e liberdade”, ele tem trânsito no núcleo bolsonarista estadual, mas enfrenta ruídos internos com outros nomes do partido na esfera local. Tem como bandeiras a segurança pública, a mobilidade urbana, dentre outras.
Lara Cavalcanti (PL) – aposta feminina do bolsonarismo
Jornalista e ex-candidata a prefeita de Petrolina em 2024, Lara assumiu a presidência do PL em Petrolina e confirmou pré-candidatura a deputada estadual. É apoiada por figuras como Anderson Ferreira, Valdemar Costa Neto e Michelle Bolsonaro. Defende propostas na saúde, infraestrutura e saneamento básico. Apesar de estar no mesmo partido de Dhiego Serra, ainda não se sabe se o PL lançará ambos os nomes ou fará uma composição única no Sertão liderada pela comunicadora.
Ricardo Coelho (União Brasil) – nome da renovação do grupo Coelho
Vice-prefeito de Petrolina e neto de Geraldo Coelho, Ricardo é um dos principais nomes cotados para a sucessão política do clã. Recém-eleito na chapa com Simão Durando, tem perfil técnico e aposta na continuidade de políticas públicas da gestão atual. Caso confirme a candidatura à Alepe, pode disputar diretamente a mesma base eleitoral de Antônio Coelho, criando um cenário de divisão no grupo governista.
Carlos Britto (sem partido) – possível surpresa vinda da imprensa
Comunicador com forte presença nas redes sociais e com números expressivos ao blog que leva seu nome, Carlos Britto ainda não confirmou filiação partidária, mas é apontado como pré-candidato por diversos observadores. Sua reputação na área de marketing político e publicidade, aliada ao recall da sua marca pessoal, pode garantir a conversão em votos. Partidos de centro e direita já manifestaram interesse em abrigar sua candidatura.
Gilmar Santos (PT) – nome da esquerda após saída de Odacy
Vereador de esquerda, professor e ativista social, Gilmar é o nome natural para representar o PT em Petrolina após a saída de Odacy Amorim. Com dois mandatos e forte ligação com movimentos populares, Gilmar é crítico do agronegócio predatório, defensor da educação pública e voz ativa contra o bolsonarismo. Deve contar com o apoio da federação PT-PV-PCdoB e do senador Humberto Costa.
Odacy Amorim (sem partido) – possível retorno à Alepe
Ex-prefeito e ex-deputado estadual, Odacy anunciou sua saída do PT em 2025 e avalia o ingresso em partidos como PSD, Avante e Podemos. Após disputar a prefeitura em 2024, estuda retornar à Assembleia com um discurso mais ao centro. Carrega forte recall eleitoral e pode atrair apoios tanto da oposição quanto de alas governistas, dependendo da legenda que escolher.
Josimara Cavalcanti (MDB) – nome forte do Sertão do Araripe
Ex-prefeita de Dormentes, Josimara é cotada para representar os municípios menores do Sertão. Sua gestão foi bem avaliada e sua base é consolidada. Filiada ao MDB, pode contar com apoio do PSB e de prefeitos aliados da região. É defensora do municipalismo, da saúde no interior e do fortalecimento da caprinovinocultura.
Júlio Lóssio (PSD) – ex-prefeito de olho na Alepe
Com dois mandatos à frente da Prefeitura de Petrolina e destaque em áreas como educação infantil e habitação popular, Júlio Lóssio deve buscar uma cadeira na Alepe após o desempenho expressivo em 2024. Conta com apoio da governadora Raquel Lyra, do PSD estadual e do ministro da pesca e aquicultura, André de Paula. Sua campanha tende a explorar o legado administrativo e o discurso da oposição responsável.
Rafael Cavalcanti (MDB) – Ex-prefeito de Afrânio
Prefeito reeleito da cidade de Afrânio, Rafael Coelho deixou a gestão ao final de dezembro de 2024 com o sucessor eleito e uma avaliação positiva da população. Sua possível candidatura tem sido bem vista por lideranças do Estado, que enxergam nele a capacidade de representar e impulsionar o Sertão do São Francisco Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Análise: divisão de votos e disputa por espaço político
O número elevado de nomes locais pode resultar em fragmentação de votos – um fator que favorece candidatos com estrutura de campanha e apoio partidário forte. A situação mais delicada pode ocorrer no grupo da base governista: União Brasil pode ter Antônio Coelho, Diogo Hoffmann e Ricardo Coelho disputando o mesmo nicho.
Já no campo da oposição, nomes como Ronaldo Silva, Elismar e Lóssio tentam organizar um bloco mais coeso, enquanto Gilmar Santos, agora o principal nome da esquerda, busca consolidar o eleitorado progressista.
A direita bolsonarista também pode sofrer com sobreposição: Dhiego Serra e Lara Cavalcanti compartilham a mesma base ideológica e aguardam um possível direcionamento nacional do PL sobre candidaturas no Sertão.
A entrada de figuras populares como Odacy Amorim e a surpresa em torno de Carlos Britto devem adicionar imprevisibilidade à disputa. O que está claro é que Petrolina terá protagonismo em 2026 e poderá ampliar sua bancada na Alepe – ou vê-la diluída, caso os grupos não ajustem suas estratégias.