Pix completa dois anos com 70% população da bancarizada alcançada, mas é alvo de golpes

0
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. O meio de pagamento criado pelo Banco Central (BC) em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. É prático, rápido e seguro.

O Pix completa dois anos nesta quarta-feira (16) com 138 milhões de usuários cadastrados atualmente e uma movimentação financeira nos últimos 12 meses equivalente ao PIB do Brasil.

Segundo dados do Banco Central, 130 milhões de pessoas físicas —70% da população bancarizada— já fizeram pelo menos um Pix desde novembro de 2020.

O meio de pagamento também já foi utilizado por 11,4 milhões de pessoas jurídicas, o que representa 55% das empresas apontadas como ativas no país pelo Ministério da Economia.

O dado mais recente, de outubro deste ano, mostra 523 milhões de chaves cadastradas, como emails, CPFs e números de celular. Cada usuário pode ter mais de uma chave.

O Pix já se tornou o meio de pagamento mais utilizado no Brasil. Respondeu por 27% das transações realizadas no segundo trimestre, à frente dos cartões de crédito (20%) e débito (19%). Em termos de volume financeiro, representou 11% dessa movimentação, ainda atrás da TED (43%), das transferências interbancárias (21%) e dos boletos (13%).

Desde que foi lançado, foram realizados 26 bilhões de Pix, movimentando R$ 13 trilhões. Nos últimos 12 meses, são R$ 9,5 trilhões transferidos, valor que equivale ao PIB (Produto Interno Bruto) estimado pelo BC para o Brasil no período.

Transferências entre pessoas físicas representaram 67% das operações e 39% do dinheiro movimentado no mês de outubro. O chamado “business to business” respondeu por apenas 3% do número de transações, mas alcançou 37% do volume de recursos.

A movimentação entre consumidores e empresas aparece com 30% das operações e 24% da movimentação financeira no mês mais recente.

Entre os próximos passos do Pix estão a sua expansão para outros países e a possibilidade de fazer transferências internacionais. Colômbia, Uruguai e Peru já mostraram interesse em desenvolver uma ferramenta nos mesmos moldes.

No primeiro ano de funcionamento do sistema, os grandes bancos do país viram suas receitas de serviços de conta corrente caírem, mas o sistema também abriu novas possibilidades de negócios e ganhos, como a oferta de crédito para transações via Pix.

Segundo a Febraban (federação dos bancos), o Pix é aprovado por 85% dos brasileiros. Na avaliação da entidade, a ferramenta acelerou a revolução dos meios de pagamento no país.

Esse sucesso virou até motivo de disputa eleitoral neste ano, com os servidores do Banco Central criticando o discurso do governo sobre a paternidade da ideia, que começou a ser desenvolvida no governo de Michel Temer (MDB).

Junto com as facilidades criadas pelo Pix também surgiram diversos tipos de golpes e fraudes criados por quadrilhas especializadas, o que levou o BC e as instituições financeiras a elaborarem medidas para aumentar a segurança dos usuários.

Segundo pesquisa Datafolha realizada em junho, no estado de São Paulo, 30% acham a forma de pagamento nada segura, enquanto 47% a consideram um pouco segura.

Na maioria dos casos, os criminosos aproveitam da praticidade e agilidade da ferramenta —que permite transferências em tempo real— para fazer suas vítimas.

Há um ano, foi criado o mecanismo especial de devolução do Pix —que tem como objetivo reaver valores desviados por fraude ou golpe.

O BC pretende responsabilizar bancos que possuam contas laranjas —abertas por criminosos em nome de outras pessoas. Infratores utilizam dados de vítimas para abrir contas em bancos digitais, que são usadas para receber via Pix o dinheiro de outras pessoas que também são alvos de criminosos. (Folha de S.Paulo)